23. O lago e a profundidade de suas memórias.

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#MorceguinhoCerejinha

Acontece que Hoseok só teve tempo de vir à minha casa quatro dias depois de minhas mensagens.

Nós gastamos os últimos dias em testes e provas. Nenhum outro assunto circulou por nosso grupo, mantivemos foco e seriedade em nossos compromissos escolares. Por quatro dias infernais, fiquei com a cara enfiada nos livros, garantindo que minhas notas fossem boas. Muita reza, muita leitura.

Que Deus tenha piedade de minha alma.

Sendo honesto, eu acredito que ele tenha tido, mas usou de sua bondade para me dar um pouco de descanso físico e mental. Jennie receberá alta hoje, estando completamente bem e saudável para retornar a sua casa. Então, o jantar de boas-vindas à líder de torcida seria hoje.

No caso, daqui a três horas, mais precisamente.

É por isso que estou junto a Hoseok, jogados na cama enquanto ele lê sobre um artigo aleatório e eu troco mensagens com Taehyung, o Avatar voltou a gravar vídeos para seu canal no youtube. Está animado, gravará parte da recepção a Jennie. Sinto-me imensamente contente com Tae se reerguendo, após toda a turbulência pela qual passamos ele acabou se afastando da vida que tinha antes. Na realidade, todos nós. Acredito que nenhum tenha conseguido voltar ao que era antes de tantas merdas acontecerem.

Isso vai do acidente de nossa amiga a problemas pessoais. Tudo desandou em conjunto.

— Joguei no Google mapa o ponto de referência da casa da Jennie e, porra, ô lugar longe do cacete. — Hoseok resmunga, movendo o celular para que eu checasse a informação. — Ela não mora, se esconde.

Sorrio sem humor, passando os olhos pela tela do telefone.

— Rosie contou que os pais dela se sentiram mais seguros em optar por essa casa. Ela é afastada da cidade, faz divisa com a floresta, não é? — Questiono, voltando minha atenção ao chat com Vante.

— Sim, ela faz. — Pausa. — Seguros numa casa que faz divisa com uma floresta? Caralho, que conceito sinistro de segurança. — Murmura.

— Eu também não entendi a lógica, mas levo em conta o quão rápido eles se mudaram da antiga mansão, acho que só pensaram em meter os pés para longe daquele lugar. É aquele momento no qual você não se importa muito bem com a segunda opção, só se agarra a ela. — Explico meu ponto de vista, balançando meus pés que estavam para o alto enquanto minha barriga estava afundada no colchão. — De qualquer forma, essa nova mansão parece ser incrivelmente linda.

— Eles têm bom gosto, não podemos negar. — Acrescenta. — Mas é aquele mesmo papo, Chim, casa afastada é sinônimo de confusão. Quer pagar para ver?

Quando seu olhar encontra o meu, percebo seu cenho franzido. Sacudo minha cabeça em negação, fugindo de teorias que envolvam mais problemas ao meu grupo de amigos.

— De jeito nenhum. — Faço uma careta. — Não basta a minha vida ser uma eterna confusão? — Indago, encabulado em como se tornou bagunçada. — Estou correndo de dores de cabeça.

— Por falar em vida, quer me contar o que sonhou? Você fez um alarde por mensagem, mas quando nos víamos no colégio mudava de assunto e nada lhe fazia abrir essa boca de sacola, percebi que é bem íntimo e, para ser realista, vindo de Atthis deve ser mesmo.

É estranho como todos a minha volta são habituados a citar naturalmente o nome do rapaz ruivo, mas eu permaneço bloqueado para isto. Se há um botão em que devo apertar para pular de fase, eu ainda não encontrei ou talvez esteja estragado.

ROCK MÁFIAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora