33. Ruivinho danado.

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#MorceguinhoCerejinha

Una settimana e tre giorni dopo.

— É um passo importante, singular e significativo, querido.

A palma suave de mamãe desliza pelo smoking bem passado e ajustado em meu corpo, contornando-o conforme disparava sorrisos amorosos em minha direção.

Em frente ao espelho, como tantas vezes antes estive, eu encarava meu reflexo, os mínimos detalhes de minha aparência, os gestos singelos que eu fazia quando erguia a mão para que minha progenitora tocasse minha vestimenta, insistindo em garantir que tudo estava perfeitamente alinhado, como tinha de ser.

Suspirei fraco, guardando o meu mais profundo respirar para o decorrer da noite, ela havia acabado de nascer, seria longa.

Afinal, chegou o dia do baile de formatura, este que viria logo a seguir da distribuição dos diplomas, finalizando, por definitivo, o meu ciclo no Ensino Médio. Era estranha a sensação de encerrar algo, de bater o martelo e determinar o encerramento de uma etapa decisiva em minha vida. Foram longos e, em minha mente, pareceram intermináveis anos. É louco como eu posso olhar para trás e vê-los como se estivessem em uma curta distância um do outro.

Agora era para valer.

Resisto um pouco mais na frente do espelho, observando o anel em meu indicador. Havia uma agitação fora de meu quarto, estendendo-se do quarto de Jihyun para todos os outros cômodos. A Pink Hat estava agitada, perambulando em animação pela residência. Os garotos tocariam no baile, deixando enraizado que a banda de garagem veio para ficar. Eu os vi nascerem, sou o maior fã. Mal posso conter o orgulho que sinto.

— Eu sei que é somente a minha formatura, mas, a senhora acha que o papai estaria orgulhoso? — Indago, volteando meu olhar para a Park.

— Bem, ele diria que você não fez mais do que a sua obrigação... — Refuta, finalmente terminando de analisar a minha roupa, mamãe suspira e segura meu ombro, tocando meu queixo com sua unha curta. — Mas não deixaria de estar orgulhoso, meu anjo, você sempre nos deu o maior orgulho em cada passo dado, dessa vez não seria diferente. Por que haveria de ser, hein?

— É neurose minha, mamma. Não há motivo, eu só me pergunto diariamente se ele estaria orgulhoso de todos esses meus passos, principalmente os do futuro.

— Ele está olhando por você, é quem guia, junto a Deus, o seu caminho. Possui orgulho agora, possuirá futuramente. Creia nisto. — Replica, encerrando o tópico quando se afasta e procura por algo, até então, desconhecido por mim. — Onde está seu crucifixo?

— Na gaveta de minha cômoda. — Indico.

— Ótimo, use-o. Estará ao lado de seu pai. — Um sorriso simplório é oferecido por minha mãe. — Esperarei por você lá embaixo, não demore.

Assinto lentamente, observando enquanto mamma deixa meu quarto e encosta a porta, sumindo por completo de minhas vistas. Ansioso, agora eu respiro fundo, e o faço inúmeras vezes, exercitando meus pulmões e decorando possíveis exercícios de respiração. Multidões e eventos escolares me deixam ansioso. Em vista de um último suspiro, locomovo-me até a cômoda, abro a gaveta e retiro de lá o meu crucifixo. O qual eu coloco em meu pescoço, toco a cruz e dedilho-a carinhosamente, recordando-me de meu pai.

Meu pai. Eu sentia a falta dele, sentia muito. No entanto, nunca me forcei a me habituar ou me acostumar com sua ausência, pelo contrário, sempre me permiti enfrentar emocionalmente o que a sua morte me causaria. Lutei contra uma depressão, contra a ansiedade por bater de frente com o mundo sem ter a minha maior força aqui, para me defender. Eu tinha, parcialmente, orgulho de quem vim me tornando após o falecimento dele, me agarrei ao que ele me ensinou durante a vida, aos propósitos e razões que o fizeram não estar mais aqui.

ROCK MÁFIAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora