João e o pé de feijão

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Há muito tempo atrás, em um humilde rancho no interior da Inglaterra, vivia uma viúva e seu filho, um menino chamado João.

Os dois eram muito pobres e tinham muita dificuldade em ganhar a vida. Só conseguiam dinheiro graças à vaca que criavam no rancho, já que João, todas as manhãs, a ordenhava e ia vender o leite na cidade. Até que o animal envelheceu e já não dava mais uma gota de leite.

- É nosso fim, meu filho... - lamentou a mulher, com uma lágrima rolando por seu rosto. - Sem o leite daquela vaca, morreremos de fome!
- Acalme-se, mãezinha! - retrucou João, pondo as mãos nos ombros dela. - Vou vender a vaca na cidade para algum açougueiro ou fazendeiro que se interesse por ela. Com o dinheiro, podemos comprar uma vaca mais jovem!

A mãe aceitou e o menino amarrou uma corda no pescoço do animal e o levou rumo à cidade. No meio do caminho, um velho que João nunca antes vira passou por ele e o saudou:
- Como vai, João? Está indo vender essa vaca?
- É... sim, estou. - respondeu ele, estranhando que o velho soubesse seu nome.
- Pois eu gostaria de comprar! - disse o velho, sorrindo. - Em troca dela, te ofereço meus feijões!

Em seguida, o sujeito tirou do bolso três grãos de feijão verdinhos e os estendeu ao menino.

- Acha que sou idiota? - perguntou João, achando que o sujeito era louco. - Minha mãe vai fazer picadinho de mim se eu trocar nossa vaca por uns feijões!
- Ora, meu rapaz, você não entendeu! - explicou o estranho, rindo. - Não são feijões comuns! São feijões mágicos! São encantados! Bastaria anunciar numa feira que você os está vendendo para uma multidão se formar à sua volta querendo comprá-los!

João sempre fôra um pouco crédulo a respeito de magia e coisas fantásticas, então não resistiu e acabou caindo na lábia do sujeito. Entregou a vaca a ele e voltou para casa com os feijões.

Ao retornar para casa, foi ter com sua mãe, que já foi perguntando:
- E então, João? Quanto conseguiu pela vaca?
- Adivinhe só! - respondeu ele, empolgado. - Um velho na estrada me deu esses feijões mágicos! Aposto que podemos conseguir uma fortuna por eles!

A mulher ficou tão possessa ao ouvir aquilo que até demorou para responder:
- Onde já se viu trocar uma vaca por três feijões, meu filho?! Você já está bem grandinho para cair numa conversa fiada como essa! E fique sabendo que hoje você vai para a cama sem jantar, se é que haverá um!
- M-mas e os f-feijões? - gaguejou João, à beira das lágrimas.
- Seus feijões imprestáveis?! Vou é jogá-los fora! - dito isso, ela tomou os grãos da mão do filho com rispidez e os atirou pela janela, rumo ao quintal.

Naquela noite, João foi dormir triste, cabisbaixo e faminto. Ao dormir, sonhou com travessas de comida apetitosa e com sua mãe orgulhosa dele por algum motivo.

Na manhã seguinte, o menino acordou pela manhã como de costume, mas notou algo estranho: Alguma coisa muito grande impedia a luz do Sol de penetrar pela janela de seu quarto. João foi até o quintal ver do que se tratava e se deparou com o maior pé de feijão que ele já vira. A planta era tão alta que sua copa parecia alcançar as nuvens.

Boquiaberto, o garoto foi tomado pela curiosidade e resolveu escalar o talo para ver o que haveria de encontrar lá em cima. Então, ele deu um impulso e segurou-se em uma daquelas grandes folhas. Nisso, começou a subida.

Depois do que pareceu uma eternidade, ele finalmente chegou à copa. Para sua surpresa, viu uma grande estrada de terra que percorria as nuvens, e resolveu seguir caminho por ela. Minutos depois, chegou até a soleira de um imponente casarão.
- Puxa, vida! - ele pensou. - Quem quer que more aí, com certeza deve ter comida sobrando para me dar!

Ele bateu à porta e aguardou, mas ninguém veio. Bateu à porta com mais força e, dessa vez, a porta se abriu. Quem estava lá era uma mulher enorme, da altura de uma grande árvore, que já foi logo dizendo:
- Quem é você, moleque? E o que quer por aqui?
- Me chamo João. E não tenho comido quase nada há dias. Será que a senhora poderia me dar algo para comer? - ele pediu, um pouco intimidado pela aparência da anfitriã.

Contos de FadasWhere stories live. Discover now