Os três porquinhos

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Há muito tempo atrás, em uma humilde cabana, vivia uma porca e seus três filhotes. Ela sempre cuidara muito bem deles desde que nasceram, mas um dia os reuniu na sala de estar e os disse:
- Meus filhos, vocês já estão bem crescidos e já devem começar suas próprias vidas. Se continuarem dependendo de mim para tudo, o que será de vocês quando eu partir? Então quero que saiam à procura de casas novas, para terem suas próprias famílias e serem felizes. Mas não se esqueçam, meus queridos: Este mundo é repleto de perigos e adversidades, então procurem sempre fazer o que é certo!

Os dois mais novos, que eram um pouco preguiçosos e acomodados, protestaram muito ao ouvirem aquilo. Mas a mãe tanto insistiu que eles acabaram cedendo e tomaram a estrada, atrás de material para construírem suas próprias casas.

O mais novo, que detestava esforço e só pensava em relaxar e se divertir, viu um homem puxando uma carroça cheia de palha e foi logo comprar tudo.
- Se minha casa for de palha, construí-la não será tão cansativo... - pensou ele, e construiu sua casa.

O mais moço, que também detestava esforço, porém não da mesma maneira que o caçula, passou por uma carpintaria e comprou bastante madeira.
- Se minha casa for de madeira, construí-la não será tão cansativo... - pensou ele, e construiu sua casa não muito longe do irmão mais novo.

Já o irmão mais velho, que era muito dedicado e trabalhador, passou dias a fio construindo uma grande casa feita inteirinha de tijolos e cimento. Enquanto ele trabalhava, os outros dois costumavam passar ali em frente para irem ao riacho se banharem e sempre caíam na gargalhada ao verem o esforço dele:
- Você sempre foi mesmo cabeça oca, mano! - riu o do meio. - Olha só como o dia está quente e você aí, se matando de trabalhar, quando nós dois aqui já terminamos tudo e estamos só curtindo!
- Aproveitem o banho, então! - retrucou o mais velho, sem se distrair da obra. - Prefiro fazer esforço, mas ao menos morar numa casa segura e forte, do que passar o dia todo vadiando e correr risco de virar comida de lobo!

Os outros sempre riam e iam nadar, despreocupados.

Até o dia em que um lobo faminto passou por aquela região, atrás de comida. Ao farejar o ar, ele sentiu o cheiro dos três porcos. Lambendo os beiços, ele murmurou consigo mesmo:
- Ah... este cheiro é inconfundível! Parece que vim ao lugar certo! Só preciso agora achar esses três petiscos!

Em seguida, orientando-se por seu faro aguçado, ele chegou até a casa de palha, onde o porquinho caçula repousava e tomava um banho de lama, estirado no chão de sua pequena moradia.

O lobo foi bater à porta, ordenando com sua voz cavernosa e intimidadora:
- Abra esta porta, jovem porquinho! Ande logo, pois estou com fome!

Assustado, o outro se levantou de um susto e começou a suar de pavor, sem saber bem o que responder, até que criou coragem e disse:
- Senhor lobo, sou muito jovem! Não me faça mal, eu suplico!

A fera riu maldosamente e ameaçou:
- Se não abrir logo esta maldita porta, vou soprar e mandar sua casa pelos ares!

O pobre porco continuou teimando em não abrir, então o lobo encheu os pulmões e soprou sobre a casa. Como esta era feita apenas de palha, não foi difícil acabar com ela.

Ao se ver desprotegido, o porquinho tentou fugir para a casa do irmão, mas o lobo era bem mais ágil e veloz e o apanhou em segundos. Em seguida, o devorou. Contudo, ainda não estava satisfeito e resolveu seguir o cheiro do porco mais moço.

Chegando à casa de madeira, bateu à porta, ordenando:
- Abra esta porta, jovem porquinho! Ande logo, pois estou com fome!

O porco, que se encontrava lendo o jornal em sua espreguiçadeira, levantou-se assustado e respondeu, suando de pavor:
- Senhor lobo, sou muito jovem! Não me faça mal, eu suplico!

O lobo riu maldosamente e ameaçou:
- Se não abrir logo esta maldita porta, vou soprar e mandar sua casa pelos ares!

Assim como o irmão, o porquinho continuou se recusando a abrir, até que o lobo encheu os pulmões e soprou sobre a casa. Como esta era feita de madeira, desmoronou toda após alguns sopros.

Ao se ver desprotegido, o porco tentou fugir para a casa do irmão, mas também foi alcançado com facilidade pelo lobo, que o devorou. Contudo, este ainda não estava satisfeito e seguiu o cheiro do porco mais velho.

À essa altura, a casa de tijolos já estava pronta. Seu dono se encontrava limpando suas ferramentas na mesa da sala.

O lobo foi bater à porta, ordenando:
- Abra a porta, jovem porquinho! Ande logo, pois estou com fome!

Ainda trabalhando, o porco respondeu, sem se importar:
- Vá atrás de outro porco, seu pateta! Estou ocupado demais agora!

Indignado, o malvado ameaçou:
- Se não abrir logo esta maldita porta, vou soprar e mandar sua casa pelos ares!
- Pode tentar! - desafiou o outro, dando risada.

Furioso com o atrevimento, o lobo encheu os pulmões e soprou sobre a casa. Como esta era feita de tijolos e cimento, nada aconteceu. O lobo soprou novamente, e a casa continuou imóvel. Tentou pela terceira vez, e nada.
- Nunca vi um porco morar numa casa tão bem construída! - pensou o lobo, ofegante. - Vou precisar de outro plano!

Sendo assim, o lobo começou a exclamar em voz alta, fingindo estar exausto:
- Céus, acho que desisto deste porquinho! A casa dele é resistente demais!

Em seguida, correu até alguns arbustos próximos. Ao invés de ir embora, porém, contornou a casa, escalou as paredes de trás e chegou até o telhado.

O porco, que não acreditara tanto que o outro havia mesmo desistido, escutou o som dos passos do lobo sobre as telhas da casa e logo entendeu o plano do inimigo:
- Puxa, vida! Este lobo vai tentar entrar pela chaminé! Não posso permitir isso! Não trabalhei duro nessa casa para ser pego tão facilmente!

Apressadamente, o porco foi até a cozinha e pegou o maior panelão de sopa que tinha ali. Depois, o colocou na lareira, acendeu o fogo e encheu-o até a boca com água, que começou a ferver bem rápido.

Enquanto isso, o lobo se preparava para descer pela chaminé, já com água na boca só de imaginar o sabor do porco. Ele escorregou por ela com rapidez, e acabou caindo dentro do panelão fervente. Assim que isso aconteceu, o porquinho tampou o panelão no mesmo instante e segurou-o com toda a força, até os berros agoniados do lobo não se ouvirem mais.
- Vamos ver quem vai comer quem agora! - comentou o porco, lambendo os beiços enquanto adicionava sal e pimenta a sua sopa.

                                 FIM

Contos de FadasWhere stories live. Discover now