31. Zorak Bevon.

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Observação: Capítulo com violência física explícita.

#MorceguinhoCerejinha

Dândi.

Se o relógio funcionava, eu não me dava conta, porque as malditas horas pareciam não passar. Como um lunático, eu acompanhava o tilintar do objeto, tudo que partia dele eram ruídos lentos, ocasionando em mim uma irritação profunda.

Eu estava prestes a entrar em colapso.

Nervoso, eu estava acomodado no sofá marrom, afundado a ele enquanto minhas palmas tremiam em conjunto ao tique de minhas pernas. Uma grande passeata envolvia meu corpo, fazendo dele um templo para a ansiedade que, até então, eu não me via sendo capaz de sentir.

Sentia-me frustrado, e nem mesmo a bebida quente que me fora servida por Aurora ajudou em algo. Essa merda fodida mexia com a minha mente, usurpava dela e, como um veneno, me consumia por inteiro, sem deixar que algo ou alguém pudesse me salvar. Essa droga é resultado de meus próprios sentimentos e emoções, estou aprisionado aos meus devaneios, é um método de tortura comum para seres humanos, não é diferente para nós imortais.

Particularmente, temos algumas fatídicas tribulações em similar.

— Você não tomou do chá, ele esfriará e ficará péssimo, Daniel. — Por vezes, Aurora tendia a ser como um fantasma, surgindo em aparições sutis. — Beba um gole.

De onde eu estava, a vi parada no canto da porta, segurando uma xícara em comum a minha. Sua cabeça pendia para o lado, quase se apoiando à parede, seus olhos castanhos procuravam resquícios de um possível surto em meu rosto abarrotado pelos queixumes que tenho proferido desde o fim da Consumação de Espécies.

— Não descerá. Estou sem apetite ou sede. — Cortei a chance que ainda lhe restava de me ver ingerindo algo que não fosse ódio. Através de minha resposta, tomo como ato jogar meu corpo para trás, com minhas costas sendo recebidas pelo conforto do estofado. — Que puta merda fodida do caralho.

Praguejar baixinho tornou-se um hábito recorrente uma vez que tudo me levava a questionar as razões pelas quais eu ainda possuía o desejo de tentar me mover num ritmo diferente do que me era proposto. O caminho dizia que eu deveria o seguir, no entanto, sempre tomando como fundamental a minha escolha, acima de qualquer porra, eu acedia à outra direção.

É por isso que eu sempre, sempre, sempre me arruinava.

Rumos opostos ainda nos levam ao nosso principal objetivo. Eu tinha isso em mente desde que voltei a terra, desde que me vi tendo que me aclimatar a minha nova existência, ao que me fora concedido – embora sem o meu consentimento, e a novas merdas imprevisíveis que eu teria de engolir por ser um vampiro de vitalidade. Tenho para mim que mudar direções para se sobressair perante aos próprios objetivos tornou-me um rebelde, se visto por olhos alheios.

E toda essa rebeldia me trouxe ao momento em que estou agora, nesse momento, assistindo de braços cruzados enquanto Jimin está no quarto, passando por uma longa sessão de feitiçaria.

Uma vez que me sinto mal por vê-lo assim, uma vez que meu desespero – embora tivesse a compreensão de que o garoto não morreria, era avassalador fez com que não me permitissem ficar no quarto. Alguns fatores bordam e me pintam como um cara estourado, eu me sentia na obrigação de dar palpite em tudo. Desejo apenas o melhor para Jimin, contudo, em algumas merdas eu não posso interferir. Não quando elas não são minhas.

Essa porra de não ter o controle de tudo ainda me causará danos extremos, porque eu sinto a necessidade de estar seis passos à frente, independente da causa ser minha ou não. Ter de me parar, de sufocar meu ego e problemas pormenores ainda era uma tarefa árdua. É quase como abraçar meu pescoço e tentar uma maneira de me apagar eternamente; insolúvel.

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