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Deixei a Karla o dia inteiro trancada, lá na casa tem tudo, comida, água, tv, então fome ela não ia passar, já são quase 1 da manhã quando chego em casa, ela ainda tá com a mesma roupa, só que dormindo, a tv tá ligada, nem aguentou o tédio e dormiu.
Tomo um banho e ascendo um fino pra relaxar a mente, quando vejo ela se remexer na cama, acorda toda descabelada, me ver mais continua calada, tentando se ajeitar por alí, vai até a mochila e pega alguma coisa que não presto atenção, e vai em direção ao banheiro do quarto.
Fico aqui pensando que agir na emoção, nem devia ter feito isso, vou tentar conversar com ela numa boa e amanhã mando ela pra casa, era só um susto mesmo que eu queria dar.
Depois de um tempo pego o celular e peço uma pizza, ela sai do banheiro pedindo pra mim sair do quarto.
Karla:
- Por favor Fernando, você pode sair enquanto eu me troco.
Ela nunca me chamou de Fernando, soou estranho.
Nando:
- Saio nada aí.
Ela bufa de raiva mas não bate de frente e volta pro banheiro.
Sai de lá com um vestido e mexendo nos cabelos, sai do quarto e eu vou atrás dela
Nando:
- Tá com fome? ( Perguntei)
Karla:
- Como se você se importasse.
Nando:
- Tô querendo saber pô!
Karla:
- Nando já deu né, você já conseguiu me intimidar, me amedrontar, eu já entendi que é você quem manda, agora você já pode me deixar embora, por favor!
- Não vou te aborrecer mais, eu prometo, só me deixar ir por favor.
Respiro fundo e passo a mão no rosto.
Nando:
- Então cê tá pedindo desculpas?
Karla:
- Sim Nando me perdoa por favor! Deixa eu ir pra minha casa.
Balancei a cabeça pensando e o entregador chegou com as pizzas, desci pra pegar e quando voltei coloquei na mesa.
Nando:
- Come aí, sei que tá com fome.
Sentei na mesa e ela também, olhei pra ela e só mandei a visão.
Nando:
-A intenção era só te assustar, pra tu aprender a respeitar, tu me xinga, enquanto tentei ser firmeza contigo, e na moral isso é raro acontecer.
Karla:
- Eu te respeitaria mais se você me procurasse pra conversar assim, mas reconheço que me alterei, me desculpa!
Nando:
- Tá pedindo desculpas porque tá aqui como minha refém, foi preciso eu fazer isso pra tu reconhecer que errou também.
Karla:
- Nossa Nando!
Nando:
- Nossa nada, ninguém te respeita se tu não agir, falar até papagaio fala.
Me levantei da mesa, pegando minha camisa.
Karla:
- Onde você vai? Por favor não me deixa aqui sozinha de novo.
Nando
- Só volto amanhã!
Karla:
- Por favor Nando!
Saio batendo a porta.
....

Karla 🤍✨

São 9:30 da manhã e nada do Nando, isso tá me torturando, ficar aqui trancada sem comunicação com ninguém, fico pensando na minha mãe, e as lágrimas descem automaticamente, vou até o banheiro tomo um banho e resolvo vestir um shortinho mole com uma camisa do traste pq eu não vou ficar de sutiã me prendendo, não mesmo!
Faço um coque no cabelo, enquanto penso no que vou fazer, mexo no armário da cozinha pra ver se acho algo.
Achei café, vou passar porquê enfim café é vida, pelo menos pra despertar um pouco,
Ele não tem muita coisa aqui, mas vejo um pacote de pão , e abro a geladeira tem queijo e Danone e água, mais nada.
Vou até a sala ligar a Tv enquanto o café tá no fogo e ouço o barulho de chave.
Penso comigo : É ele!
E realmente era, liguei a tv e dei de costas voltando pra cozinha.
Ele se joga no sofá, e fica olhando a TV, resolvo perguntar se ele quer tomar café.
Karla:
- Vai tomar café comigo?
Ele me olha com uma cara de sono e nem responde o que eu perguntei .
Nando:
- Falei pra você trazer suas roupas.
Karla:
- Mas eu quis pegar essa camisa ( falo rindo sarcástica)
Mas ele não liga, se levanta pega um Danone na geladeira e uma torrada do prato, se joga no sofá novamente, e eu me sento na mesa pra comer e o silêncio reina, a não ser o cara do jornal da tv falando.
Quando percebo o Nando já está dormindo no sofá, pego as coisas que sujei e lavo, depois de terminar pego o controle da tv e diminuo o volume e vou pra varanda do quarto tomar um ar, o tédio reina, mas eu tenho uma ideia de tentar pegar o meu celular ou o dele do bolso da bermuda enquanto ele dorme, mais esperto do que eu ele não está com o meu, só com o dele e quando quase consigo tirar ele se mexe e eu me atrapalho acabo caindo em cima dele, fazendo ele acordar assustado.
Nando:
- Tá maluca porra! ( Fala irritado)
Karla:
- Desculpa eu tropecei
Ele olha pro bolso enquanto eu me ajeito e saio de cima dele, e ele percebe que o celular dele tava quase saindo, então sacou tudo.
Nando:
- Posso dar bobeira com vc não né! ( Resmunga)
E eu tento disfarçar, ele pega o celular e estica em minha direção.
Nando:
Liga pra tua mãe e põe no auto-falante!
Karla:
- É sério?
Nando:
- Faz logo antes que eu me arrependa.
Começa a chamar e minha mãe atende, começo a chorar não consigo falar direito, falo pra ela que tô bem que ela não se preocupe, que eu tinha errado mas que logo estaria em casa, falei exatamente o que o Nando mandou eu falar, mas com pouco tempo ele toma o celular da minha mão e desliga a ligação.
Karla:
- Você é um grosso , não deixa eu falar com minha mãe direito.
Nando:
-  E você é ingrata.
Não aguento começo a discutir com ele
Karla:
-Seu desgraçado, filha da puta!
Quando falo isso ele vem com tanto ódio e me dá um tapão gritando.
Nando:
- Me respeita porra.
Começo a chorar e ele sai fechando a porta na chave.
...

Depois de eu chorar muito, a noite tá caindo já e eu ouço o barulho novamente na porta, tô deitada na cama e nem faço questão de me levantar, me encolhi na cama, eu tô arrasada, ele realmente tá conseguindo destruí meu psicológico.
Ele se aproxima da cama e se senta quando começa a pronunciar algumas palavras que não fazem a diferença pra mim.
Nando:
- Perdi minha cabeça com você!
- Vacilei caralho, vacilei!
- tô ligado que não quer nem me olhar, tá com razão.
Ele se levanta e vai até varanda, sinto um cheiro forte, tá enchendo a mente de maconha, idiota do caralho.
Nando:
- Levanta daí e pega suas coisas.
Olho pra ele assustada.
Karla:
- O que você vai fazer comigo?
Nando:
- Cê quer ir pra casa? Essa é a hora.
Me levanto rapidamente e pego minhas coisas sem nem pensar muito.
Saímos em direção a moto e ele me dá um capacete.
Ele dá partida em alta velocidade e rapidinho chegamos na minha casa, eu não moro tão longe da favela.
Desço da moto e entrego o capacete, mas ele segura a minha mão,me olha nos olhos
Nando:
- Tenta me perdoar?!
Karla:
- Vou tentar.
Ele sai e eu corro pro portão.

Destino Where stories live. Discover now