Capítulo 22

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Capítulo 22

[Atenção, pode ter gatilhos por conta de um assunto extremamente sensível.]

Um vampiro está fadado a se sentir vazio e em algumas vezes, uma vida longa não faz sentido, tudo que torna tão emocionante para um humano, coisas simples da vida, no decorrer do tempo se torna maçante. Era e ainda é, simplesmente impossível evitar que um vampiro se afunda na mais profunda devassidão, se tornando um monstro por qualquer migalha de emoção ou excitação. Não importando o preço. Até mesmo os mais honrados, como meu pai, tendiam a ser monstruosos vez ou outra.

Seria cômico se um vampiro acabasse com a própria vida? Afinal, vampiros eram um poucos covardes e ao invés de acabarem com a própria vida, eles preferem exterminar outras. Ao invés de colocar um fim na sua pseudo eternidade, ele simplesmente vagava por séculos como um verdadeiro amaldiçoado, findando tudo que tocava em suas presas. Uma cria e um adorador da morte que oferece a seu bel prazer almas para sua deusa, mas com medo demais para persegui-la ou a encontrar cara a cara. Um ser que vagava, e só, sem destino e muitas vezes sem direção. Eu podia compreender de certa forma.

Era verdade que eu era um ser único. Nem vampira e nem... Seja lá o que minha mãe fosse. Embora eu não fosse tão ligada com a morte, ela ainda poderia ser considerada como uma patrona, e por mais que eu tivesse preocupações e ansiasse em me tornar um completo monstro, uma coisa ficou muito clara para mim. Como meia vampira eu não poderia levantar outros como eu, assim como eu também, não poderia criar vida com minha outra parte.

Eu era estéril. Era simplesmente impossível eu ter filhos e descendentes. Ao menos, até onde eu sabia. Mas e se existisse uma mínima possibilidade? E se existe, como essa criança foi gerada sem meu conhecimento? Um arrepio gelado subiu pelo meu corpo, como se milhares de larvas formigase sobre minha pele, me fazendo estremecer com o sentimento.

Eu estava me sentindo sem emoções, tão vazia quanto uma boneca de porcelana, seguindo mecanicamente as costas grandes do homem lobo andando com passos apertados pelo longo corredor da mansão, que volta e meia se voltava para ver se eu ainda o estava seguindo, com uma emoção brilhando em seus olhos azuis que eu ainda não poderia decifrar. Não era particularmente importante que eu prestasse atenção nele. Na minha cabeça rodava apenas duas perguntas repetidamente;

Se ele era meu filho significava que eu podia ter bebês? Se sim, eu nunca havia me deitado com homem algum, o mais perto da luxúria que eu tinha chegado era com o homem lobo... Então como eu poderia ter engravidado?

Era verdade que 500 anos dormindo foi o bastante para civilizações caírem, várias guerras, e este mundo moderno que ela começara a entender e gostar. Ela certamente não teria sido mesmo ... Não, balancei a cabeça tentando afastar o pensamento sombrio da cabeça.

- Zara... Você está bem? - A voz suave e rouca do Lincon me tirou de meus pensamentos seriamente perturbadores, me fazendo perceber a enorme porta de madeira com detalhes em zinco e bronze, em que estávamos parados. Eu estava levemente distante do homem que me olhava com preocupação, suas sobrancelhas franzidas acentuavam ainda mais seus olhos azuis gelados.

-Eu... Eu não sei. - Eu soltei um suspiro cansado. - Eu nunca me deitei com homem algum, ao menos não me lembro de nada, o meu sono foi muito longo, muito poderia ter acontecido sem meu conhecimento. E se essa criança for fruto de um estupro? O que eu deveria fazer? - Eu engasguei com a última frase, sentindo meus olhos marejaram, me deixando com um sentimento amargo na boca, como se não bastasse o fato de toda a situação tensa, mostrar o quão frágil eu estava na frente do lobo não deixava as coisas mais fáceis.

Os ombros do homem ficaram tensos ao ouvir a palavra que nós dois estávamos pensando, mas sem coragem de dizer.

-Olha, esposa, eu não sei o que está acontecendo nem se essa criança é mesmo seu filho de alguma forma... Mas se realmente tiver acontecido, vamos caçar o desgraçãdo e o fazer arrepender de sua existência, acredite eu terei o prazer de cuidar disso para você. - Seus olhos se relampejaram em um vermelho furioso. Dando calafrios a quem estivesse ao redor do supremo alfa.

A Noiva Do Rei  (O Filho Do Alfa)Where stories live. Discover now