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Oi gente bonita!

Como esse capitulo é mais curtinho, decidi postar ele mais rápido. 

Então aqui vai, boa leitura!

〚☘〛

Quando o show do Barão Vermelho terminou, deixamos o Circo Voador, e o homem que me havia dado o ingresso sentou na calçada, enquanto eu caminhava até uma barraquinha de lanches do outro lado da rua. Voltei com dois cachorros quentes, cheios de tudo o que se tinha direito e bastante gordurosos, acompanhados de refri, porque eu estava com a blusa da escola e não havia conseguido desenrolar nada com álcool (também porque eu voltaria sozinho para casa e estar bêbado para isso não era uma decisão muito sábia). 

E foi tão estranho ter o meu coração batendo tão rápido no peito, a medida que eu avançava de volta para onde o cara do ingresso estava, tão estranho e novo. Eu geralmente não sentia nada como aquilo por desconhecidos. Sempre precisava de tempo até sentir uma real conexão com alguém, ainda que eu sempre me jogasse rápido demais no que quer que fosse, até mesmo quando não estava sentindo nada. 

Ali, eu estava sentindo (o que, eu não tinha certeza), mas também por isso, não sabia como agir. 

— Qual o seu nome? — perguntou o desconhecido já não tão desconhecido assim, bebendo em seguida um gole de guaraná para fazer o pão descer.

Ele parecia um pouco mais velho. Na casa dos vinte. Talvez 22?

— Jungkook. É coreano. — respondi, dando a primeira mordida no cachorro quente.

Reparei nos seus olhos presos em mim, no meu rosto, em silêncio, e fiquei um pouco perdido. Era a primeira vez que ter a atenção de outra pessoa sobre mim me confundia e me deixava sem saber como me comportar. Na maior parte do tempo, os olhares alheios eram combustível para a minha rebeldia. 

— Eu sei que é... sou descendente coreano.

Sorri pelas nossas semelhanças. 

— E você já foi para a Coreia ?

— Sim. Mas falo coreano muito mal e não passo por um nativo.

— Eu nunca fui... — Acho que deu para ouvir a tristeza na minha voz, mesmo que eu tenha tentado disfarçar com outro sorriso. — E como você se chama? Espera!

O homem me encarou com curiosidade no olhar e um sorriso miúdo nos lábios.

— Você tem cara de... Minjae! Acertei, não acertei? Ou será que seu nome é brasileiro?

— Não. E não.

— Então como você se chama?

— Jimin.

— Jimin. — repeti, fazendo-o sorrir. Com ele, os sorrisos eram fáceis. 

A rua estava cheia de pessoas que saiam do show e iam comer algo, beber algo, ou que esperavam por algum taxi. Algumas pessoas passavam por nós na calçada, quase esbarrando nas nossas pernas estiradas, mas nada nem ninguém parecia me importar.

— E você? Tem um nome brasileiro? Ou será que as pessoas conseguem dizer o seu nome sem errar?

— Não, não conseguem. Então me chamam de Juno. — Jimin fez uma cara surpresa. — É o Taehyung que teve a ideia. Meu amigo. Ele disse: "se você pegar as letras do seu nome e só simplificar a parada toda, você não vai estranhar tanto a mudança, e os outros não vão mais massacrar o seu nome". Quando eu era pequeno me chamavam de João Cu, e mais tarde de João dá o cu. Ainda me chamam assim, pra falar a verdade. — Sorri, tentando quebrar um pouco o clima estranho. E com a voz impregnada de sarcasmo, disse: — Tive uma infância muito difícil. Estou tendo uma adolescência muito difícil.

Carioca Trash • pjm + jjkWhere stories live. Discover now