26. Vermelho Ardente.

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#MorceguinhoCerejinha

Dândi.

Turim, Itália.

O clima estava frio quando chegamos à Itália.

Eu tinha uma presunção de que o ar que preencheu, algumas horas atrás, a janela do jatinho particular estivera mais poluído do que normalmente estava, minha voz sofria com a rouquidão da consequência de ter estado nos ares e minha pele, embora agasalhada pelo sobretudo e peças de mangas cumpridas, continuava a sofrer com o tempo maldito e seco que transgredia de um ambiente para outro.

Apesar de tantos caos momentâneos, o Diabo mantinha-se ao meu lado desde que deixamos a Coréia, logo pela madrugada, instantes depois que coloquei Jimin para dormir.

O quão insano e estupidamente maluco isso poderia ser e – talvez, realmente fosse? Puta merda, eu não fazia ideia.

— Como é possível que você desperdice tanto tempo em pensamentos irritantes, meu caro?

O veículo preto corria pela avenida nula de humanidade, os poucos raios solares falhavam na tentativa de expulsar o frio que tomava conta de Turim. Através da janela eu observo a ruas e sua notoriedade comum e, porra, eu senti falta de estar aqui.

Fugir, por via das vezes, não é tão agradável assim. E eu tendia a fugir muito, mais do que eu deveria ou podia.

— Você não sabe o que eu estou pensando. — Refuto o Diabo, prendendo meu lábio inferior em meus caninos. — Não fode, pare de pressupor merdas.

— Não é tão difícil adivinhar. — Não dando uma foda para a carranca em meu rosto, eu o ouço prosseguir: — Está pensando no garoto. Dândi, seu corpo está aqui, sua mente não deixou a Coréia, especialmente a cama na qual o menino está adormecido.

Vermelho tinha o vício corriqueiro de plantar discórdia em minha cabeça, alimentá-la com fábulas e deixar-me em completa solidão, a fim de criar em mim um surto por meios de tentar me enlouquecer. Quase sempre não perduravam, seus truques não funcionavam comigo e por isso ele tendia, incansavelmente, a continuar tentando e tentando.

Eu deveria ter pena, no entanto, nossa estranha amizade é divertida. Arranca-me momentos contados de risadas.

— Sinto-me tentado a lhe abandonar aqui e correr de volta para ele, se quer saber. — Continuo, desviando o olhar para o rei do inferno. Ele ocupa o banco ao meu lado enquanto, à frente, o motorista dirige até nosso destino. — Para a sua sorte, eu cumpro com a porra da minha palavra.

— São somente alguns dias, procure relaxar. Você não vê o quanto anda perturbado? Você me parece menos selvagem. — Retorço o cenho, confrontando-o. — Não faça essa cara, dói em mim ter que lhe dizer isso.

Levo minha destra ao meu cabelo, jogando-o para trás conforme lambo meu lábio inferior para sufocar um sorriso sacana. Remexo-me no banco do carro, usando de meu digito para apontar para o Diabo.

— Você me buscou com desculpas esfarrapadas de que tínhamos algo sério para resolver aqui, conseguiu que eu viesse. — Contorno uma pausa, mudando minha visão para enxergar além da vidraça. Familiarizado ao local, reconheço o local no qual meu tio mora. — Oh, ok, qual foi a merda da vez?

Meus pensamentos críticos em relação a Vermelho corriam afoitos por minha mente fodida, para ser honesto, nunca tiveram uma pausa. Desde que eu deixei o inferno, o Diabo e eu mantivemos contato, não tanto quanto ele gostaria, afinal, o anjo tinha interesse de que eu assumisse o trono enquanto ele partia para a Terra.

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