Liberté

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Neste capítulo elas irão para um show, vejam esse vídeo para saber das músicas e da ambientação.

Emma Swan

Foi uma infelicidade ter que me arrastar para fora das cobertas quentes ou até se afastar do corpo aquecido e nu de Regina que possuía um sono leve, mal se mexendo ou respirando, em profunda estática.

Levou pouco tempo para nos arrumar com algumas roupas que eu tinha deixado na casa, emprestando para a arqueóloga que fez uma careta ao andar pela casa com o cobertor já que suas próprias vestes estavam encharcadas da noite anterior. Regina despertava aos poucos durante o café da manhã, seus olhos vividos presos no meu rosto levemente abatido, nadando em preocupação que eu seriamente prezava e admirava.

Era sincero e palpável.

Corremos de volta para o nosso hotel para pegar nossas malas e já estar embarcando de novo, tornando meus ombros mais tensos do que já estavam, ainda mais ao lembrar do olhar afiado que Zahi nos deu ao ver a mão de Regina segurando a minha gelada com força.

— Acho que agora entendo sua tatuagem — A arqueóloga sussurrou, tentando não atrapalhar a leitura de Fiona a sua direita. Seus dedos brincavam com a minha mão, a virando de lado para deslizar a ponta da unha do indicador nos traçados finos e negros.

— Como assim? — Questionei, a cabeça leve pela tensão, flutuando longe do foco que deveria ser mantido na conversa.

— Quando estávamos no Egito, na comemoração do sucesso das escavações — Relembrou, não parando os toques, me puxando para a realidade — Você comentou sobre sua tatuagem ser a ver com a sua sexualidade, a mistura da força e fraqueza.

Soltei um suspiro ao lembrar de quando contei e outro mais pesado ainda ao me ver recordando o dia que havia decido eternizar algo na pele. A única tatuagem que recobria meu corpo.

Entrelacei os dedos aos de Regina antes de voltar a falar, deitando a cabeça na poltrona de lado para a encarar com mais clareza.

— Fiz um ano após mudar meu nome e perder o medo de viver a minha sexualidade — Expliquei devagar, meu polegar roçando o seu em uma carícia que me acalmava — Bom, pelo menos a metade do medo.

— Você já tinha a tatuagem em mente?

— Não. — Ri, usando a mão livre para colocar uma mecha do cabelo trás da orelha — Estava perto de terminar a faculdade e o Pub em que estavam todos os alunos em uma festa era dentro de um estúdio de tatuagens também. Apenas lembro de ver o desenho da palavra e amar a dualidade daquilo, que era exatamente como eu era.

— Forte e frágil? — Sussurrou, seus olhos escaneando minhas feições com curiosidade.

— Não, algo vil para os meus pais, maldosa e um veneno dentro da família deles. — Ri ácida, percebendo que Fiona ouviu a conversa por alto e decidiu colocar os fones de ouvido para dar privacidade — Porém eu ainda era uma mulher que gostava de outras mulheres, que provavelmente viria a amar uma em algum momento. E essa era a minha força, a coragem de ser quem é requer muita inteligência e amor próprio. E eu tive isso, era orgulhosa sobre.

— E por isso a tatuagem como símbolo?

— Algo assim — Ri de Regina ao revirar os olhos, porém a morena aliviou sua expressão para deitar a cabeça no meu ombro direito, respirando fundo.

— Sou orgulhosa de você também, Srta.Swan.

〽️

Pousar no Brasil após sair de um país que apenas chovia e congelava até meus ossos com vento frios era como receber um choque térmico, porém para a sorte de todos São Paulo estava um clima um pouco mais ameno, nem tão quente quanto o Cairo e nem frio com Londres.

VENENUMWhere stories live. Discover now