21. A música tocada na ópera anuncia: Fantasmas sorriem.

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#MorceguinhoCerejinha

Salas de aulas me sufocam ou eu estou tão fora de minha mente que não consigo focar em absolutamente nada? De qualquer forma, não é aqui que eu gostaria de estar.

Eu precisava de minha cama, meu cobertor e boas doses de besteiras, mas estrou no colégio, lidando com um dia chato de aula. A parte boa disso é ter como companhia Jin e Hoseok, Vante faltou. O que é sinistro. O Avatar nunca falta. Talvez o baque do término de sua amizade colorida com Rosie tivesse sendo uma tormenta para ele, honestamente, a essa altura do campeonato eu entendo completamente como é não se sentir bem mentalmente e fisicamente quando seu coração está machucado.

O azulin tem meu total apoio.

Checo a folha branca do caderno, soltando um suspiro profundo. Não copiei nada, nem uma anotação eu fiz para fingir presença. É uma droga ter dias ruins, e é uma droga que tenhamos que nos acostumar a tê-los.

O sinal toca, despertando-me de meus devaneios. Encaro o quadro que agora é totalmente apagado por um aluno qualquer e não deixo de pensar que perdi a matéria, ah, que merda. Solto um muxoxo, fechando o caderno.

— Não esquenta, Chim, depois te passo os exercícios. — Hoseok toca meu ombro ao sentar na cadeira a frente de minha mesa. — Como está se sentindo?

— Um poço de tristeza. — Respondo de imediato. — Achei que a dor mais forte fosse ser ontem, mas me enganei. Hoje está ainda mais, acredito que durará por algum tempo.

— É tudo uma questão de costume, Ji. — Seokjin ocupa o lugar vago ao meu lado. — Você gosta dele e acabou de se decepcionar, leva um tempinho até assimilar o fim.

Sacudo a cabeça em concordância, optando por não ir em frente com o assunto. Qualquer oportunidade de não mencioná-lo eu agarrarei com forças, é simples, embora doloroso. Não quero pensar sobre meu coração pertencer a alguém que tripudiou em cima dele.

Eu só quero chorar e beber cerveja.

— Nós vamos até a coordenação, quer vir conosco? — Hoseok indaga, aproveitando a ausência do professor de física.

— Podem ir, ficarei aqui.

Eles se despedem e deixam a sala pouco movimentada, os alunos escapolem para fora uma vez que o professor ainda não compareceu.

Em contrapartida, eu levanto de minha cadeira e caminho pela sala, fitando inevitavelmente a carteira de Jungkook. Ele não veio à aula, assim como Namjoon, Yoongi e Lisa também não vieram.

Não que eu me importe, eu só... Importo-me para um caralho.

Droga, como eu me importo com Dândi. Eu me importo tanto que me sinto um completo besta por isso.

Contorno meus lábios com a ponta de minha língua ao que visualizo a mesa vazia que pertence a Jeon, locomovo-me até ela e ocupo a cadeira. Encaro a mesa limpa de materiais e apoio meus braços nela para servirem de suporto quando afundo meu rosto em minhas mãos, resmungando baixinho.

Cacete, como eu sinto falta de Dândi.

Droga, como dói não tê-lo por perto.

Merda, como ele pôde arruinar com tudo?

Caralho, como é possível que eu não sinta ódio por ele? Como é possível que eu pense sobre o motivo pelo qual escolhi romper com ele e não sinta tremor, decepção e até mesmo não me sinta traído?

Por incontáveis vezes eu desejo amaldiçoar seu nome, xingá-lo aos quatro cantos e expor um pouco do que sinto, mas por incontáveis vezes eu almejo tê-lo de volta para mim. De volta aos dias em que passávamos implicando um com o outro por roubo de crucifixo, jaqueta e bandanas.

ROCK MÁFIAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora