Capítulo 7.( Idiota )

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Eu beijei um garoto! Definitivamente, eu havia beijado um. Com toda força e vontade que há em meu corpo. E não foi qualquer garoto. Foi o Kauã. Nem em meus melhores sonhos algo assim poderia ter acontecido. Sinto cada parte do meu ser ferver em êxtase. E eu acho que isso é bom. Nunca havia sentido isso antes. E toda essa sensação me deixa terrivelmente confuso. Como vamos continuar de agora em diante? Como as coisas vão se e caixar? Como? Como?

Minha mente roda e roda, parando no momento em que o ronco do motor soou. Os sermões do Sr. Marino veio logo em seguida. Sua mão direita firme ao volante enquanto a esquerda gesticula insanamente enquanto fala. Ele disse coisas que só um pai irritado poderia dizer.
Quando paramos no semáforo, Kauã disparou:

Kauã: Não gosto quando começa com seus sermões.⎯  Os olhos cerrados na rua, a postura firme e o queixo levantado. Ele tem essa mania de orgulho mesmo quando sabe que fez algo errado.

⎯  Os sermões não são para serem apreciados.⎯  Disse com um tom sério. Era à primeira vez que o vi assim. E não tiro sua razão.

Kauã: Não estava nos meus planos parar  naquele lugar.


⎯Planos mudam, não é. E você não deveria ter saído daquele jeito.⎯ Disse e virou o volante.

Kauã: Você não deveria ter falado comigo daquele jeito!

Me sinto presenciando uma partida infinita de ping pong. Cada um com seu argumento e nenhum disposto a deixá-lo cair. Os dois são idênticos!. E isso fazia com que todas as " brigas" sempre ficassem em um eterno luping. Depois de um monólogo dos perigos de andar em lugares como aquele, Sr. Marino cansou Kauã e suas respostas. Era um dom que tenho quase certeza que ele adquiriu por conta do filho. Argumentação. Ele sabe argumentar como ninguém. Kauã assentiu à derrota e, não demonstrava mais nada. Em alguns momentos intercalava seu olhar na estrada e em mim através do retrovisor do carro. É um olhar diferente dos anteriores. Um olhar de desejo. Mas eu podia sentir algo além disso. Havia medo ali. E acho que é normal ter medo. Temer após algo tão arriscado. Não que um beijo seja algo muito arriscado. Mas, quando se trata de dois garotos, há muita coisa além de um simples beijo. Principalmente quando se cruza a linha entre amizade e amor. São duas ilhas flutuantes que se ligam por cordas finas e delicadas. Elas podem andar uma do lado da outra em sintonia e jamais arrebentar as cordas ou as montanhas se colidem e as cordas rompem num acidente terrível para quem tiver em baixo delas.
Quando chegamos na casa dos Marinos, Kauã desceu do carro sem me dizer tchau. Apenas saiu batendo forte à porta atrás de si. Antes que  pudesse sair do carro para tentar argumentar algo com ele, perguntar sobre essa noite, sobre o nosso beijo, Sr. Marino segurou meu braço. O e encaro e ele faz um gesto de negação.

⎯  Não vá, Hugo. Ele não vai responder nenhuma pergunta sua. Está chateado.⎯ O motor ainda ronca. Ele iria me levar para casa e não me deixaria mesmo subir. O que eu poderia fazer? Nada. Assenti tudo e voltei meu corpo para dentro fechando a porta.⎯  Conheço uma floricultura que..⎯ Franziu o rosto para tentar vê as horas em seu relógio de pulso⎯ Pela hora, deve estar começando à por as coisas para fora. Imagino que queria falar algo para ele sobre tudo isso e, conhecendo meu filho, ele vai adorar se um certo alguém lhe comprar algo.

As vezes sinto como se ele já soubesse que algo ia acontecer entre mim e o Kauã. Mas deixo esses pensamentos de lado. Deixo um sorriso escapar e ele bagunça meu cabelo. Descemos a rua, o sol está aparecendo aos poucos pintando tudo de laranja, rosa e azul. Muito azul.

Hugo: Sr. Marino.. ⎯ Seu olhar cerrado na estrada não me olhou. Fiquei chateado por um instante. Ele sempre me olha quando digo algo. Mas vejo seu semblante exausto. Um grunhido veio como resposta, como se fosse um " Diga ". Então continuo ⎯  O que o senhor quis dizer mais cedo quando falou que à confusão do Kauã era diferente?.

Kauã & Hugo ( Romance Gay )Where stories live. Discover now