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Hey! Voltei :)

Não se esqueçam de comentar bastante e deixar uma estrelinha!

Desculpa qualquer erro não deu tempo de revisar :/

Espero que gostem desse capítulo, boa leitura <3


#TrevosParaJuno



Março de 2006

Segunda Feira

Horoscopo da semana para o signo de virgem: Lembre-se virginiano, a vida é feita de altos e baixos. Nenhuma tristeza dura para sempre. Nenhuma felicidade seria tão boa se fosse continua. Deixe o tempo fazer o seu trabalho e seja paciente. Dias melhores estão por vir.

✧✧✧

Eu estava indo mal na escola. Muito, muito, muito mal. Quando ia para as aulas não conseguia me concentrar, minha mente focava em mil outras coisas e a voz do professor ou professora virava só um zunido nos meus ouvidos.

E então, a formiga andando na minha carteira era mais interessante do que as equações no quadro. O som de uma moto empinando na rua era mais interessante do que as metáforas num poema da Cecilia Meireles. O filho de uma aluna que engravidou cedo demais e que tinha deixado a chupeta cair durante o sono era mais interessante do que a filosofia de Kant. E o gato que tinha entrado na sala de aula sem ninguém perceber e decidiu se aconchegar em cima dos meus pés definitivamente era mais interessante do que estudar sobre o Iluminismo.

A matéria não importava muito, eu era ruim em todas. Ruim mesmo. Mas o pior era matemática (maldita matemática!). As vezes eu esquecia até como fazer uma simples divisão, para você ver... E isso fazia eu me sentir o maior idiota do planeta Terra. Na época em que ainda tínhamos música no currículo, eu me saia bem, mas quem é que não se sai bem em música? A maioria via aquela aula como recreação e fazia baderna. Talvez fosse por isso que o professor tinha deixado de aparecer...

O problema é que eu tinha ido parar na diretoria pela terceira vez só naquele mês, porque a professora de história não me deixou entrar com toda a maquiagem no rosto e as unhas pintadas. Reclamou da bermuda que eu usava, que era apertada demais, dizendo que eu deveria comprar um tamanho maior, mais adequado, e "aconselhou" a prender ou cortar o meu cabelo. É claro que eu fiz cara feia e isso não colou bem.

— Suas notas estão deploráveis, Juno. Você não presta atenção nas aulas e aparece todo... emperiquitado... seu pai nunca vem nas reuniões e... — disse a professora, sentada detrás do seu escritório com a coluna reta e uma sobrancelha elevada.

— Ele trabalha. — Tentei me defender.

Meu pensamento correu para o tictac do relógio na parede.

— Todos os pais trabalham. Isso não é motivo. — Seu tom de voz era severo. Quis revirar os olhos, mas me contive. Aquilo só me traria mais problemas. — Se você não melhorar essa atitude e sua atenção em sala de aula, vai reprovar o ano. Volte para casa e troque essa roupa, seguindo o código de uniforme. Escola não é boate.

Voltei para casa em meus patins e decidi não retornar à escola naquele dia. Estava cansado, me sentindo incompreendido e pequeno, e passei o resto da manhã e a tarde toda jogado em cima da cama, o rosto enterrado no travesseiro, fingindo não existir. Sequer levantei para comer, ainda que meu estômago gritasse de fome, fazendo os barulhos mais absurdos possíveis.

Carioca Trash • pjm + jjkOù les histoires vivent. Découvrez maintenant