O lobo e os sete cabritinhos

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Há muito tempo atrás, em um chalé perto da floresta, viviam uma cabra e seus sete jovens filhotes.

Certa feita, a cabra resolveu preparar um bolo para seus filhos, mas notou que faltavam alguns ingredientes na dispensa. Sendo assim, reuniu os sete e lhes disse:
- Minhas crianças, mamãe terá que ir ao mercado e vocês ficarão sozinhos em casa enquanto isso. Portanto, não abram a porta para ninguém que não seja eu, ouviram bem?

Os sete prometeram que teriam cuidado e a mãe partiu para a cidade para fazer suas compras. Mal sabia ela que um lobo feroz estava de olho na casa há tempos, e o malvado logo percebeu sua chance:
- Olha só, parece que a cabra finalmente deixou os pirralhos sozinhos! - ele murmurou, lambendo os beiços. - Eu bem que estou com bastante fome!

Em seguida, o lobo se esgueirou até a porta da casa e disse, fingindo ser a cabra:
- Filhinhos! Mamãe esqueceu o dinheiro! Abram a porta para eu entrar!
- Mamãe não tem uma voz tão grossa! - retrucou um dos cabritos, desconfiado.

Com raiva, o lobo deu meia-volta e foi até uma feira próxima. Lá chegando, foi até uma tenda em que um granjeiro vendia ovos, e ordenou:
- Rapaz, me dê um ovo ou dois. Agora!

Assustado, o sujeito nem quis saber de pagamento e logo entregou dois ovos ao lobo, que engoliu as gemas e voltou até o chalé dos cabritos. Lá chegando, bateu à porta e disse, agora com a voz afinada devido às gemas que comera:
- Filhinhos! Mamãe já voltou! Abram a porta para eu entrar!
- Pois então coloque sua pata na janela! - retrucou um dos cabritos, desconfiado.

A contragosto, o lobo colocou sua pata peluda na vidraça da janela e logo os sete ficaram apavorados, balindo:
- Mamãe tem a pata branca, e não cinzenta! Vá embora daqui, lobo malvado!

Rosnando de raiva, o vilão deu meia-volta e foi até um moinho, onde um moleiro acabara de encher um saco de farinha de trigo. Ao chegar, o lobo já foi ordenando:
- Me dê um pouco de farinha, rapaz! Agora!
- Por cinco ou seis moedas, posso te vender um punhado. - respondeu o moleiro.
- Que vender que nada! - esbravejou o lobo, babando de raiva. - Se não me der farinha agora mesmo, você vai ser meu almoço de hoje!

Apavorado, o moleiro deu o saco inteiro ao lobo, que enfiou sua pata na farinha até ela ficar branca feito neve. Em seguida, voltou até o chalé dos cabritos e disse, ainda com a voz afinada pelos ovos:
- Filhinhos! Mamãe já voltou! Abram a porta para eu entrar!
- Pois então coloque sua pata na janela! - retrucaram os cabritos, temerosos.

O lobo colocou sua pata enfarinhada na vidraça da janela, finalmente convencendo os sete. Mais calmos, os cabritos pensaram que realmente se tratava de sua mãe e abriram a porta.

Quando deram de cara com o lobo faminto, a gritaria foi tremenda. Uns tentaram correr, mas o lobo era bem mais ágil e os apanhou sem dificuldades. Um ou dois tentaram se esconder debaixo da cama, mas o lobo os achou em pouco tempo. Um a um, os cabritinhos foram sendo devorados pelo invasor.

Minutos depois, quando já havia comido seis deles, o lobo arrotou, satisfeito, e disse:
- Puxa, há tempos que não saboreava uns cabritos como esses! Acho que vou tirar uma soneca agora...

Dito isso, ele se largou rudemente em cima de uma das camas da casa e logo começou a roncar alto. O que ele não sabia era que, em meio a confusão, a caçula da família havia se escondido dentro do guarda-roupas sem que ele notasse.

Horas depois, a cabra finalmente voltou para casa e ficou chocada ao ver a porta escancarada e ao ouvir aquele estranho ronco vindo de dentro do chalé.
- Céus, o que será que aconteceu aí enquanto eu estava fora? - ela se perguntou, preocupada.

Pé ante pé, ela entrou no chalé e logo viu a fera descansando na cama. Assim que viu sua mãe pela fresta do armário, a caçula correu até ela o mais silenciosamente que pôde e a abraçou, aos soluços. Em seguida, contou a ela o que havia se passado.
- Não se preocupe, minha filhinha. - tranquilizou-a a mãe. - Vamos salvar seus irmãos.

Dito isso, a cabra pegou uma tesoura que guardava em uma das gavetas e, discretamente, abriu a barriga do lobo sem que ele acordasse.
Logo, os cabritinhos foram saindo, um a um, do estômago do vilão. Todos desorientados e assustados.
- Façam silêncio, crianças! - sussurrou a mãe, abraçando os filhos. - Vão até lá fora e peguem quantas pedras puderem carregar! Vamos nos livrar desse lobo!

Os filhos obedeceram e correram até o quintal, onde apanharam dúzias de pedras de diversos tamanhos. Levaram todas até a mãe, que com a ajuda deles, foi colocando uma por uma dentro da barriga do lobo.

Quando já haviam feito isso com quase todas as pedras do jardim, a cabra pegou um carretel de linho e costurou a pança do lobo. Em seguida, foram todos se esconder nas copas das árvores que cresciam ao lado da casa.

Pouco tempo depois, o lobo despertou, sentindo uma forte dor de estômago.
- Puxa, não esperava que uns cabritinhos daquele tamanho iam pesar tanto! - comentou ele consigo mesmo, tentando se levantar da cama. - Preciso de água! E muita!

Sendo assim, ele cambaleou até o lado de fora, onde havia um poço. Ao se debruçar sobre o poço para beber água, o lobo não conteve o peso de seu próprio corpo, caiu lá dentro e afundou sem parar. Nunca mais se ouviu falar daquele lobo depois disso.

Depois daquele dia, a cabra e seus filhos viveram em paz e tranquilidade até o fim de seus dias.

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