Capítulo 39

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(Levi narrando)

- Manson! Manson! - Dou pequenos e gentis tapinhas em sua bochecha, mas Carrie parece estar perdendo a consciência. - Fique de olhos abertos, me ouviu? Não os feche!

- Morde ela! Agora! - Peter pede insistentemente que eu faça algo do qual odeio profundamente: tirar a vida de uma pessoa para transformá-la em uma criatura fria e sombria.

Desesperado por não conseguir parar com o sangramento excessivo da boca de Carrie, me sinto encurralado, e mordê-la parece ser a única saída. Tento pensar com a razão para achar outra solução, mas o tempo está se acabando. Se eu não fizer nada, vou perdê-la. Encho meu peito de ar, tomando coragem para suportar toda a culpa que carregarei depois do que eu fizer agora. Levo seu braço até minha boca e o mordo, enquanto a vejo fechar os olhos de vez. Não morra! Sinto o gosto de sangue na boca e cravo todo o comprimento das minhas presas em sua pele, sugando toda a vida que resta dela.

- Chegamos. - Peter anuncia ao estarmos de volta à casa no lago, e desce do carro em seguida, abrindo a porta do meu lado. - Acho que já é suficiente, pode parar. - Ele pede que eu pare de mordê-la, e eu paro instantaneamente com este sacrifício. - Me ajude a levá-la para dentro, ainda temos que salvar a vida do bebê.

...

Deitamos Carrie sobre a grande mesa de jantar e Alicia coloca uma almofada para apoiar sua cabeça.

- Quanto sangue. - Alicia leva a mão a boca, me lembrando de seu ponto fraco.

- Não precisa ficar aqui se não suportar ver o sangue. - Diz Peter.

- Eu aguento. - Ela suspira, tentando suportar a ânsia. - Ela está morta?

- Sim... - A afirmação de Peter faz meu coração latejar. - ... por enquanto. - Me alívio ao saber que ele também tem esperanças de que ela fique bem. - Levi, ache o kit de primeiros socorros, eu vou esterilizar alguma lâmina.

- Lâmina? - Pergunto, não querendo acreditar na hipótese em minha mente do que ele fará com essa lâmina.

- Temos que fazer esse bebê nascer, é o que Carrie iria querer. - Suspiro, aceitando a ideia de ter que cortar Carrie.

- Certo. - Concordo e vou em busca dos primeiros socorros.

...

Quando retorno com o que Peter me pediu, Carrie já está com a barriga à mostra e Alicia está limpando a região que será aberta.

- Vamos começar. - Peter surge com uma faca esterilizada. - Prepare-se para estancar o sangramento, Levi. E Alicia, quando o bebê sair quero que segure ele para mim.

- Ok. - Eu e Alicia confirmamos.

Peter finca gentilmente a ponta da faca na pele da barriga de Carrie e a desliza, abrindo um corte na parte inferior da barriga. Me preparo para estancar o sangue que ousar sair dali, mas eu devo ter sugado a maior parte dele já que nenhuma cor vermelha se faz. Peter tira a bolsa com o bebê para fora e a abre também, fazendo o líquido amniótico encharcar o vestido rasgado de Carrie. O choro do bebê toma conta do local, e pela primeira vez nesse caos, eu sorrio. Ele entrega o bebê para Alicia enquanto corta o cordão umbilical.

- É um menino, Levi. - Ela me informa.

Alicia sai com o bebê para lavá-lo e eu ajudo Peter a fechar a ferida aberta na barriga de Carrie. Enquanto ele limpa o local da cirurgia improvisada, eu levo Carrie para o nosso quarto para limpá-la e torná-la apresentável denovo. Depois a deito já vestida na cama e a beijo na testa, sentindo sua pele fria sob meus lábios.

- Viva logo outra vez, meu amor.

Da Cor Do SangueOnde as histórias ganham vida. Descobre agora