32. Paciência para contar estrelas.

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Só mais uma semana e esse inferno terminaria.

Encarando fixamente o quadro com exercícios de álgebra, eu movi meus lábios um contra o outro, molhando-os conforme escutava o tilintar da ponta da caneta atingindo a carteira na qual eu me encontrava afundado, fingindo prestar atenção no que era escrito na lousa.

Ter de me enfiar no colégio e finalizar o ciclo até a formatura em meio ao caos que minha vida se encontra me faz pensar no quanto eu me faço de sonso para certas merdas que me atingem. Qualquer indivíduo em sã consciência buscaria um meio de ausentar-se do mundo para tentar recuperar um pouco da coragem para enfrentá-lo, eu, pelo contrário, não me recuperava ou tentava, simplesmente seguia minha vida como se o mundo, bem atrás dela, não estivesse se desmoronando em chamas.

Suspiro, abrindo meus olhos e arregalando-os para tentar despertar de meus devaneios desconexos. Se me permitir, ficaria em meio a eles por todo o resto de minha existência. Ela não é tão longa assim.

Ajeitando-me na cadeira, eu desvio o olhar para Seokjin, que ocupa a carteira da fila ao lado, está copiando o que o professor passa – de algum modo, ele está sendo obrigado por si mesmo a bancar o bom aluno. Kim possui o lema clichê e básico de todo aluno que fica em recuperação logo que as aulas estão para acabar: — Quem passa direto é ônibus, vem recuperação.

É o que ele murmura quando me pega o encarando, assim como o faço com seu caderno e sua escrita rabiscada e inelegível. Um bom porte para médico ele tem, isso eu não posso negar.

Esboço um sorriso divertido, acenando em negação ao que me fora dito. Não posso julgá-lo, nem mesmo desejo. Fiquei de recuperação em matemática e isso me rendeu – ontem, em boas horas matutando a minha cabeça com testes que a professora havia passado para que eu atingisse a nota necessária.

Cada um com seus problemas estudantis.

Abro meus braços e me espreguiço, puxando em seguida meu celular para checar o horário, suspiro frustrado, um pouco mais de meia hora até que essa aula sem graça acabe. De antemão, eu estou entediado, contudo, viro-me para Hoseok quando este me cutuca, está sentado em dupla com Taehyung, copiando tal como Jin.

— Nós precisamos tirar um dia para escolher nossos smokings. — Informa, alternando o olhar entre todos os presentes.

— Fala sério, ainda tem isso? Porra. — Jin murmura, largando a caneta para poder se lamentar com as mãos tocando o próprio rosto.

— E você pretendia ir como ao baile de formatura, hã? — Seok questiona, encarando o Kim mais velho.

Seokjin, em contrapartida, indica a vestimenta que portava, pontuando-a como uma boa peça de roupa para o baile dos formandos. Engraçada foi a expressão abismada que partiu de Hoseok ao ver que Jin parecia certo do que apontava.

— De qualquer forma, Hoseok está certo. — A voz de Tae preenche a sala, embora esta esteja recheada de tantas outras vozes. Ninguém para quieto. — E precisamos fazer isso logo, sem essa de deixar tudo para a última hora.

— Sendo franco, já é a última hora. Falta somente uma semana. — Hoseok refuta.

— Marquem o dia, o horário e me informem. Darei um jeito de faltar. — Jin declara, dando a nós uma piscadela.

— Hoje, depois do almoço. — Hoseok declara. — Tudo bem para vocês?

— Sim, combinaremos direitinho por mensagem. — Digo, segurando um riso pela careta desanimada de Jin. Ele sempre odiou fazer compras.

Volto a agarrar meu celular assim que percebo o surgimento de uma notificação na barra central, deslizo meu dedo pela tela e olho por cima, vislumbrando o recado de Dândi.

ROCK MÁFIAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora