"Não posso acreditar num Deus que quer ser louvado o tempo todo."
_ Nietzsche
🎨No livro de Levítico, diz que quando um homem se deita como mulher e fizer sexo, ambos morrerão.
Jimin respirou profundamente, como se todos os pensamentos fossem desaparecer. Não, não desapareceram.
Caminhou trôpego até o altar, tomou e bebeu do corpo de Cristo, imaginando como seria se descobrissem sua imoralidade. Será que ainda o tratariam da mesma maneira se soubessem que havia se deitado com um homem?
Tsc. É claro que não.
Talvez devesse deixar a atuação, mas os olhares das coroinhas estavam sobre ele e na sua beleza, algo que agradava à mãe, de maneira que ele conseguiria manter a falsa peça por mais tempo.
Talvez logo tomaria coragem.
Sorriu fraco ao voltar para o banco de madeira, o sorriso de uma das meninas estava direcionado a ele.
— Sua mãe pediu para que me sentasse perto de você. – A moça soltou uma risadinha e as bochechas coraram.
A partir daí, as coisas pareceram mais fáceis. Por um momento, Jimin esqueceu que havia saído de seu caminho sagrado, olhava para a garota e pensava se era possível sentir algum prazer com ela.
Novamente, as lembranças o assaltavam.
Atenciosa demais, a loira falava sobre os pais e a carreira que queria seguir depois do ensino médio, dizendo também que adoraria que ele aceitasse o convite dos pais para um almoço de domingo.
Jimin nunca fora apresentado à família de ninguém, somente a do melhor amigo Taehyung, e a breve história de que o garoto gostava de homens fez com que a mãe não o deixasse ir vê-lo mais.
Houve uma vez em que Jimin fez um trabalho na casa de um colega de classe, quando a mãe descobriu que eles estavam sozinhos, o fez ir embora sem o dever pronto.
— Então, você vai? – a garota perguntou, e os olhares famintos da mãe se ampliaram num brilho moldado para satisfação.
— Bem... – estava inquieto, a insatisfação de que não serviria para moça e o que havia feito horas antes o julgava como um criminoso, talvez ele fosse. — Sim, eu vou.
Jimin quis se enforcar ali mesmo.
Os olhos grandes da mais velha se esticaram minimamente, um sorriso repuxou os lábios cobertos por um batom leve de cor cereja.
— Obrigada, Jimin-ssi. – Ela se curvou, o vestido marcando os seios grandes, embora o decote fosse pequeno.
. . .— Você estava evitando a Rosé. Não faça isso, Jimin. Ela daria uma ótima esposa. — Ouviu de sua mãe enquanto ambos, já em casa, se preparavam para a próxima refeição.
— Não estou procurando esposas, mamãe. — Respondeu de imediato.
A mulher deixou que a faca caísse de sua mão, levantando o cenho para encarar o loirinho sentado à mesa. Jimin tirou a resposta da ponta da língua, sem se importar mais com o castigo que viria.
Quem sabe quantos livros da Bíblia teria de ler?
— O que disse?! — Jimin imaginou o momento em que isso aconteceria. — Deus se agradará muito de um matrimônio como esse, Jimin, Rosé cresceu na igreja igual a você e...
— Eu não vou me casar, mamãe! — repetiu, o coração tamborilando na garganta. — Tenho planos pro meu futuro e não me vejo amarrado em um casamento forçado.
— E que planos são esses? Vagar por aí como aquele vagabundo? — A ouviu falar com todo o preconceito que poderia estar empregado na voz.
— Taehyung não é nenhum vagabundo, se é o que pensa, ele tem emprego, vive bem e...
— É A MERDA DE UM GAY! — vociferou enfurecida.
O grito foi como um açoite. O tempo passou em câmera lenta aos olhos de mãe e filho.
— Ele não respeita Deus e seus mandamentos! – A mulher tremia, os legumes foram deixados num canto.
Na garganta de Jimin cresceu um nó, no peito um peso que fazia a respiração ficar pesada, o repúdio aumentando sucessivamente. Ele levantou da mesa, caminhando até a escada.
Ele também era gay. As palavras da mulher lhe atingiram profundamente como um punhal.
— Eu não posso acreditar num Deus que repudia pessoas por amar, mãe. — Falou uma última vez sem demonstrar nada em sua voz.
No cair da noite, Jimin saiu de casa com sua alma perdida, fingindo procurar uma saída.
Ele achou.
🎨
Se eu correr, não será suficiente
Você continua na minha cabeça, preso para sempre.
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Colors | Jikook
Fanfiction|CONCLUÍDA| [clichê ] No auge de seus dezessete anos Park Jimin, um garoto pouco sociável, se arrisca em um momento platônico com um pintor de arte impressionista conhecido como Jeon K. Aos dezoito, aceita o pedido de namoro de Jeon Junghyun e viv...