Limites

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Esse capítulo possui música:
Sweet - Dark Eye
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Emma Swan

Sair da Índia foi tão difícil quanto tirar a tinta de nossa corpos, o que tornou Archie muito mais mau humorado do que já estava quando rimos da sua incapacidade de se livrar de uma mancha azul na sua nuca, próximo à seu cabelo.

Para a minha sorte Fiona andava com demaquilante e as áreas que não consegui me livrar das manchas coloridas conseguimos resolver com poucos minutos usando do produto e um algodão qualquer, mesmo que Regina nos olhasse como uma criança que houvesse acabado de aprontar algo da qual não se arrependia.

Tivemos poucas horas dentro do país agitado, mas claramente as memórias iriam ficar quando me vi entrando no avião um pouco mais relaxada do que no voo que tivemos do Egito para Índia. Ao sentar na poltrona, sempre na mesma fileira que Regina e Fiona, a arqueóloga latina esperou com que todos estivessem acomodados antes de afastar o apoio do braço para puxar-me para si, ignorando que Fiona estivesse bem acordada próxima a nós duas, entretanto ao sentir seu toque no mesmo segundo que o avião levantou voo eu agradeci mentalmente o apoio que ela estava sendo.

Não era sua obrigação e mesmo assim o fazia.

Apoiei a cabeça em seu ombro, os olhos duramente fechados assim como meus dedos se fechavam em torno do celular que tocava música clássica através do fone de ouvido conectado. Poderiam gritar e seria impossível ouvir qualquer coisa, estava alto demais, cada trecho de piano e violino se sobressaindo de modo tão claro que seria possível visualizar a orquestrar ali, como se eu estivesse em um anfiteatro, apreciando uma das coisas que mais gostava de ver.

Os dedos de Regina deslizando pelo meu braço nu eram a única indicação que me prendia ao momento e diferente do que se pode imaginar, não me fazia mal. Era como estar ancorada em algo bom, inclusive durante o caos.

Antes que eu pudesse perceber já dormir graças ao efeito do remédio, sendo levada a nenhum sonho, apenas escuridão.

Chegar a Austrália nas primeiras horas da manhã depois de passar certo tempo no Egito e um dia na Índia era quase como um choque térmico, tudo se diferenciando, primeiro pelo inglês que flutuava por cada lugar ou até mesmo pelas cores mais sutis, sua tecnologia é natureza sendo coisas distintas e ainda sim sendo a beleza do local.

O nosso hotel, Hyatt Hotel, ficava alguns poucos quilômetros do aeroporto de Camberra, a capital do país, para a nossa sorte. Iríamos passar cerca de dois dias no local antes de seguir para a Rússia, adentrando o território europeu.

— Eu estou destruída — Fiona resmungou, tentando girar o pescoço um pouco mais — Nunca mais durmo no avião.

— Você dormiu hoje. — Regina pontuou, seguindo com a sua mala para próximo do balcão de recepção do hotel.

Hoje não conta.

Enquanto a morena procurava seus documentos para realizar o check-in olhei ao redor, ficando feliz ao perceber que estávamos em um lugar moderno e que ainda sim não perdia uma essência bela, delicada e não tão impessoal, o que era extremamente comum nos hotéis daquela Capital e que certamente não me agradava ao todo.

Meu contentamento deu uma pausa ao perceber que Zahi falava em seu telefone mais distante do grupo, gesticulando e demonstrando sua insatisfação com algo. Cruzei os braços sob os seios, analisando cada um dos seus movimentos, sabendo que o homem se equivalia a um bicho ardiloso, escorregadio, mas acima de tudo; perigoso.

VENENUMWhere stories live. Discover now