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Esse capítulo foi dividido em dois e para a alegria de quem acompanha irá sair mais um no sábado.

Emma Swan

Regina era inteligente, perspicaz e perigosamente bela para uma pessoa que não soubesse muito bem separar as coisas e naquele exato segundo que eu encarava a janela do meu quarto do hotel ao amanhecer havia a percepção de que talvez eu estivesse próxima de ser a criatura que cometeria a bobagem de não saber separar muito bem as coisas.

Um arfar de cansaço escapou dos meus lábios ao refletir mais sobre a noite anterior, sobre como em um segundo parecia que Regina estava flertando comigo com palavras subentendidas e no próximo segundo voltando a sua tranquilidade tradicional e certamente enganosa. Passamos o resto da noite conversando sobre trabalho, tornando o assunto tão interessante que quase me esqueci das suas pernas desnudas ou sobre como foi tocar sua pele para ajeitar a alça do seu vestido. Mas, minha mente não era tão relapsa assim e eu havia uma ótima memória, ainda mais quando se tratava de sentidos físicos.

Prendi meu cabelo em um amarrar bagunçado, apenas aceitando de que não havia muito mais o que fazer, apenas observar o que a arqueóloga iria levar para frente. Meus grandes receios desde o início ao vim para o Egito era ultrapassar os limites pessoais de qualquer uma das pessoas que trabalhassem comigo, pois eu tinha sim noção que a grande maioria poderia ser muçulmana e conhecendo bem a religião eu entendia que havia certas coisas que poderiam serem vistas com olhares tão chocados e recriminatórios que qualquer fala ou movimento meu era bem pensado.

Quando vi Regina pela primeira vez não fiquei alheia a sua beleza, seus trejeitos ou sua inteligência, mas coloquei tanto na minha cabeça que era apenas mais outra companhia de trabalho que simplesmente deletei a possibilidade, por mais remota que fosse, de que talvez ela me olhasse com outros olhos, porém agora todas as minhas ideias e certezas caiam por terra.

Eu a respeitava, respeitava suas vivências, mas não tinha a mínima ideia sobre como lidava com sua vida, com seus dilemas. Regina Mills parecia um monte de fios de ouro enrolados, tão complicados e trabalhosos de serem desatados e com um padrão que quase podíamos nos esquecer do seu valor.

Suspirei antes de sair do quarto, segurando minha bolsa com materiais na mão, optando dessa vez por usar roupas com tons mais fechados, por mais que o calor me cozinhasse. A calça branca de cintura alta de linho e blusa verde musgo de botões me deixavam confortável e respeitosa na medida do possível.

Porém eu queria correr nua de tanto calor toda vez que pisava no local das escavações.

Andei pelos corredores do hotel quase deserto, ficando feliz de ser uma das poucas almas vivas passeando fora do próprio quarto. Era quase a sensação de estar sozinha em um ambiente incrível, com mil coisas escondidas ali, entretanto minha tranquilidade deu lugar ao sentimento confuso de esbarrar com Regina ao sair do elevador.

Minhas mãos automaticamente seguraram os ombros da latina, escutando seu arfar pela surpresa do susto, seguido de uma risada leve ao perceber que era eu a pessoa a ter quase a derrubado no impacto.

— Swan, ainda não são sete da manhã e já quer me impossibilitar de trabalhar? — Questionou, rindo e se afastando aos poucos.

— Sinceramente, srta. Mills — Ironizei seu sobrenome, revirando os olhos — Você que se jogou na minha frente. Se fosse para te impedir de fazer seu trabalho eu teria outros planos muito melhores.

A morena arqueou uma sobrancelha, cruzando os braços enquanto me encarava, ironizando das minhas palavras sem precisar dizer nenhuma outra.

— Ah, é? E qual seria esses seus planos?

VENENUMWhere stories live. Discover now