Da Cor Do Sangue

Capítulo 25

Um mês depois...

Olho meu reflexo no espelho de chão do meu quarto. Estou fantasiada de Mortícia Addams enquanto Levi vai estar fantasiado de Gomez Addams, o marido dela. Não era o planejado combinarmos a fantasia, mas essa era a mais barata da loja em que fui e se levasse a do homem junto teria desconto, então, é claro, tive que arrastar Levi para isso. Coloquei inclusive uma peruca preta para realmente eu ser comparada com Mortícia Addams. E admito, não está nada mal.

- Estranha, vamos logo! - Chama Alicia através da porta.

...

O dia tão esperado pelos veteranos finalmente havia chegado. Agora que estou do lado de fora do salão, me sinto apreensiva com minha aparição em uma festa de adolescentes, da qual eu nunca havia sido convidada por ser invisível. Mas, de qualquer maneira, se eu fosse convidada provavelmente iria recusar. Me sinto desconfortável quando estou em uma multidão de pessoas, sinto como se todos olhassem para mim, me julgando, não que eu me importe com o que eles pensam, mas ser o centro das atenções não é boa coisa, esse cargo eu deixo para Alicia.

- Boa noite. - A voz masculina sussurra em meu ouvido, me fazendo virar para trás para admirar o esplendor de homem que é Levi. - Está linda, senhora Addams. - Observo sua conjuntura parando para rir do bigode que ele ousou colocar. Ele passa os dedos pela linha de pelos artificiais. - Não estou bonito?

- Obrigada pelo elogio. E sim, senhor Addams, está maravilhoso! - Tento conter a risada. Ele sorri.

- Que bom que está feliz. Vamos entrar? - Ele dispõe do braço para que eu entrelace o meu no dele. O faço e seguimos rumo a festa.

Quando entramos, dois homens nos cercam para tirar fotos. Tento recusar educadamente, mas são insistentes, nos fazendo posar para enfim a foto tirar. Depois disso, paro por um momento para admirar a decoração do lugar. Um globo de espelhos está no centro do teto e dele saem tecidos transparentes revestidos de brilho, mesas redondas acrílicas e cadeiras do mesmo material estão dispostas pelo piso, mas perto do palco onde há dois tronos existe uma pista de dança que muda de cor frequentemente. Que lindo!

- Vamos sentar? - Levi sugere, me guiando enquanto segura minha cintura. Sentamos na mesa onde está uma Alicia mal humorada. Noto para onde o olhar dela se direciona, um garoto que conversa com outras meninas que provavelmente estão sem par.

- Que descarado! Me convida para o baile e fica dando mole para as outras. - Reclama Alicia, o que me faz entender que o rapaz é seu par. Sinto pena dela apesar de sermos rivais, mas acho que sentiria isso por qualquer garota que levasse um bolo no dia do baile.

- Você tem tantos amantes, por que está sofrendo só por um a menos? - Pergunto, lembrando-a de todos os seus namorados. Ela bufa.

- Apesar de eu não gostar de você, dessa vez tem razão. E de todo modo, eu sou muita areia para o caminhãozinho dele! - Alicia declara, convencida do seu potencial. Uma música animada de repente começa a tocar, me fazendo ter um pequeno susto.

- Quer dançar? - Levi me pergunta. Olho para pista de dança onde alguns casais dançam animadamente enquanto outros solteiros fazem o mesmo em grupo.

- Talvez mais tarde. - Digo, insegura pois não sei dançar em público.

- Tudo bem. Quer algo para beber?

- Sim, qualquer coisa que dê para engolir está bom.

- Vou buscar para nós. - Afirmo com a cabeça antes de Levi sair em direção ao buffet.

- Vocês já treparam? - Me pergunta Alicia, fazendo-me olhá-la em desaprovação.

- Estamos em público! - Sussurro.

- E você é a Virgem Maria por acaso? Isso é normal!

- Tanto faz. De qualquer modo, isso não tem nada a ver com você, é a minha intimidade.

- Aff! Que sem graça. - Felizmente, Levi volta com três copos em mãos, interrompendo nossa discussão. Um ele entrega para Alicia que nem agradece, outro para mim que agradeço e o último é para ele. Experimento o líquido azulado, e gosto do sabor adocicado que ele tem. Vejo Levi tomar o dele também, o que me faz lembrar que ele é um vampiro e só bebe sangue, então por que está tomando isso?

- Você consegue beber isso? Não tem um gosto ruim? - O pergunto.

- Não tem gosto de nada, por isso eu bebo.

- Ah... - Uma música lenta começa a tocar, me dando mais coragem para dançar já que os passos devem ser simples. - Vamos dançar agora? - Levi me olha, tomando toda a bebida que havia no copo em um só gole.

- Vamos.

...

Depois de terminarmos a dança, sinto um enjoo repentino, fazendo meu estômago embrulhar. Levo a mão a boca tentando segurar a ânsia enquanto caminhamos de volta para mesa.

- Tudo bem? - Pergunta Levi, parecendo preocupado.

- Preciso de um pouco de ar, já volto. - Digo, o deixando sozinho na mesa.

Do lado de fora, o vento sopra frio me fazendo esfregar os braços. Corro para a lateral do lugar onde o vento não alcança, mas acabo me deparando com Alicia com um cantil provavelmente cheio de bebida alcoólica.

- O que está fazendo!? - Ela olha para mim, e posso notar um branco no seu nariz. Ela usou droga? - Você usou droga, Alicia!? O papai vai te matar! - Ela coloca o indicador sobre minha boca.

- Shh! Como ele vai descobrir se você não contar? - Ela ri, parecendo desnorteada e com a fala embolada. Eu pego o cantil de sua mão. - Ei! Me devolve! - Ela tenta pegá-lo, mas eu o levo ao alto.

- Nós vamos para casa! Chega de fazer merda! - Jogo o cantil longe e agarro seu braço, mas antes que pudesse arrastá-la, um homem para junto à nós.

- Vocês conhecem Levi Fitzroy? - Ele pergunta, e eu respondo que sim na inocência. - Podem pegá-las!