Perdão

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Durante a noite, acordei com um movimento brusco na cama, Antony estava sentado, com a mão no peito e a respiração ofegante.

- Ei, o que foi? - perguntei ficando em sua frente, notei as lágrimas escorrendo de seus olhos. - Antony, foi só um pesadelo, calma....- fui interrompida por um puxão que me deu, me fazendo ajoelhar em sua frente e o deixar deitar a cabeça em meu peito, abracei ele acariciando seus cabelos. - Não quer conversar, né? - ouvi um soluço, e desistir de insistir, apenas o acolhi e acalmei, quando nos deitamos novamente, fiz questão de assistir ele dormindo o máximo que conseguisse. Durante a manhã, acordei sozinha, e me apressei para descer, lavei o rosto e me arrumei devidamente, mas quando cheguei no meio da escada, nem mesmo a mesa do café estava posta. Subi de volta e fui até o escritório de Antony. - Antony? - enfiei a cabeça para dentro, o vendo ali, encarando a janela.

- Já acordou? - se virou para me ver. - Por que? Parecia estar dormindo tão bem.

- Fiquei preocupada, achei que tinha passado do horário...- fiquei ao seu lado. - Ainda não quer me contar o que houve ontem a noite?

- Foi só um pesadelo bobo

- Você pareceu bem desesperado para ser um pesadelo bobo, Antony. - ele apertou os lábios e segurou meus ombros.

- Não se preocupe comigo. Se preocupe em ser uma boa viscondessa.

- Também busco ser boa esposa.

- Não preciso de uma boa esposa, preciso de uma viscondessa, são minhas preocupações e isso não deve afetar a você. Se preocupe em cumprir seu trabalho, que eu cumprirei o meu. - afastei seu toque.

- E se perder tudo? E se perder o título de visconde? Ainda vai precisar de uma viscondessa? Ou dessa vez vai ser uma esposa, hum? - Antony bufou esfregando a testa. - Me desculpe se você não sabe lidar com alguém que se preocupe com você, Antony. - virei as costas, e mesmo que ele me chamasse duas vezes da porta, ignorei.  Resolvi ir até a sala de estar da casa, e encontrei Eloise lendo um livro.

- Bom dia, Stella, já estou enjoada da sua cara como me prometeu. - ri com seu cumprimento.

- Bom dia, El. O que está lendo aí, heim?

- Conflitos internos do ser humano. - ergui as sobrancelhas, talvez Antony devesse ler mais. - Acordou cedo hoje.

- Achei que tinha passado da hora quando não vi Antony ao meu lado. - ela assentiu fechando o livro.

- Então ele também acordou?

- Sim, está no escritório.

- Soube que você toca o alto piano muito bem. - ela apontou com o queixo para o instrumento.

- Talvez esteja cedo demais para fazer barulho pela casa, El...

- Nada disso, os quartos estão lá em cima, não ouvirão nada. - ela puxou minha mão, e me colocou sentada diante do piano. - Toque, quero ver.

- Ahh meu Deus....- posicionei os dedos nas teclas, e pelo mesmo motivo de eu ter viajado duzentos anos para o passado, eu sabia posicionar os dedos e onde teclar quando necessário, alguns toques e eu tinha me familiarizado com aquilo, e começado a tocar perfeitamente, talvez fosse do mesmo jeito com os idiomas que diziam que eu sabia falar e ler.
Eloise começou a pular e a cantarolar a música de forma engraçada, me fazendo rir da situação. - É assim que dança para conquistar os cavalheiros.

- Assim mesmo. - ela girou com os braços abertos rindo, suas pernas pareciam ser de pano. 

- Quer ver uma coisa legal? - pergunte me levantando. - Não conte isso para o visconde. - avisei, isso com certeza não era coisa de viscondessa.  - Fique um pouco distante.

Feitos um para o outro - Antony BridgertonWhere stories live. Discover now