Lisabel

Capítulo 46

Maya Pov

Após esse psicopata me soltar como se eu não fosse nada, me apoio em meus joelhos tentando recuperar o fôlego da vida, por um momento sentir minha visão escurecer, eu realmente achei que ele... Encosto no meu pescoço dolorido, sendo consumida por tal pensamento horrível...

Edmundo _ Sabe, você é muito parecida com sua mãe, mas tem os mesmos olhos de seu pai quando implora pela vida! _ Diz apático me olhando de cima... _ Laços familiares, não é mesmo?! Nossas almas podem ser únicas, mas nossos corpos são tão suscetíveis e maleável, é realmente divertido analisar o quão longe dá pra ir! Quando eu era criança e ouvia os horrores de Epona, tinha medo de um dia ela voltar, mas hoje a entendo... _ Tira um lenço de seu bolso e estende pra mim, cansada de seus joguinhos bato em sua mão, dispensando o tecido estampado e qualquer falsa gentileza que ele tenha a me oferecer... _ É realmente fascinante observa as reações que os corpos tem, mas ela era um tola por odiar o objeto de seu prazer! _ Continua com seu monólogo enquanto guarda o lenço...

_ O que você quer de mim Edmundo... _ Minha pergunta saiu mais exausta do que gostaria...  _ Você já levou dez anos da minha vida, o que mais você quer que eu já não tenha te dado? Eu sinto muito que minha mãe estava envolvida diretamente no declínio de seu pai, mas como você não teve culpa, eu também não tenho! Éramos jovens, nem sabíamos o que estava acontecendo, eu só fui saber quando você me mandou aquela maldita carta!

Edmundo _ Carregamos os fardo de nossos genitores Maya e não se preocupe, você não me deve mais nada... _ Me apoio em um dos meus lobos, tentando me levantar... _ Mas não posso dizer o mesmo de Delfini... _ Escorrego ao ouvir o nome da ursa polar.... _ E todos os irmãos Durand, eles são o caminho para atingir Lena!

_ Não Delfini! _ Me obrigo a levantar, ficando de pé com dificuldade... _ Eu vou...

Edmundo _ Não se preocupe Maya, sua lamentável e preciosa Delfini não me importa muito, sendo franco, se ela não fosse filha da Lena e irmã de Dominic, eu nem me lembraria de sua existência, mas bem, como não é o caso, creio que também tenho que envolve-la... _ Não Delfini, ela já passou por tanta coisa, ela não sobreviveria aos caprichos de um louco cego pelo desejo de vingança... _ E você não pode mudar isso, Maya!

_ Eu te dou qualquer coisa, só deixe ela em paz, mesmo sendo uma ursa polar, Delfini se tornou mais fraca por minha causa. Ela nem consegue se transformar! Se você quiser mais dez anos da minha vida, são seus! Mas eu estou implorando que a deixe fora disso! _ Volto a ficar de joelhos, não sou forte o suficiente para mata-lo, no entanto nem que eu precise vender minha alma a ele, não vou permitir que ele se aproxime de Delfini, esse é o mínimo que posso fazer por ela. Depois de ter ido embora sem explicar o motivo, o que lhe resultou em uma terrível depressão que cortou a ligação dela com sua alma animal, minha Delfini deixou de ser aquele raio de luz que eu tanto amo... _ Por favor, Edmundo, peço que a deixe em paz!

Edmundo _ Que showzinho patético Maya, demonstrando tanta fraqueza na frente de sua alcatéia, isso é lastimável. Porém, devo admitir que ao meu ver sua lealdade a sua companheira é algo que me parece bem frágil, nunca devemos abandonar aqueles que dizemos amar! _ Me seguro para não chorar, eu não tive muitas opções quando deixei Delfini e ele sabe disso, Edmundo é o único que sabe pelo inferno que passei nesses últimos dez anos... _ Não quero mais dez anos da sua vida, no momento isso não vale quase nada pra mim! Só passei para avisar que fique longe do território dos Durand, não quero você atrapalhando meus planos. Se eu fosse você esperaria a próxima vida para ver Delfini novamente, isso se você não cortou sua linhagem de reencarnação... _ Ele se vira voltando pro seu carro, minha mente está a mil em busca de algo que talvez ele queira... _ E bem, não é problema meu que ela não vá aguentar, na verdade até prefiro assim, boa sorte com sua existência miserável...