Capítulo 51

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Dominic Pov

Voltei a minha forma humana, sentido o peso da minha impulsividade, eu estou tão aliviado por ela estar bem, mas me arrependo de não ter analisado melhor a situação. Vou lentamente até ela que se esconde no meio da próprias roupas e suspiro ao ver esse montinho tremendo freneticamente, é como um triste deja vu...

_ Sinto muito por te assustar, querida... _ Sussurro a pegando no colo, ela luta contra meu toque, chiando e se debatendo, mas não permito que ela se solte. Pego seu casaco do chão e a embrulho nele, está muito frio para ela ficar sem nada...

Delfini _ Dominic! _ Me viro em direção ao chamado da minha irmã, ela e Diana, que não está mais em sua forma animal, passam apressadamente pela a entrada...

Diana _ O que houve com ela? _ Pergunta apontando para uma Lisabel ainda agitada em meus braços...

_ É complicado... _ Suspiro negando com a cabeça e mudo meu foco para o rastro de sangue... _ Vocês podem resolver isso? Seja o que for não é tão importante quanto ela. _ Diana que está descalço na neve e coberta somente pelo casaco de sua gêmea, faz que sim e se dirige até a casa de hóspedes, sendo seguida por uma Delfini meio receosa.

Enquanto a mim, me agacho para recolher as vestimentas da minha companheira e a cesta jogada no chão, caminho calmamente até o casarão. Não estou muito preocupado com o intruso ferido; provavelmente é apenas um shifter ferido em busca de ajuda. No entanto, se alguém estiver caçando e atormentando shifters em meu território, enfrentará minha ira. Isso é algo que eu desprezo com todo o meu ser, ir atrás de quem não pode se defender, só escórias fazem isso!

No entanto, Diana pode cuidar disso por hora, minha maior preocupação agora, é Lisabel. Sinto seu coraçãozinho bater como as asas de um beija-flor, ela treme de medo, e a pior parte é ouvir seus chiados cheios de lamentos. Vê-la assim desperta em mim uma vontade estranha de chorar. Talvez seja empatia por sua dor. Tive a sorte de crescer com meus pais e nunca presenciei a perda deles, mas minha coelhinha não teve essa oportunidade, que considero o mínimo. Quero chorar por essa garotinha que perdeu suas estruturas tão jovem. Quero abraçá-la, dizer que não foi culpa dela e fazê-la esquecer da dor. Mostrar a ela que não está mais em perigo, mas não sei ao certo como fazer isso...

Ao me aproximar do casarão, percebo a presença de alguns ursos do meu bando. Estão descontraídos, conversando e comendo biscoitos. Ver a despreocupação deles desperta uma revolta dentro de mim que não consigo conter.

_ Vocês estão explorando minha generosidade ao extremo, isso é inaceitável!! _ Esbravejo em um tom mais calmo, para não assustar mais a coelha em meus braços, não vou ceder aos meus impulsos de gritar com esses idiotas! _ Alguém invadiu minha propriedade e vocês, seus inúteis folgados, estão aqui parados! Vagabundiano, como se não tivessem tarefas para fazer! Não deveriam estar vigiando o território?! Por que diabos estou pagando vocês para não fazerem absolutamente nada? Honestamente, deveria suspender todos e colocá-los para trabalhar no dia do festival! _ Sinto Lisabel ficar tão agitada quanto quando a peguei há alguns minutos, então respiro fundo para não perder o controle e usar minha dominância contra eles, o que acabaria afetando ela também... _ Vão para a casa de hóspedes e ajudem Diana com o intruso! _ Ordeno indo até a entrada, antes de entrar paro e olho de relance pra eles... _ É bom dormirem bem essa noite, amanhã vão treinar com novatos e eu vou passar o treinamento, não vai ser o Jack! _ Fecho a porta atrás de mim e caminho até o segundo andar, no corredor vejo a senhora Blanc que vem até mim em passos rápidos, com um olhar carregado de preocupação...

Sra. Blanc _ O que ocorreu? Ela está ferida? _ Somente nego sem saber ao certo como explicar...

_ A senhora sabe como obriga-la a voltar a sua forma humana? Não sei bem o que fazer com ela nesse estado... _ Admito à mais velha.

Sra. Blanc _ Se deseja induzi-la a retornar à forma humana, devido à natureza roedora de sua espécie, a abordagem mais eficaz seria submergi-la em água gelada. No entanto, desaconselho veementemente essa prática. Ela sentirá como se estivesse se afogando, ativando seu instinto de sobrevivência, mas considero essa abordagem bastante brutal. Presumo que o senhor não queira submetê-la a tal situação. _ Concordo veementemente com sua conclusão, jamais faria isso com ela! _ Aconselho que o senhor solicite gentilmente que ela retorne à sua forma humana. Inicie uma conversa, faça-a sentir-se segura o bastante para fazer essa transição. É crucial que ela compreenda que não será prejudicada. Demonstre de maneira clara e reconfortante que sua intenção é cuidar dela e que pode confiar que com você está em segura. Essa abordagem delicada pode ser fundamental para tranquilizá-la e encorajá-la a voltar ao estado humano.

_ Me pergunto se sou capaz de causar tal sentindo aconchegante nela, ultimamente não estou sendo muito bom nisso... _ Tento acariciar seus pelo, mas Lisabel se afasta ao sentir meu toque em sua cabeça...

Sra. Blanc _ Compreendo que para nós, predadores, pode ser desafiador transmitir segurança às tão delicadas presas. No entanto, apesar de nossa natureza assustadora, possuímos uma abundância de amor em nosso ser. Ela perceberá isso; confie em mim, no fundo, ela sabe que o senhor nunca lhe faria mal. Nunca deixe de reforçar isso a ela, esse entendimento pode ser crucial para estabelecer confiança e tranquilizar Lisabel em relação à união de vocês. _ Como um gestos carinhosos, ela me conforta, dando leves batidinhas nas minhas costas, e delicadamente recolhe os pertences da coelhinha... _ Vou providenciar uma mamadeira quentinha para ela; acredito que será um mimo reconfortante para quando ela voltar à forma humana. _ Concordo e encaminho-me para o quarto de Lisabel. Ao entrar, fecho a porta deixando-a entreaberta. Coloco a coelha na cama, e ao se ver livre do meu aperto, ela corre para se esconder entre as diversas pelúcias espalhadas sobre a cama dela. Um suspiro meu, escapa diante da visão adorável e eu me ajoelho em frente à cama, mantendo uma distância adequada...

_ Eu já te disse isso antes, mas se precisar, não só direi como também demonstrarei todos os dias até que eu não exista mais! Você está segura comigo, Lisabel! Sei que pareço grande e assustador aos seus olhos, mas não passo de um ursão de pelúcia, como aqueles que você tem, só que bem maior e ainda melhor! Tenho o pelo macio e o interior cheio de espuma... _ Paro ao perceber que já estou começando a falar besteira... _ Desculpe, não sei bem o que te dizer, não sei se a algo que possa te dizer... _ Me sento meio deprimido no chão, de costas pra ela... _ Sabe, quando vi que o sangue dava na minha propriedade, eu senti um enorme sufoco em meu ser, nunca senti algo assim antes, acho que foi a primeira vez que realmente fiquei apavorado! Sim, eu o grande urso polar supremo, sentiu medo! Tanto que quando me dei conta já estava correndo até você, na hora nem pensei que poderia te assustar e eu sinto muito por isso, deveria ter me ponderado... Não, quer saber? Não vou me desculpar por estar feliz por você estar bem, por me sentir aliviado ao ver que todo aquele sangue não era seu, eu não vou me desculpar por isso Lis... _ Sinto algo peludo e macio em meu ombro , olho para a coelha que sobe com dificuldade em mim, com suas patinhas fofas, a pego e assim que me levanto novamente ela volta a sua forma habitual, agarrando-se ao meu tronco, como uma criança chorosa que se agarra a perna da mãe...

Lisabel _ Tinha muito sangue Minic! _ Diz chorosa escondendo seu rosto no vão do meu pescoço, me abraçando forte, um pouco surpreso com a proximidade, fico estático sem saber ao certo como devo prosseguir... _ Machucaram a mamãe, ela tá sangrando Minic, ela e o papai naum...   _ Um soluço cheio de dor escapa de sua garganta... _ Elhis, elhis... naum vaum volta pa Belbel, elhis me deixalam sozinha nu mundu, os monstrus vaum mi leva tambein, Naum deixa Minic!

_ Eu não vou Lisabel, prometo que não vou deixar ninguém levar você! _ Abraço ela, a mantendo mais firme em meu corpo, olho ao redor e ao indentificar sua chupeta em sua cômoda, pego ela e coloco em seus lábios, que suga o objeto com veemência, a silenciando e a afastando da dor que está sentindo... _  Você está segura, vou te proteger de qualquer um que tente lhe fazer mal, eu te prometo! _ Sussurro e me deito com ela na cama, com seu corpo junto ao meu, nos cubro com seu edredom felpudinho e faço carícias em seu cabelo. Ela está de frente pra mim, me olhando com seus grandes olhos castanhos, que insistem em permanecer despejando lágrimas, enquanto tenta se acalmar com a sua chupeta. Eu estaria radiante com a proximidade, se não fosse pelo clima depressivo que paira no ar... _ Está tudo bem agora, Lisabel! Eu estou aqui e comigo por perto, nenhum mal vai te alcançar!

Continua...

LisabelOù les histoires vivent. Découvrez maintenant