O beijo

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" O que é o céu se não um suborno?
O que é o inferno se não uma ameaça? "

~ Jorge Borges

                                        🎨

Jimin sabia que não podia cantarolar, nem demonstrar sentimentos porque era perigoso, mas ora ou outra tocava os lábios e sorria.

Já fazia horas que tinha se deitado, mas não conseguia fechar os olhos. E nem poderia porque sua mente chamava por Junghyun.

Queria acreditar naquele sentimento que trazia felicidade.

Felicidade... Quando era que poderia acreditar nessa palavra? Foram tantas vezes que sofreu, que ainda sofre.

Mas queria acreditar dessa vez, essa que sua mente projetava desde que voltou correndo para casa.
Sabia o que Junghyun queria, por instantes pensou na possibilidade de andar de mãos dadas, acordarem juntos e tomar café da manhã enquanto ele lia algum livro sobre romances. Poderiam fazer tantas e tantas coisas, no entanto, seu lado perverso arranhava a parede de sua mente para que nunca esquecesse o dia em que se tornou um homem sobre uma mesa pequena.

Jimin quis tanto desejar Junghyun da mesma maneira. Tudo seria diferente, assistiria filmes clichês e dançaria descalço com o colega, provavelmente Junghyun o beijaria inteiro, mas não tão quente quanto Jeon.

O desejo corroía sua pele, formigando as veias sobressalentes, atiçando seus sentidos quase fora do comum.

Mesmo com os olhos fechados, ainda conseguia sentir os lábios do pintor passeando pelo seu corpo, queimando tudo como o fogo do inferno, as mãos apertando com força e posse, se remexeu na cama porque tudo ao sul do corpo parecia estar entrando em combustão.

Passou as mãos pelo corpo até tocar os mamilos, beliscando levemente para depois os apertar com força, como o Jeon fez com a boca, gemendo contido contra a outra mão, ousou descer até o volume que marcava no calção fino, arfando baixinho, estava tão excitado, tão quente.

Abriu um mais pouco as pernas para tocar lá atrás, molhando com saliva a entrada do ânus que contraía em seus dedos pequenos enquanto os forçava para dentro de si, ondulava os quadris necessitado por aquilo que parecia querer explodir dentro dele.

— J- Jeon ... — Dos cantinhos dos olhos, as lágrimas escaparam, molhando a fronha azul do travesseiro. Jimin gozou em um gemido arrastado e quase mudo.
Ignorando o beijo de Junghyun por algo mais lascivo, gozou com as lembranças de Jeon tomando seu corpo como se pertencesse a ele, os músculos se contraíram com força para que uma onda de satisfação viesse em seguida.

Jimin dormiu em calmaria depois do orgasmo, já do outro lado da cidade, Junghyun mal fechou os olhos.

🎨

A chuva batia com violência contra a janela de vidro.
Namjoon estava perdido demais em ver a chuva massacrar as folhas das árvores pela janela, que mal notou quando Taehyung se aproximou por trás, tocando em suas costas, o virando com lentidão até que estivessem frente a frente.

Os braços rodearam o pescoço de Namjoon e o puxou gentilmente até que seus lábios se tocassem. As respirações quentes batiam contra seus rostos. Tae estremeceu quando os braços de Namjoon passaram por sua barriga, envolvendo-o pela cintura, aprofundando o beijo.

— Você demorou. — Murmurou. — Senti sua falta.

Namjoon negou e depois sorriu pequeno, o manteve em um abraço que cada vez ficava ainda mais apertado. Por instantes, não fez nada além de sentir o cheiro do cabelo recém lavado, do calor do corpo, da forma como ele cabia certinho dentro de seus braços.

Mas aquilo já não era suficiente e tinha visto com os próprios olhos.

— Namu, o que você tem? – Taehyung o tocou no rosto, afastando a primeira lágrima. — Nam...

— Eu não quero que se sinta preso a mim, Tae. Não quero que deixe de viver por minha causa, nem que mantenha uma relação comigo se não tiver cem por cento de certeza.

— Do que você 'tá falando...

— Eu estou falando que, se você sente dúvidas entre mim e Hoseok, escolha ele.

A dor atravessou seu peito após dizer as palavras, o coração se negando a se partir ao meio. Namjoon o soltou em seguida.

— Você vai simplesmente me deixar? — Taehyung estava com a voz embargada.

— Eu não deixei você nenhum segundo sequer, passei horas me perguntando o que eu tinha feito de errado para você cogitar a hipótese de estar com outra pessoa.

— Eu não quero estar com o Hoseok! — Exclamou, lágrimas escorriam pelo rosto.

— Não é o que parece. — Taehyung uniu as sobrancelhas, claramente confuso. Namjoon se aproximou. — Não foi o que vi.

Taehyung respirou fundo, a culpa o esmagando peito adentro.

— Eu posso tentar...

— Você afastaria dele? – Fez a pergunta mesmo que temesse a resposta. — Diga para ele que você não quer mais que ele te toque, que não quer conversar sobre sexo, diz para ele que você tem um namorado e que você não quer mais vê-lo.

— Nam, e-eu...

— Você não quer fazer isso, não é?

O barulho da chuva pareceu não existir, dois corações acelerados como se estivessem correndo uma maratona, uma escolha capaz de mudar o rumo de uma história.

— Ele é meu amigo, eu não posso escolher.

Namjoon deixou um suspiro de pesar escapulir pelos lábios. — Você já escolheu Tae. – foi a última coisa que o mais alto disse.

Mais tarde, naquela noite, depois que o outro saiu de casa, Taehyung chorou enquanto bebia a segunda garrafa de whisky.

🎨

Junghyun sentia que o coração sairia pela boca a qualquer minuto.

A chamada de vídeo estava pausada graças a uma queda de internet, as mãos suavam e a língua empurrava a bochecha em um ato claro de ansiedade.

Ele já havia falado com o irmão sobre garotos, a qual se relacionou, mas agora tudo parecia diferente. Falar sobre Jimin era uma nova sensação, porque essa era diferente das outras vezes, Jimin não era como os outros. Estava irremediavelmente apaixonado.

— ... Junghyun? – A voz áspera voltou a chamar, o corpo inteiro tremeu com o susto.

— Oi, hyung. Aqui tá chovendo muito.

Isso você já tinha dito. — Zombou. — Eu quero saber quem fez isso com o meu irmãozinho.

— Isso? Isso o quê?

Te deixou com essa cara de bocó apaixonado, você 'tá com cara de que tá namorando?

— Eu... Nós ainda não temos nada hyung. — As bochechas ganharam um tom rosado.

Você fica fofo assim, nem parece que trepa.

— Aish, Jungkook!

Qual é, eu já ouvi você trepando. – brincou – Qual nome dele?

— O nome dele é Park Jim... Jungkook?

Novamente, a internet caiu e a ligação foi cortada.

Negando, dizendo: O tempo vai curar.
Continue mentindo pra me fazer sentir
que estou bem.
Então você acredita
Que eu te esqueci
Sério?

Colors | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora