Lisabel

Capítulo 21

Dominique Pov

Essa raposa astuta está testando a minha paciência, como ela ousa ameaçar o meu bando dessa forma e o pior, ela quer levar a minha coelha, Lisabel é minha e somente minha! Meu urso quer matar essa raposa, só por tentar afastá-la de nós, se não fosse pela presença de Lisabel que assiste nossa discussão, com pavor no olhar, já teria matado todos e ela nunca saberia! Mas como isso não é uma opção no momento, vou ter que reprimir a vontade do meu urso e apelar...

_ Não vamos derramar mais sangue, não vê o medo nos olhos de sua irmã tudo nela está emanado esse sentimento e você não pode levá-la, eu e ela temos um acordo! _ Sorrio de lado e ela me olhou confusa...

Manon _ Que acordo, Lisabel? _ Olha para a coelha que abaixa a cabeça triste e então a raposa para por um segundo, procurando com o seu olfato algo de errado, mas logo ela percebe... _ Seu desgraçado, você a marcou?!

_ Não permanentemente, é uma marca temporária que só vai durar por seis meses, mas até lá você não pode afastá-la de mim, senão ela irá adoecer! _ Queria que a marca fosse permanente, mas isso só seria possível com consentimento da minha companheira, que no momento tem medo de mais de mim, para permitir tal ato... _ Olha, vamos agir de maneira sábia aqui, eu afasto meu bando e você afasta o seu mais ninguém precisa se machucar! _ Me aproximo mais um pouco dela e sussurro... _ Afinal com ou sem seu veneno, você está em completa desvantagem!

Manon _ Okay, mas você primeiro! _ Bufa dando-se por vencida, não consigo evitar o sorriso de lado que surgiu em meu rosto...

_ Claro... _ Meu sorriso vitorioso aumenta e vou até Jack, meu braço direito... _ Mande os outros se afastarem, mas não vão para longe, fique à espreita e só ataquem se eu mandar! _ Ele acena em confirmação e ruge chamando os outros de volta para o bosque. _ Sua vez Manon Renard! _ Ela sussurra algo no ouvido da outra mulher, que em seguida segue até o bando de raposas e junto a elas sai pelo portão dos fundos da propriedade, que no momento se encontra caído no chão... _ Tenho que fortalecer a segurança daquela área... _ Murmuro para mim mesmo...

Manon _ Deveria mesmo, foi fácil demais derrubá-lo! _ Sorrir de lado...

_ Aceita uma bebida? Talvez uma xícara de café? _ Pergunto ignorando sua provocação e por um instante meus olhos focam em Lisabel, que parece bem chateada com tudo, meu olhar percorre todo seu corpo até chegar em seus pés que novamente estão nus na neve gelada de fim de outono...

Manon _ Não bebo café e... _ Ignoro sua existência por um breve momento e vou até a minha coelhinha, a pegando no colo ela se assusta com meu ato, mas nada fala só se aconchega mais em meus braços...

_ Que tal você voltar para a sua refeição, peço para a senhora Blanc te servir mais, no entanto seu prato já deve ter esfriado a essa altura, mas o da panela ainda deve estar quente! _ Ela faz que sim e volta a esconder seu rosto, então ando em direção a casa... _ Você vem senhorita Renard? _ Murmuro sem nenhuma cortesia...

...

Já de volta a sala de jantar, estamos sentados à mesa, Lisabel está ao meu lado comendo em silêncio, tentando ignorar o olhar de desprezo de sua irmã sobre mim. Estamos esperando o café, porém está demorando mais do que o esperado e ela só me fita como se quisesse me matar!

Nina _ Desculpe o atraso senhor! _ A coiote corta o silêncio constrangedor, entrando no cômodo com a bandeja com café e biscoitos... _ Ninguém na cozinha queria preparar algo para uma raposa, sabe! _ Diz em um sussurro bem audível e parando para pensar faz sentido, coiotes odeiam raposas e vise e versa...

_ Tudo bem Nina, obrigado por ter feito o seu melhor! _ Ela acena com um sorriso honesto e se retira...

Manon _ Tcs... coiotes! _ Bufa revirando os olhos... _ Você sabe que seu território está cheio com essas pragas, né? _ Pergunta com desdém...

Lisabel _ Por favor, não fale assim, as senhorinhas que trabalham aqui são muito gentis e merecem pelo menos o mínimo de respeito vindo de você! _ Diz e sua irmã revira os olhos para o seu comentário... _ Eu vou terminar de comer na cozinha! _ Se levanta com o seu prato em mãos... _ Por favor não mate meu companheiro, mesmo que essa marca seja temporária eu ainda estou ligada a ele!

_ Café? _ Pergunto assim que Lisabel sai do cômodo...

Manon _ Eu não bebo café! _ Resmunga e o meu urso ruge por dentro com a sua grosseria... _ E não vamos prolongar meu tempo aqui, sei que não posso levar ela de volta já que você a marcou, mas não ache que eu aprovo você ou essa união e só não te denuncio para o magistrado, porquê agora minha irmãzinha está vinculada a você e isso afetaria ela também!

_ No fim das contas eu agi bem, em marca-la temporariamente. _ Digo minimamente feliz...

Manon _ Não pense que isso vá durar, ela te explicou o motivo por ter fugido? _ Só aceno com a cabeça, voltando a minha expressão séria... _ E ainda acha, que depois de ver seus pais serem mortos por ursos, ela iria aceitar um companheiro da mesma espécie daqueles que lhe causaram tanto mau? Marcando ela temporariamente, você só adiou o inevitável!

_ Eu não acredito nisso, sei que a ligação de nossas almas animais é mais forte que qualquer male do passado! _ Digo convicto e ela ri de forma debochada...

Manon _ Eu duvido muito, mas se você acredita nesse conto de fadas, boa sorte! Você vai precisar, eu sou médica e sei como um trauma pode afetar tanto o físico quanto o psicológico de alguém! _ Se levanta ainda rindo... _ Vou falar com a minha irmã antes de ir, não aguento mais ficar em meio a essa carniça, é sério você tem que se livrar desses coiotes, eles estão impregnando seu território! _ Diz seguindo o caminho até a cozinha, me deixando com suas palavras maldosas, será que o amor predestinado não é forte o suficiente para vencer, um male do passado?

Continua...