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Eu fui

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Eu fui... rejeitada! Toda a coragem que eu juntei e as horas que passei pensando o que iria dizer, no fim, foram em vão, pois eu acabei sendo tomada pelas emoções do amor e dizendo sem pensar um "eu te amo". 

Caramba! Como sou idiota, o que eu pensei que iria acontecer? Que ele iria corresponder, deixando de lado todas as nossas diferenças e se jogar nos meus braços? Rio sozinha no meu quarto, tentando segurar o choro e sentindo um misto de tristeza e raiva comigo mesma. 

Felizmente, quando eu voltei para casa abatida ontem à noite, todos já estavam em seus quartos dormindo. O que me deu a oportunidade de chorar baixinho enquanto subia as escadas me sentindo derrotada. 

Meu coração está em pedaços depois de ter presenciado a reação de Levi em relação as minhas palavras. No fundo, eu ainda tinha a incerteza de que ele reagiria assim, só não pensei que a dor da rejeição ia ser tamanha.

O leve calor do sol toca minha face quando me levanto da cama e chego perto da janela para ver o que há de bom na conversa que vem lá de fora na calçada da casa. Arregalo os olhos ao notar a inesperada presença de Peter Maloy, meu primeiro e último namorado até agora. 

Instantaneamente, fico mais animada. Ele foi uma das pessoas que me ajudaram a aguentar a mudança repentina para a casa dos Manson. 

Eu o conheci no meu primeiro dia na escola, quando eu era apenas uma criança assustada de sete anos num mundo totalmente novo. Meu pai havia apenas me deixado naquele lugar estranho, somente com as minhas roupas do corpo. Sequer pensou que eu precisaria de algum material para poder estudar. Restou-me apenas ter que observar enquanto as outras crianças interagiam e se divertiam já que nenhuma emprestaria seu material para uma desconhecida que entrou no meio do ano. Mas Peter era diferente, ele fez questão de ficar comigo até o final da aula, enquanto as outras crianças continuavam receosas de chegar perto.

Nossa amizade se transformou em um namoro quando tínhamos quinze anos, mas o relacionamento durou menos de um ano já que ele sumiu sem aviso prévio. Depois descobri que tinha ido morar na Europa com seus pais para investir na sua carreira de jogador de futebol. Nunca mais nos falamos. Porém agora, posso finalmente revê-lo e desfrutar de mais momentos divertidos junto a ele. 

...

— E como vai sua carreira de jogador, Peter? — Ouço a voz do meu pai quando chego no térreo.

— Muito bem, Sr. Manson! Já participei e ganhei inúmeros jogos com a ajuda do time.
 
— Isso é excelente! Mas, por favor, me chame só de Mark, você faz parte da família.

— É claro, Mark.

Com receio de estragar a conversa que, aparentemente, está agradável, eu apareço de mansinho na sala de estar para observar o garoto de pele e cabelos escuros que me desestabiliza com seus olhos verdes que olham diretamente para mim.

— Carrie — diz Peter, sorrindo.

Eu tentei por todos esses anos sentir alguma raiva por ele ter desaparecido sem falar comigo antes, mas simplesmente não consegui. E vendo seu sorriso sincero agora, como se ele também estivesse com muita saudade, eu sei que ele não é merecedor de nenhum ódio e deve ter tido bons motivos para não me avisar sobre sua partida.

— Oi, Peter — Sorrio de volta.

— Carrie, podemos conversar um minuto? — pergunta Mark.

— Claro — Eu o sigo até a cozinha.

— Me desculpe se o jeito que me referi a sua mãe naquele dia soou desagradável.

— Não vamos falar sobre isso — Ameaço ir, mas ele me impede.

— Eu realmente estou arrependido, e peço desculpas não só por aquele dia, mas também por eu não ter sido um bom pai para você — Eu suspiro, mas o deixo continuar. — Por muito tempo eu neguei você e a sua mãe e me arrependo muito disso, por isso eu tenho tentado dar tudo o que você não teve.

— Eu não estou interessada em bens materiais.

— Agora eu sei disso — Ele agarra minhas mãos. — Não demonstrei meu amor da melhor forma, mas eu realmente amo você, Carrie — Tento não demonstrar meu choque por suas palavras.

— Me faça acreditar nisso que talvez eu perdoe você — Puxo minhas mãos e volto para sala de estar. — Vamos sair daqui — digo ao reencontrar Peter e arrancá-lo dali.

— O que aconteceu entre vocês? — pergunta Peter enquanto caminhamos.

— Ele foi um babaca como sempre — Ele ri.

— Você não mudou nada.

— Isso é um elogio?

— Sim, já que eu gosto de você desse jeito — Fico envergonhada.

— V-vamos sentar ali? — Mudo de assunto, apontando para o banco de uma praça.

— Como vai a escola? — Peter inicia a conversa quando nos sentamos.

— Uma catástrofe! 

— Por que?!

— Bom, agora parece que todo mundo sabe quem é Carrie Manson.

— Isso é bom, não?

— Eu acho que não, já que me deixaram encharcada com suco.

— Sério?! — Ele levanta as sobrancelhas, surpreso.

— O cheiro do suco ainda continua em mim mesmo depois de dois banhos! — Me surpreendo quando seu rosto chega perto do meu pescoço e sinto o ar ser puxado dali. 

— É verdade! — Ele ri, se afastando. — Mas por que fizeram isso com você?

Temia que ele fizesse essa pergunta. Os calafrios já percorrem meu corpo ao me lembrar que tudo é por causa daquele vampiro que me deixou sozinha após eu revelar meus sentimentos por ele. Sua feição aterrorizada ainda me assombra. Por que meu coração tinha que escolher justo ele!?

— Eu ainda não sei — minto.

Da Cor Do SangueWhere stories live. Discover now