Flamejar

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Esse capítulo possui música, que é Pineapple - Karol G e está na playlist.

Playlist:
https://open.spotify.com/playlist/6RzN1WiEym9solX1Ek03NN?si=8P7_VgVdRUy-CLJyE0tVmw&utm_source=copy-link&dl_branch=1

Emma Swan

Por todos os cenários que cruzaram minha mente na primeira semana em que cheguei no Egito, o último imaginável era o atual e para ser extremamente sincera, ainda estava em dúvida sobre o que esperar do mesmo. O nome Farsha brilhava acima da porta de madeira amarelada embaixo de lâmpadas Árabes espalhadas por todos os cantos possíveis. O ambiente, que Regina me descreveu brevemente no caminho de carro, era algo como um choque cultural cru demais, aparentando ser até um cenário de filme americano.

As cores eram atrativas logo de cara e quando a morena do meu lado andou sem hesitação para dentro do estabelecimento não pude deixar de seguir, observando através dos corredores as pinturas egípcias, os estátuas de faraós ou até mesmo as almofadas e puffs espalhados em uma área que servia como um "salão principal", se é que podíamos chamar assim.

Ei estava obcecada com a ideia de um restaurante, café, Pub ou boate, fosse o que fosse, no meio de um deserto afastado do centro da cidade do Cairo. O estabelecimento não tinha "mountain lounge" por engano em seu nome, realmente haviam bangalôs se construindo pedras acima, em um empilhar tão complexo que duvidava que fosse compreensível.

Entretanto, havia um porém absurdo ocupando minha mente, nublando meus olhos como se estivesse rendida aos efeitos de alguma droga entorpecente e talvez eu pudesse chamar aquilo sim de droga. A imagem de Regina em meio ao lugar me fazia refletir sobre como a mesma se encaixava tão bem no lugar, desviando das mesas baixas com tanta propriedade que qualquer um nunca diria que a mulher havia nascido em um país latino.

A arqueóloga tinha a pele do seu rosto quase em dourado graças às luzes, seus olhos marcado por um delineado de sombras negras com tanta força que apenas um olhar bastaria para cortar intenções ao meio. Os traçados que sua maquiagem recobriam eram levianamente egípcios e só seriam bem feitos por um alguém crescido na cultura o suficiente para se considerar natural daquela terra tão peculiar e curiosa.

Quando Regina me propôs que trocasse de roupas não refleti o suficiente, apenas segui seus conselhos, trocando as vestes por uma calça negra de cintura alta de linho e corte reto, alongando meu corpo, fazendo conjunto ao blazer feito na medida para meus ombros e extensão de braço. Divaguei em frente ao espelho se o cropped rendado e "aberto" demais poderia soar vulgar, porém descartei a ideia ao lembrar que estaríamos indo a uma boate que apenas os estrangeiros e locais mais "livres" frequentariam.

Pensei que minha roupa chocaria Regina, mas eu não poderia estar mais errada. A pessoa chocada, sem dúvidas, havia sido eu. Quando meus olhos bateram na figura usando uma jaqueta e calça de couro de cintura alta, saltos finos e uma blusa negra que era quase uma segunda pele minha mente explodiu em milhões de pedaços desconexos.

A mulher era a mistura exata da elegância e perigo despojado.

Achei que iria superar a visão na recepção do hotel ou durante o caminho até o local indicado, e até mesmo superei... Por um tempo. Havia algo na pele oliva da arqueóloga que me soava em um nível de pecado líquido a cada vez que entrava em contato com luzes amareladas que me fazia questionar se a textura seria realmente como ouro quente e enegrecido.

Suspirei profundamente, acalmando um pouco das minhas divagações, seguindo Regina pela bela bagunça que era o lugar, me questionando se aquilo seria uma boate egípcia na visão da acadêmica. Sentei no sofá baixo em frente a mesma, quieta ao ver suas mãos se erguendo para retirar a jaqueta de couro antes de acenar para um dos garçons que caminhavam pelo local em roupas mais formais, como as abayas masculinas, em tons neutros.

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