Triginta tres

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Olá, alguém ainda habita esse paraíso holandês? 👀👀

Eu não vou dizer nada, apenas pedir para apreciar esse capítulo que quase ficou esquecido no churrasco. Enfim... pedir desculpas não adianta mais, então apreciem a leitura

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Era meio de primavera e o jardim de Camila parecia ainda mais iluminado. Os pássaros cantavam no pico das cerejeiras, o vento assobiava a canção mais bela escrita pela mãe natureza enquanto ela dava um verdadeiro show de luzes, cheiros e cores. A primavera, também considerada a estação dos risos, era uma autêntica lição de superação, o jeito mais estupendo do universo dizer: "é tempo de renascer". A arquiteta sabia muito bem disso, por isso se sentia grata naquele momento.

Precisava agradecer por tudo o que estava vivendo naquela década. Precisava agradecer pela vida de Lauren. Precisava agradecer também pela trégua da maldição do sr. Tempo e por ter vida ao seu redor novamente. Ela rezava, Camila rezava com todas as forças para que tudo continuasse da maneira que estava. Ela não sabia se aguentaria ver sua esperança e suas expectativas descendo pelo ralo mais uma vez, mas estava confiante agora.

A arquiteta tomava um chá de alecrim, pensando em como o tempo estava voando e em como ela estava se movimentando através dele. Era até engraçado pensar em algo assim já que sentia-se tão à deriva nesse oceano interminável de anos e suas passagens, mas de alguma maneira agora sentia seu barco navegar, sentia que estava saindo do lugar. E não, Camila não estava se referindo ao tanto que viajou pelo mundo e todos os lugares em que já viveu, mas da sua vida e em como tudo havia mudado. Ontem estava em Malta jurando ser a última vez, e agora na Holanda, noiva e rodeada de amigos e pessoas incríveis.

A sorte está jogando ao seu lado pelo que parece, ou melhor, o sr. Tempo está.

― Bom, que assim seja.

― Já não basta ser tão velha, agora tá caduca ― zombou a pesquisadora, roubando um biscoito de nozes do prato da arquiteta. Allyson jogou-se na outra poltrona daquela varanda.

― Apenas estou pensando alto.

― Em quê?

― Em minha vida. Veja, há tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo...Todas essas mudanças que me colocaram em um patamar que nunca imaginei chegar novamente. É incrível e assustador ao mesmo tempo.

― O casamento?

― O conjunto de tudo ― a arquiteta bebericou de seu chá e olhou o horizonte, observando o rio Amstel que corria a alguns quilômetros de distância. ― Tenho uma noiva maravilhosa e faltam menos de três semanas para o meu casamento. Realizei o meu maior objetivo profissional e você tem uma namorada!

― Ei, o que eu tenho a ver com as suas coisas?

― Desculpe-me, mas eu nunca pensei que você viveria para se apaixonar algum dia.

A pesquisadora jogou uma almofada na amiga e ambas sorriram.

― É, minha querida, milagres acontecem e eu tenho uma namorada. E sim, você vai casar em menos de três semanas. Tá nervosa?

― Bastante. Mal estou dormindo. É muita coisa para apenas uma cabeça processar.

― Eu imagino...

― E não sei se consigo explicar, mas estou com medo ― Camila respirou fundo. ― O que é normal, eu sei, mas fico lembrando a todo tempo sobre o passado, tudo o que aconteceu quando me relacionei com as pessoas. Não foram muitas, sempre tive consciência antes mesmo de ter certeza do perigo que meu viver oferecia, mas eram pessoas incríveis e acredito que vou sentir esse remorso para todo o sempre.

Sign of the timesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora