Da Cor Do Sangue

Capítulo 37

Chegamos no endereço escrito no finalzinho da carta e descemos do carro. Paramos para observar a mansão escura e desgastada pelo tempo à nossa frente. No fim, viemos eu, Levi, Alicia e Peter para o baile, vestidos com roupas formais encontradas de última hora. Colocamos nossas máscaras no rosto para esconder nossa identidade. Mas imagino que isso não funcione para mim já que devo ser a única com uma barriga de grávida enorme aqui, o que já se supõe de cara que eu sou quem carrega o vampiro puro. Adentramos a mansão. Surpreendentemente, o barulho é mínimo, se ouve apenas uma música clássica de fundo e a conversa das pessoas presentes. Será que todos são vampiros? Reparo em uma pirâmide de taças que possuem um líquido vermelho dentro.

- Não beba, é sangue. - Levi sussurra em meu ouvido enquanto me guia pela cintura como Peter faz com Alicia também.

Noto que, além das taças com sangue, existem algumas pessoas só com roupa íntima que pelo visto estão servindo os vampiros daqui como bolsas de sangue já que estão sendo mordidos simultaneamente por vários dos convidados.

- Como vamos saber qual deles são invictos? - Pergunto a Levi.

- O globo ocular deles é preto enquanto a íris é vermelha, são sempre assim, não conseguem mudar a aparência dos olhos como nós vampiros comuns.

- Então como eles conseguem se disfarçar entre os humanos?

- Hoje em dia é comum entre humanos ter olhos tatuados e usar lentes, por isso é fácil para eles se camuflarem sem que as pessoas pensem que são vampiros.

- Acho que vou desmaiar. - Alerta Alicia, o que me faz lembrar que ela é fraca para sangue, e se olharmos para qualquer lugar aqui o que vemos é sangue e mais sangue.

- Senta ali. - Peço a Alicia ao avistar um banco de couro preto vazio já que nos outros está ocorrendo uma sessão de alimentação vampiríca. Ela se senta no banco. - Feche os olhos, talvez melhore a tontura se você não ver o sangue. - Ela o faz.

- Acredito que sua fome não foi totalmente saciada, consegue se controlar mesmo vendo todo esse sangue? - Levi indaga Peter.

- Acho que posso me controlar, não estou faminto.

- Ótimo, vou precisar da sua ajuda se algo der errado.

- Pode contar comigo.

Fico surpresa e feliz por parecer que finalmente esses dois estão se entendendo. Meus olhos percorrem o lugar, mas acabam parando sobre um homem e uma mulher que cochicham olhando para nós. Meu pelos se arrepiam ao notar que seus olhos são como Levi descreveu, pretos e com a íris vermelha. Invictos! A mulher sorri assustadoramente e os dois andam até nós.

- Você deve ser Carrie, certo? - A mulher me estende a mão ao chegarem onde estamos, e para não ser mal educada eu a aperto, cumprimentando-a.

- Sim, sou eu.

- Muito prazer, sou Rosalie. - Largamos as mãos. - Este é meu irmão, Victor. - Sorrio para Victor quando ele faz o mesmo. - Vejo que nosso querido Rei está para nascer. - Ela olha para minha barriga sem tirar o sorriso do rosto enquanto seu irmão continua sério e calado, apenas observando.

- Sim, espero que nasça logo. - Digo, e ela volta a olhar em meus olhos.

- É um milagre a mãe estar viva até agora.

- É claro que devo receber os créditos por isso. - Fico chocada ao ver o Doutor Trent se envolver na conversa. O que ele faz aqui?

- Doutor... - Começo a nomeá-lo.

- Por favor, apenas Clark.

- O que faz aqui, Clark? - Levi o indaga, parecendo contrariado.

- Sinto muito Levi, mas esse bebê pertence aos invictos.

- Seu desgraçado! - Levi quase avança para cima de Clark, mas Peter o segura. - Estava envolvido com eles esse tempo todo!

- Você devia saber que vampiros só se importam com eles mesmos.

- O que te deram em troca, hum?

- Muitas oportunidades, Levi, muitas.

- Já chega. Saia daqui, Clark. - Ordena Rosalie, e Clarck a obedece fazendo uma reverência antes de ir embora. - Bom, agora me digam, por que se arriscaram a vir até aqui? - Vejo Levi contrair seu maxilar, parecendo relutar em dizer o motivo.

- Caçadores querem matar o bebê, precisamos de proteção. - Peter diz no lugar de Levi enquanto esse se acalma.

- Sabe que isso não será de graça.

- O que querem em troca?

- Vou garantir a proteção da Carrie e do Rei, mas quando ele nascer deverá ser entregue para nós. - Franzo o cenho.

- Não! - Nego sua proposta. - Qualquer coisa, menos isso.

- Não há outra coisa que queremos. É o Rei ou nada feito.

- Carrie, isto é o melhor, o bebê será bem cuidado por eles. - Peter tenta me convencer.

- Eu quem terei o prazer de criá-lo, não vou dá-lo a vocês.

- Ela está certa, o bebê é nosso. - Levi concorda comigo.

- Carrie... - Peter é interrompido por um barulho de tiro seguido por um grito estridente. Todos olham para a entrada onde uma mulher aparece mancando e grita:

- Caçadores!