Jahannam

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Emma Swan

Meus arregalaram em uma leve surpresa, o que tirou um pequeno sorriso da morena atrás do volante, aparentando satisfação. O carro ultrapassou a cancela que havia na entrada do museu, onde Regina cumprimentou o segurança que liberou nosso acesso, parecendo conhecer bem o mesmo.

Respirei fundo antes de descer do automóvel, tentando lembrar a mim mesma como agir com calma e não perder todos os bons costumes por conta da minha empolgação crescente e quase infantil. De modo interessante, aquilo representava muito sobre minha profissão, pois assim como aprendi, seria sempre necessário ter pelo menos dois mil anos na mente, conhecer a história profundamente, além da grande paixão de cavar milhões de ângulos para compreender as facetas sobre momentos que marcaram ou mudaram a humanidade, até transmitir a todos minha percepção. E por isso entrar ali, pela parte traseira, como profissional e não turista era como tirar um dos meus sonhos do papel.

Parei em frente a lateral da grande construção em cor salmão um pouco desgastada, pensando sobre a importância que aquilo teria, mas não deixei de captar Regina parando ao meu lado. Seus olhos percorreram meu rosto com insistência, parecendo analisar minha expressão quando a encarei.

— Vamos? — Questionou baixinho, parecendo ter um receio de interromper meus pensamentos agitados.

Apenas concordei com a cabeça, em silêncio. A arqueóloga caminhou confiante por um segundo, mas estancou repentinamente, o que por um segundo me fez parar antes de que eu esbarrasse em seu corpo com força. Regina virou-se para mim com um pequeno olhar que me confundiu, porém não questionei quando a mesma ergueu seu dedo, pedindo um segundo.

Fiquei parada onde estava, mas não me proibi de seguir a mulher com os olhos, observando seus passos rápidos atingirem seu carro outra vez. Troquei o peso de uma perna para a outra ao cruzar os braços, curiosidade me tomando ao poucos quando Regina capturou um lenço preto, andando novamente em minha direção ao ajeitar o mesmo por sob os cabelos negros e curtos, o transformando em um hijab, tradicional às mulheres islâmicas.

Meus olhos provavelmente brilhavam ao ver a historiadora se transformar em uma versão sua mais pessoal, mas ainda sim exposta ao mundo, com orgulho e respeito. Não sabia se ela era adepta do Islã, porém era um ato de bravura escolher demonstrar sua fé ou apenas respeitar o que quer que estivesse lá dentro, levando em conta episódios tão famosos de preconceito ao redor do globo.

A blusa preta de gola longa e mangas que a cobriam até o pulso se mesclaram ao pano enrolado em seus cabelos com cuidado, porém a calça de cintura alta bege pantalona presa com um cinto na cintura destoava do que se era tradicional, dando uma modernidade a morena. Um sorriso cruzou meus lábios sem receio algum, o que foi perceptível para Regina que tirou seus olhos distraídos do chão para o meu rosto, espelhando minimamente meu gesto ao terminar de ajeitar seu lenço.

Apontei com um braço para que a arqueóloga passasse em minha frente, sendo prontamente atendida pela mesma que me guiou através de uma grande porta de madeira. Cruzamos alguns corredores com tranquilidade, o que me fez refletir sobre a aparente segurança falha do lugar que habitava coisas tão preciosas não só historicamente, mas inclusive financeiramente. O busto de ouro puro de Tutankamon que o diga.

— Como funciona a segurança daqui? — Questionei baixo, percebendo que o ambiente poderia emitir eco.

— Perdão? — Regina me olhou de lado, não deixando de andar para prestar atenção a mim.

— Apenas percebi que nossa entrada foi tranquila e não há ninguém nas portas impedindo de que entremos além do liberado — Expliquei um pouco mais alto. — Não esperava por isso, para ser sincera.

VENENUMWhere stories live. Discover now