Da Cor Do Sangue

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A manhã parece chegar cedo já que não preguei os olhos à noite, pensando em como deve estar Levi. Apesar de eu odiá-lo não posso evitar de me preocupar, aliás, qualquer pessoa se preocupa se você leva uma pancada daquelas. Mas ele é um vampiro, deve conseguir se virar sozinho.

Levanto da cama para observar o dia da janela, o mesmo continua chuvoso e coberto por nuvens cinzas. Suspiro. Com um tempo desses não tenho vontade de ir à escola, mas preciso saber como está Levi e lá é o único lugar que posso encontrá-lo. 

Me agasalho adequadamente e desço as escadas em direção à cozinha, onde encontro Alice fazendo seu suco verde. Costumo comer apenas uma fruta pela manhã por não sentir muita fome, então pego uma banana da fruteira e tento passar despercebida por ela, mas sem sucesso.

— Nem sequer um bom dia? — ela pergunta, colocando o suco em um copo.

— Bom dia — digo, sem parar de andar na direção da saída.

— Espere aí! — Eu ignoro. — Carrie Manson! Pare aí mesmo! — Decido ouví-la para que me deixe em paz.

— Fala.

— Mark tem um jantar de negócios hoje e eu vou acompanhá-lo.

— E o que isso tem a ver comigo? — Jogo a casca da banana que acabei de comer no lixo.

— Alicia disse que vai estudar com o namorado, mas é claro que não acredito nela — Ela toma um gole do suco fazendo careta. — Você vai vigiá-la para mim.

— Ata! — digo sarcasticamente.

— Você vai vigiá-la para mim… — Ela dá ênfase a palavra vai. — ... ou eu vou ter que inventar uma historinha para o seu pai de como você se comportou — Eu bufo, sabendo que as palavras dela tem mais importância para meu pai do que as minhas.

— Ok!

...

Como sempre, mesmo em meio a chuva, os alunos continuam se amontoando na entrada da escola com seus guarda-chuvas. Enquanto estaciono meu carro, tento reparar em alguma mancha de sangue ou estilhaço do carro de ontem no asfalto, mas não há nada. Sumiu?

Desço do carro e corro para dentro da escola com meu guarda-chuva, pisando em algumas poças de água. Guardo ele no meu armário e sigo para a sala de aula. Tomara que Levi apareça! Sento no mesmo lugar de sempre e começo a vagar pelo celular, e a primeira coisa que vejo é uma notícia. 

Encontraram um carro abandonado num terreno baldio, o mesmo carro que bateu em Levi. Porém, não havia nenhum corpo por perto, ou muito menos manchas de sangue, apenas um grande amassado no capô do carro. Como isso é possível? Continuo lendo. O líder da investigação diz que o carro não tem placa e que não há câmeras perto do local para conseguirem ver algum suspeito. É como se o carro tivesse vida própria. Por que me sinto aliviada com essa notícia?