A ponte do troll

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Há muito tempo atrás, em um pasto, viviam três cabritos irmãos que adoravam pular e brincar juntos. Eram muito felizes lá, até que uma seca se instalou na região e a falta de chuvas fez o capim parar de brotar.

Preocupado, o mais velho chamou seus dois irmãos e os disse:
- Irmãozinhos, precisamos ir embora deste lugar, pode ser que a relva não cresça mais aqui por anos! Vamos atrás de um pasto onde não esteja faltando comida para nós.

Relutantes, os dois acabaram concordando e o trio tomou a estrada, sem rumo certo. Até que chegaram a um extenso rio que era atravessado por uma velha ponte.
- Essa ponte me parece um pouco antiga... - comentou o cabrito mais novo, pondo seu casco sobre ela. - Pode ser que a madeira esteja podre em alguma parte dela. É melhor atravessarmos um de cada vez.

Os outros concordaram e o caçula foi o primeiro a seguir caminho, já que era o mais leve. Quando passava pela metade da ponte, ouviu uma voz cavernosa e ameaçadora lhe dizer:
- Ei, nanico! Se quiser passar daqui, vai ter que me dar umas moedas de ouro!

O coitado levou um susto e, ao olhar para debaixo da ponte, viu um horroroso troll que o olhava com raiva no olhar.
- Sinto muito, senhor troll! Mas não tenho dinheiro! - ele respondeu, amedrontado.
- Então vai ser meu almoço! - rosnou o troll, arreganhando seus dentes podres e afiados. - Ninguém atravessa minha ponte sem pagar o pedágio!
- Por favor, não faça isso! - implorou o pobre cabrito, chorando. - Sou muito jovem, e meu irmão vem vindo aí! Ele é bem maior que eu, e daria uma refeição muito mais farta!

O troll se pôs a pensar e acabou aceitando. Aquele cabritinho realmente lhe parecia um pouco magro demais. O outro agradeceu e seguiu em diante, correndo.

Minutos depois, o irmão do meio apareceu.
- Ei, nanico! Seu irmãozinho atravessou minha ponte agora há pouco sem pagar! Agora terei de comer você para pagar a travessia dele!

Assustado, o cabrito respondeu, chorando:
- Por favor, não faça isso! Sou muito jovem, e nosso irmão mais velho vem vindo aí! Ele é bem maior que eu e daria uma refeição muito mais farta!

O troll resolveu ceder, e o cabrito agradeceu e seguiu caminho, correndo. Minutos depois, o irmão mais velho apareceu.
- Ei, seu cabrito! Seus dois irmãozinhos covardes atravessaram minha ponte agora há pouco sem pagarem! Agora terei de comer você para pagar a travessia deles!
- Sua ponte? - questionou o outro, sem se assustar com o troll. - Quem disse que essa ponte é sua?
- Ora, claro que é minha, seu cabrito atrevido! - urrou o monstro, irritado. - Moro aqui desde que você ainda estava no ventre de sua mãe!
- E daí? - persistiu o cabrito, corajosamente. - Eu e meus irmãos não temos dinheiro algum! E precisamos atravessar esse rio! Se quer comer algo, deveria pescar ou caçar!
- Está achando que pode me afrontar desse jeito?! Olhe só seu tamanho e olhe o meu! - urrou a criatura, perdendo a paciência.
- Tamanho não é documento! - retrucou o cabrito. - E eu aposto que te venceria numa luta!

Ao ouvir aquele desaforo, o troll foi tomado pela raiva e saltou para cima da ponte. Em seguida, atirou-se na direção do outro para fazer picadinho dele. Rapidamente, o cabrito se defendeu com seus chifres e acertou uma forte chifrada no monstro, que caiu bem longe.

O irmão mais velho seguiu viagem junto com os outros dois e chegaram até um campo repleto de capim verdinho, onde viveram em paz até o fim de seus dias. E ninguém nunca mais teve problemas ao cruzar aquela ponte.

FIM

Contos de FadasWhere stories live. Discover now