Lírios de água

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"As coisas estão unidas por laços invisíveis. Não podes colher uma flor sem perturbar uma estrela."
~ Galileu Galilei

Se puderem, leiam ouvindo a música indicada.
 
                                           🎨

Há pessoas espalhadas por todo lugar.

E uma coisa era certa: ele não está aqui.

O pintor procurou em meio aos fãs e estava atento à entrada do museu. Como perguntaria a alguém sobre ele? Como descreveria o garoto? Nem sabia seu nome e isso o deixou frustrado.

Já fazia horas que o garoto saiu do quarto que tinha usado como ateliê, onde deixou a pureza nas mãos dele, fazendo-o acreditar que era melhor assim, mas não foi. Ele se lembrava da textura da pele suada, dos gemidos sobrepondo o som, do atrito das peles se chocando e do prazer arrebatador que sentiu sempre que o loirinho chamava por seu nome.
Jungkook quis voltar à adolescência apenas para cometer um ato de rebeldia.

A quem culpar além de si? Era um pintor no auge da fama, um homem de trinta e oito anos, tradicional, coreano, cujo objetivo pessoal era mostrar ao mundo sua arte, expressada em telas. O outro era apenas um garoto vivendo sua melhor fase.

O subconsciente o inferniza com as malditas lembranças sempre que tinha de cumprimentar jovens parecidos. Porém, em meio àquela multidão, sentiu o corpo esquentar feito brasa, não compreendia, sequer teve tempo, os olhos pequenos e doces como mel o observavam de longe, desde a entrada do museu.

Jungkook lembrou das poucas vezes que sentiu aquilo, conseguia contar com os dedos de uma única mão.

Aquilo o consumiu como fogo em palha.

Jimin parou em frente a uma das telas solitárias expostas em uma parede branca, nela, uma prostituta amamentava seu filho bastardo em uma das vielas de Roma.

— Essa é Alina. — Jimin conheceu aquela voz, o corpo inteiro tremeu, mas manteve seus olhos na obra. — Você gostou? — Ouviu agora o pintor próximo a si, agraciando com seu hálito junto ao seu pescoço e ouvido.

Jimin assentiu, assim que seus olhos se esbarraram, o pintor estaria perguntando sobre a tela? Ele sabia a resposta.

— Sim, eu gostei. — Sua voz saiu tão doce quanto era todo o resto. O corpo arrepia pela lembrança daquela língua experiente deslizando quente para dentro de seu ânus, tirando-o a pureza com a boca.

— Eu procurei por você por todo lugar. — Os dedos tatuados tocaram-lhe a bochecha, o polegar deslizando sobre os lábios carnudos. — Achei que nunca mais iria te ver.

Jimin tinha certeza de que não seria lembrado, que seria apenas mais um na grande lista do Jeon, mas o pintor lembrava de tudo daquela manhã.

— Você me disse que eu não lembraria nem de seu nome, loirinho, mas a única coisa que fiz foi pensar em você o dia inteiro e em como faria pra te encontrar de novo.

— Jimin... Meu nome é Jimin. — disse sem pensar, estava nervoso.

— Hmmmm... — ele aproximou mais, Jimin ofegou — Jimin... Jimin... Que bom que está aqui... — sussurrou novamente na pele do pescoço, sentindo o doce âmbar do perfume que exalava.

— Não faça isso aqui... — sussurrou tímido — Todo mundo está olhando para a gente.

Ele sorriu, se afastando das mãos que tanto queria agarradas em si. O pintor achou graça da situação, ninguém antes teve vergonha de ser fotografado com ele antes. Jimin era diferente de todos, era azul, gotejando como um nascer do Sol. 

Colors | JikookWhere stories live. Discover now