Capítulo 39

2.8K 343 31
                                    

Dominic Pov

Conforme ajudava Lisabel a guardar suas pelúcias nos sacos herméticos, não pude deixar de notar que ela não tem nenhuma pelúcia de ursinho o que parece lógico pra mim, devido ao seu trauma de infância, mas essa regra deveria valer a todo tipo de urso, pois quando a questionei sobre isso, a coelha disse que não era verdade e parou o que estava  fazendo para ir até sua cama, tirando de lá um ursinho panda de pelúcia com roupinha de príncipe... 

Bernard _ Ela tem medo de mim, mas gosta desses desastres ambulantes! _ O tom indignado do meu urso interior vagou por minha mente...

Lisabel _ Não é fofo? _ Pergunta o abraçando forte, o que faz meu urso interior rosnar... _ Esse é o Sir Bambu, ele vai no saco de bichinhos favoritos, quem me deu ele, foi um visitante da minha mamãe raposa que também era um panda! 

_ Você não tem medo de ursos? _ Pergunto tentando não transparecer meu desgosto pelo Sir Bambu...

Lisabel _ Sim, mas os pandas são tão fofinhos e bonitinhos e quando eu vi um panda de verdade pela primeira vez, ele era muito bonzinho! O senhor Liu e o filho dele Jun visitaram minha mamãe raposa diversas vezes, eu e Jun ainda somos amigos e conversamos quando ele tem tempo, ele assumiu lugar do pai como supremo da comunidade dele, Jun é muito inteligente e gentil, você ia adorar conhecer ele! _ Diz colocando o maldito Sir Bambu no saco de pelúcias favoritas, logo em seguida voltou a dar atenção para as pelúcias da prateleira, já eu não consegui desviar o olhar do panda...

Bernard _ Pandas nem deveriam ser considerados ursos de verdade, são tão excessivamente dóceis e estúpidos que não tem nem um extinto de perigo, são como amebas grandes! A gente também é fofo! Poxa vida Dominic, quando nos transformamos ela não disse que nosso pelo era macio? Somos tão adoráveis quanto um estupido e flácido panda! E até melhor a gente não come nossos filhotes, só se faltar comida, mas somos ricos e isso não aconteceria! _ Sinto a impaciência latente do meu urso interior... _ Se a gente sumir com o bicho, será que ela vai notar? _ Olhei para o saco de pelúcias e entrei no consenso com Bernard, de que quando a oportunidade aparecer a gente se livra do Sir Bambu...

...

Depois de um bom tempo, terminamos de embalar tudo que Lisabel queria levar, apesar de estar levando muita coisa, percebi que a mesma também deixou várias outras pra trás, como suas roupas. Pode ser só insegurança da minha parte, mas ela parece ter separado o suficiente só para os seis meses que ela estará ligada a mim, gostaria que ela tivesse dito sim pra mim na primeira vez que a encontrei, pois agora tudo que tenho é um talvez e enquanto guardava suas coisas em minha caminhonete, não consigo deixar de sentir o peso que o talvez têm e sendo sincero, é um pouco sufocante!

Lembro de quando era mais novo e meus pais contavam alegremente como se conheceram, minha mãe se gabava que meu pai faltou se jogar em seus braços e sempre que ela fazia isso, ele dava um soquinho no braço dela e ficava super envergonhado, eles fizeram esse lance de companheiro parecer fácil, aumentaram o nível lá em cima! Como competir com eles? Até hoje em dia eles se escolhem, pois assim que Daniel ficou mais independente eles deram um jeito de se aposentar e viver em um casarão no sul da França. Me perguntou se um dia Lisabel iria me escolher da mesma forma que escolho ela...

Narração Pov

Sentado no banco do motorista em sua caminhonete, Dominic refletia sobre tudo que aconteceu desde que conheceu a coelha, seu urso interior estava tão frustrado quanto ele, era uma explosão de sentimentos que o urso nunca sentiu, raiva, tristeza, frustração, ansiedade, alegria e medo, essa misturinha tornava tudo uma verdadeira lástima para o urso. Eram tantos sentimentos, mas em momentos como agora que ele a via, tudo parecia valer a pena!

Ele a observou de onde estava, com um look diferente, que para ele combina mais com ela, suas madeixas estavam soltas, mas sua franja estava presa por uma xuxinha de pompom branca, era a única parte do corpo que estava com o seu vitiligo exposto, ela está vestida com uma jardineira azul bebê, botas felpudas de neve e um suéter branco por baixo da jardineira, ela abraçou com ternura todos da sua família, arrancando lágrimas não só deles como de si mesma e após um bom tempo ali, tempo esse que Dominic não ousou cronometrar, Lisabel se virou, indo até o veículo. Os olhos castanhos dela cruzaram com os seus, eram como os dois últimos goles de um xícara de chocolate quente na noite mais fria do inverno, era algo que ele precisava e desejava do fundo do seu ser, que nunca acabe, pois se sumirem o conforto também some e se for assim, nada mais importará...

Lisabel _ Que foi? _ Perguntou já dentro do veículo e um pouco constrangida com o olhar penetrante do mais velho, que a fez se encolher um pouquinho, evidenciando seu medo ainda latente, ela passou nervosamente seus dedos por seus cabelos, colocando algumas mechas atrás das orelhas... _ Sei que demorei...

Dominic _ É que você fica muito linda com a franja presa assim! _ Disse a interrompendo, ele se inclinou um pouco e estendeu seu braço para alcançar a face de sua amada e com um toque de curiosidade, ele passou seu polegar em sua testa, deslizando carinhosamente seu dedo por sua marca de vitiligo. Lisabel não soube ao certo como reagir, então nada disse, no entanto sentiu suas orelhas ficarem quentes, ninguém nunca tinha dito que suas marcas a deixavam mais bonita…

Lisabel _ Bigada… _ Murmurou baixinho, seus rostos estavam tão próximos que Dominic poderia beijá-la ali mesmo e por um momento ela achou que ele faria isso, mas ele se inclinou mais um pouco e prendeu o cinto de segurança dela no lugar, logo se afastando e ligando o motor. Já a coelha abriu o porta luvas e pegou sua chupeta, ela usou o objeto de conforto para dispersar sua ansiedade latente…

Continua…

LisabelМесто, где живут истории. Откройте их для себя