Feitos um para o outro - Antony Bridgerton

Baile de estréia

Hoje completava uma semana que eu estava presa em 1813, e eu não aguentava mais fazer minhas necessidades em penicos horrorosos para todo mundo ver, e muito menos me comportar como uma dama da época, a coisa menos chata era as aulas de dança com George, ele fazia de tudo para ser um momento divertido, não somente de obrigação.
E além disso, hoje a noite seria o baile de inauguração da temporada, eu estava nervosa pelo fato da rainha ter me elegido um diamante, e eu mal saber dançar direito. Claro que essa semana, George deu seu máximo para me ajudar com isso, e eu fiz progresso, mas acho que não o bastante, então com certeza pisarei no pé de algum nobre.

Durante o almoço, minha mãe alertou para que eu comece pouco, para não parecer inchada no baile.

Meu Deus, aquilo tudo estava me assustando de certa forma, eu estava a mais de 100 anos de distância da invenção do primeiro antibiótico, e a cinco anos do romance de Mary Sheilley, Frankstein, ser lançado, e o pior, dois séculos de distância do meu verdadeiro presente. Mas eu não podia fazer nada, não sabia como voltar, e a única coisa que me restava era viver ali....pelo menos não era uma plebeia, a vida séria mais difícil se não tivesse sido no meio da nobreza.
O vestido feito para o baile estava maravilhoso, isso eu não podia negar, o tecido azul claro era bem macio e leve, então caia sob meu corpo como uma pluma, o peito era decorado de pedras brilhantes e transparentes, e as mangas cobrindo os ombros era o menos bonito ali, talvez se usasse esse vestido na minha época, faria algumas modificações, como rasgar a saia na altura do joelho e arrancar essas manguinhas. Pelo menos o decote quadrado deixou meu colo bonito, o volume sutil de meus seios também foi um ponto a mais, principalmente quando um colete de diamantes foi colocado em meu pescoço.
As criadas fizeram meu cabelo, duas tranças nas laterais, unindo com o coque fofo atrás, e duas mechas onduladas caindo nas laterais de meu rosto, quando comecei a descer as escadas do casarão, mamãe cobriu a boca de surpresa, e eu notei o sorriso orgulho de George, meu irmão.

- Você está tão perfeita...- minha mãe balbuciou.

- Está linda, irmã. - ele me ofereceu o braço, e eu peguei, sorri porque realmente estava me sentindo bonita...
Bonita e desconfortável, mas bonita.

Se eu achei a minha casa gigante, quase engasguei ao ver a casa onde seria o baile, a tal Lady Danbury sabia mesmo como dar uma festa!
Quando os guardas abriram a porta do salão, eu estava no meio de minha mãe e meu irmão, e confesso que meus olhos brilharam ao ver toda aquela elegância, não só nas pessoas, mas também na arquitetura.
- Olha, aquele é o lorde Harrison, ele ganha quase 15 mil por ano. - a
mamãe sussurrou entre nós, e um arrepio passou pela minha espinha após a ficha cair.
Eu não estava em uma baladinha só para dançar, eu estava lá para casar! E se algum rico me quisesse, meu irmão e minha mãe não ligariam para minha vontade de casar ou não.... bem, eu acho que não...

- Ele tem muitas amantes.- George tirou de questão, apertei o braço dele quando vi um rapaz magrelo e bem desprovido de beleza se aproximando. - Vamos comer um pouco, irmã! - ele me puxou segundos antes do rapaz propor uma dança.

- Obrigada. - digo quando paramos diante da mesa, peguei um pratinho e servi um pãozinho. - Estou morrendo de fome, esse troço fica me apertando e piorando a fome.

- Conversa seria agora...- uma pausa para beber o suco. - Não recuse uma dança caso contrário acharão que está comprometida com alguém, eu estarei por perto para te livrar de viúvos, feios e velhotes. - assenti, jogando a limonada por cima do pão para que pudesse engolir.

- E se estiver dançando com uma moça?

- Tenho meus contatos, eu não sou o único responsável por você.

- O que? - fiz uma careta sem entender.

- Benedict, Antony e eu fizemos um trato, o que estiver mais perto de salvar você ou Eloise de partidos mal intencionados ajudará. - ele piscou, eu ri, então é assim que funciona?