Branca de Neve

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Há muito tempo atrás, em um reino distante, havia um rei e uma rainha que governavam seus domínios com justiça e igualdade. Contudo, assim que deu à luz sua primeira filha, a rainha faleceu.

Profundamente abalado pela perda, o rei decidiu procurar o quanto antes uma nova esposa para que sua pequena filha não crescesse sem ninguém para chamar de mãe. Assim sendo, acabou se casando com uma mulher muito mesquinha, orgulhosa e cruel, que fingia ser boa na presença dele.

A garotinha cresceu, e sua beleza encantava a qualquer um que a visse. Seus cabelos eram negros, seus lábios eram vermelhos como rubi e sua pele era tão clara que a menina foi logo apelidada por todos de Branca de Neve.

Apesar de ser uma boa menina, Branca de Neve era frequentemente maltratada por sua madrasta, que sentia muita inveja da admiração que a jovem recebia das pessoas devido à sua beleza. Branca queixava-se sempre à seu pai sobre a forma como a mulher a tratava, mas o homem não acreditava que sua esposa fosse tão má, pois esta sempre se fazia de gentil para ele.

A nova rainha tinha em seus aposentos um formoso espelho mágico, que lhe respondia qualquer coisa que lhe fosse perguntada. Certa vez, enquanto se contemplava nele, a rainha indagou:
- Espelho, espelho meu, existe nesse mundo alguém mais bela do que eu?
- Sim, existe. - respondeu o espelho, que era sempre sincero. - Sua jovem afilhada, Branca de Neve, é bem mais bela do que você, minha rainha.

Ao ouvir aquilo, a vaidosa mulher foi tomada pelo ódio e pela inveja e jurou para si mesma:
- Pois eu vou dar uma boa lição a essa garota, nem que seja a última coisa que eu faça! Quem ela pensa que é para ser considerada mais bela do que eu?!

Dito isso, a soberana foi ter com um caçador de sua confiança e lhe ordenou:
- Vá até a floresta e dê um fim na minha maldita afilhada! E traga-me o coração da pirralha para eu devorar!
- Céus, Vossa Majestade! - assustou-se o homem. - A senhora quer mesmo que eu...
- Ande logo, homem! - cortou-o ela, furiosa. - Ou quer que eu mande cortarem sua cabeça?!

Temendo por sua própria vida, o caçador prometeu que faria conforme ordenado e foi até o bosque próximo procurar pela menina. Naquela hora, Branca de Neve lavava seu rosto em um riacho que passava por ali. Ao vê-la, o caçador, silenciosamente, sacou sua balestra, mirou na menina e e estava a ponto de disparar quando esta se virou e ele pôde ver o seu lindo rosto.
- Minha Nossa... - comentou ele, boquiaberto. - Que mocinha mais linda! Como é que aquela mulher pode querer matá-la?!

Sendo assim, ele abaixou sua arma e foi até Branca de Neve, cumprimentou-a e lhe disse, olhando para os lados para se certificar de que ninguém os ouvia:
- Escute bem, minha menina: Sua terrível madrasta me mandou matar você e ainda tirar seu coração! Por favor, não volte para o palácio ou ela mesma vai lhe matar e a mim também!
- Me matar?! - indagou Branca, chorando. - Sei que ela me despreza, mas por que iria querer me matar?
- Também não sei, minha jovem. Sua madrasta me parece perversa! Mas não se preocupe, vou enganar aquela mulher enquanto você estiver longe!

Chorando desconsoladamente, a jovem saiu vagando sem rumo pela floresta, sem saber a quem pedir ajuda. Enquanto isso, o caçador flechou uma corsa, extraiu o coração do animal e o levou até a maldosa rainha, dizendo:
- Aqui está, Vossa Majestade. É o coração da sua afilhada.
- Muito bem, homem! - agradeceu ela, gargalhando. - Fico feliz que você é leal a mim!

Em seguida, a rainha cozinhou o coração num tacho e o comeu com ódio.

Enquanto isso, Branca caminhava perdidamente pelo bosque, com o rosto molhado de lágrimas, ainda sem acreditar que sua própria madrasta a queria morta. Foi então que ela viu, enfurnada entre as árvores, uma pequena e humilde choupana. Como estava cansada e assustada, ela achou que seria uma boa ideia ir pedir ajuda ao morador, seja lá quem este fosse.

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