Capítulo 4.( Em Meu Quarto )

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É tarde da noite. As luzes de casa estão apagadas, consigo ver pela fresta da porta. Uma sirene policial gritou algumas vezes e logo após vinheram os barulhos de pedrinhas arranhando o vidro da minha janela. É Kauã e seu sorriso lindo. Ele abriu os braços ao me ver. Está vestido com uma regata vermelha, jaqueta de couro preta, calça jeans e all star. Me senti por um milésimo de segundo, uma garota branca e loira em algum filme americano. Já estou arrumado faz algumas horas. Não sei exatamente o que iríamos fazer, já que ele é todo misterioso e não me disse nada;

Desço nas pontas dos pés, calculando cada passada pela casa. Abro a porta da frente, torcendo para que ela não faça barulho. Kauã me observa com as mãos pousadas na cintura. " Boa noite, donzela " Balbuciou para mim. Revirei os olhos. Conversamos o caminho inteiro sobre várias bobagens. Amo conversar qualquer coisa com ele. Tudo parece ser mais interessante quando se fala com ele. Absolutamente tudo.
Kauã me contou de algumas séries que gostava, como: Friends, skam e Euphoria.⎯  Que também eram as minhas.⎯  Me contou de uma vez que arrumou briga por causa de um vira lata caramelo. Esse era o tipo de confusão que ele se metia. O cachorrinho estava vivendo sobre maus tratos. Um dia, Kauã cansou de escutar o choro de socorro do vira latinha. Me pergunto que tipo de ser faz isso com animalzinho.  À tal " dona", não passeava com ele e mal lhe dava comida. Então, Kauã resolveu salvá-lo desta tirana. Cuidou do caramelo durante dois dias. Foi o tempo em que ele resistiu fora daquela casa. Depois disso, ele não quis mais ter qualquer bichinho.

Kauã: Chegamos!.⎯  Andamos quilômetros por caminhos de terra. Uma vez minha mãe falou do quanto é perigoso andar por esses lugares. E eu não havia me tocado que estavamos nele até pararmos. Não há nada ao nosso redor a não ser pela penumbra que nos cobre e os matos secos ao redor. Paramos na frente de um portão velho de aço coberto por marcas de ferrugem e rabiscos. Meu cenho franze. Que tipo de buraco é esse? Posso ver Kauã rir. Não é engraçado. É assustador.⎯ Cê sabe o que é "Pega ?"

"Pega ", meu cérebro fez associações de inúmeras coisas. A palavra pega abrange muitos significados. Tais significados que envolvem sentidos um tanto obscenos. Eu o encaro, ele devolve esperando uma resposta. Não faço a mínima ideia do que seja um pega.
" Cê não sabe né!?" Indagou abrindo um sorriso malicioso. A quem eu quero enganar, não faço a mínima. Então ele disse:

Kauã: A gente corre por dinheiro. Tem uns caras que apostam numa grana boa. Eles escolhem um corredor e apostam nele. Se ganharmos,  metade da grana é nossa.

Hugo: Então você corre em corridas clandestinas.⎯ Pigarreou antes de falar.

Kauã: Não diz " Corrida clandestina ".⎯ Ahh não, Kauã? Como eu devo tratar algo que é feito de forma escondida, silenciosa e totalmente sem estrutura descente.⎯  Fica parecendo que eu sou um bandido.

Hugo: Teoricamente.⎯  Dirigiu sua mão ao peito e fez um bico para mim como se falasse " Essa doeu ". Não sou um estraga prazeres. Estou longe disso. Apoiaria as escolhas e os hobbies de qualquer um. Mas não isso. Não arriscar a própria vida por dinheiro ou diversão.⎯  Isso é errado Kauã! Seu pai sabe disso?

Chutou um punhado de terra e desviou o olhar para o breu. Sabia! O senhor Marino nunca o deixaria fazer isso. O que não entra na minha cabeça é o porquê disso? Não há motivos. Senhor Marino tem grana, uma casa boa. Eles não passam nenhuma necessidade. Então qual é a dele? Kauã é um mar de mistérios.

Me aproximo dele e o seguro pela gola da camisa. Não sei porquê fiz isso. Talvez o medo de perder meu único melhor amigo. Talvez, talvez. Não sei porquê fiz. Mas fiz. Meus dedos enterram pela gola e tocaram sua pele. É quente e úmida. Ele me olhou finalmente. Fixou seus olhos em mim. Então eu disse:

Kauã & Hugo ( Romance Gay )Where stories live. Discover now