Narração Pov
No canto da bancada de mármore, Lisabel se encontra em silêncio mordiscando uma rodela de cenoura bem cozida, ela está perdida demais em seus pensamentos para sequer notar o que está a sua volta. A coelha ficou apavorada com o confronto de sua irmã com Dominique, já fazia bastante tempo que a mesma não via uma briga entre espécies, não desde a morte de seus progenitores.
Ela se sente um tanto que culpada, por ser o estopim de toda essa discórdia, pois se a mesma tivesse tomado outro rumo desde que conheceu Dominique, provavelmente as coisas seriam diferentes. Não, ela tinha certeza que seriam diferentes, afinal foi por causa de sua rejeição que o urso a sequestrou, o que gerou mais acontecimentos desastrosos...
Nina _ Gostaria de mais alguma coisa? _ Pergunta de forma gentil, puxando Lisabel de seu estado de angústia, a velha coiote foi a única com boa vontade para falar com a pequena, as demais estão muito ressentidas para sequer lhe dirigir um bom dia...
Lisabel _ Não obrigada, eu estou bem. _ Diz quase em um sussurro...
Nina _ Não parece que está bem! _ Se senta ao seu lado e começa a dar leves tapinhas nas costas de Lisabel, que com o simples gesto desaba em lágrimas... _ Own querida, tudo bem! Pode chorar, ninguém vai te recriminar por isso, põe pra fora tudo que está sentindo!
Lisabel _ É só... que essa situação toda é... tão caótica e... sinto que é minha culpa! _ Soluça em meio a sua fala, tentando se controlar para não entrar no little...
Sra. Blanc _ Não se martirize tanto! _ A governanta entra no cômodo, chamando a atenção de todos... _ Essa antipatia de ambos os lados vem da rivalidade territorial, isso sempre acontece quando dois supremos entram em conflito!
Nina _ Sim, a maioria dos shifters são bastante territorialistas, tanto com o seu lar quanto com o seu bando e isso só aumenta com os supremos! _ Explica para a coelha, enquanto limpa suas lágrimas com um lenço... _ Sua irmã te considera muito e...
Manon _ E por ter tanta consideração, não acho certo a escolha dos Deuses! _ Diz ao entrar na cozinha, recebendo diversos rosnados das demais coiotes no recinto... _ Podem dar licença, quero conversar a sós com a minha irmã! _ As mesmas nada falaram só saíram do recinto rosnando em desagrado...
Sra. Blanc _ Sinto muito, pelo o comportamento delas! _ Se desculpa pela educação que se exige no momento... _ Vamos Nina! _ Chama a mais velha que ainda nem se moveu...
Nina _ Okay, já já eu volto, querida e faço um doce bem gostoso para você! _ Se levanta e segue até a saída dos fundos, logo deixando as irmãs sozinhas...
Manon _ Olha Lisabel... _ Suspira pesadamente... _ Sinto muito que tenha presenciado o confronto, sei que você detesta esse tipo de coisa! _ Se senta ao seu lado e pega suas mãos, logo fazendo carinho nas mesmas... _ Sendo bem franca, meu plano inicialmente era resolver tudo na base da conversa, mas quando cheguei aqui e senti o cheiro de tantos predadores, meus instintos falaram mais alto! Esse território é cheio de ursos polares, coiotes, leopardos das neves e pumas, eu não encontrei nenhum rastro de shifters de pequeno porte, isso me deixou assustada, só de pensar na minha irmãzinha no meio de tantos predadores!
Lisabel _ Eu compreendo, você seguiu seus instintos... é só... era tanto sangue, parecia que você ia arrancar o pescoço dele e agora que estamos ligados pela marca, o que aconteceria comigo se você tivesse conseguido?! _ Esse pensamento a assombra sem dó, lhe fazendo hiperventilar, causando pânico na mesma. Vendo o estado da irmã, Manon verifica os bolsos do vestido, à procura da chupeta que a mesma havia trazido...
Assim que acha, a mesma vai até a pia dando uma simples enxaguada na chupeta branca lisa, em seguida volta para sua irmã pondo o objeto em seus lábios e a puxando para seus braços, a abraçando de maneira protetora e fazendo doces carícias em seus cabelos. A coelha suga frenéticamente a chupeta, tentando se recompor a todo custo, ela odeia se sentir tão vulnerável...
...
Manon _ Está melhor? _ Pergunta ao perceber que sua respiração ficou mais lenta.
Lisabel _ Xim! _ Murmura com a chupeta ainda na boca...
Manon _ Que bom! _ Sorrir com a fofura da mais nova e limpa suas lágrimas com o polegar... _ Não consigo crer que seu companheiro é aquele homem, logo um urso polar, a Deusa Cerridwen cometeu um erro! Só pode ser isso, se formos a um sacerdote ele poderá verificar isso e você poderá ficar livre dessa loucura...
Lisabel _ Naum... _ Interrompe a raposa e logo tira a chupeta da boca _ Não acho que tenha sido um erro! Sei lá, eu consigo sentir algo em meu coração sempre que ele se aproxima, é estranho, mas minha coelha interior sabe que ele não vai nos machucar, no entanto em certos momento eu fico apavorada só com a sua voz e minha mente me leva para aquele dia horrível, eu estou tão confusa com tudo! _ Confessa se sentindo estranha...
Manon _ Ahhh... _ Suspira com a declaração da irmã, essa simples descrição um tanto embolada, foi o suficiente para a raposa ter certeza de uma coisa... _ Você já parou para conversar com a sua coelha?
Lisabel _ Não, eu tenho evitado ela desde que conheci Dominique... _ Lisabel olha pros lados, para garantir que não tem ninguém por perto e sussurra... _ Ela me faz sentir coisas toda vez que ele se aproxima!
Manon _ Que tipo de coisa? _ Pergunta simples o que faz Lisabel ficar levemente vermelha...
Lisabel _ Coisas que meninas grandes sentem... _ Ao perceber do que se tratava, Manon muda o foco do assunto...
Manon _ Lisabel, você tem que falar com ela, o inverno em breve chegará e você hiberna por uma semana, não conseguirá dormir se sua alma estiver perturbada e você lembra o que aconteceu da última vez que você não hibernou?! _ A repreende se lembrando do incidente do jardim...
Lisabel _ Como eu poderia esquecer, mamãe me fez tapar a toca que cavei e passei toda a primavera, replantando a horta! _ Murmura envergonhada... _ Tudo bem eu vou conversar com ela!
Continua...
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Lisabel
Romance🎀⚠ ⚠🎀 Corre! Meu instinto grita ao vê-lo novamente, Dominique me olha de forma intensa e ao mesmo tempo curiosa, me fitando com seus olhos azuis aterrorizantes que a todo momento não me perdem de vista. Me pergunto como ele descobriu onde eu traba...