Capítulo 11.( Cheiro de Chuva )

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" Deixa eu sussurrar no seu ouvido, você tem cheiro de chuva antes de chorar "
-Cheiro de chuva por: Clarissa

Tive mais um sonho com o Kauã, mas dessa vez, não foi assustador, bizarro ou aberto a diversas interpretações. Foi algo sereno, pacífico. Estávamos à beira de um rio, ouvindo o som suave da água batendo nas pedras. Era um desses sonhos vívidos, onde conseguia sentir as texturas e as sensações do ambiente, como o frescor da água ao tocar as pedras. Parecia que estávamos dialogando, embora eu não sentisse meus lábios se movendo. Então, ele se aproximou, tocou delicadamente meu rosto e sussurrou: "Huguinho, você quer namorar comigo?".

E como um sopro vigoroso, acordei. Permaneci na cama, imóvel, sem reação, tentando absorver aquela frase. É apenas um sonho, não era real. Balbuciou para mim mesmo baixinho. Meu peito sobe e desce descontrolado. Eu sei que foi um sonho mas, sinto que em algum momento essa pergunta sairá da boca de um de nós dois.

Namoro, namorar, sentir-se enamorado.

Gosto dessa palavra e do significado profundo que ela carrega. O que não aprecio são as possíveis consequências que enfrentarei para vivenciá-la. Enquanto estava imerso em devaneios, ouvi minha mãe chamar meu nome. Pela urgência, percebi que estava atrasado para o colégio. Tomei banho quente e longo. Precisava disso. E logo após por todo meu uniforme, descido ignorar completamente meu sonho. Não estava com vontade de deixar meu dia ser guiado pelas paranoias do meu subconsciente. Pego minha bolsa sobre o sofá, dou tchauzinho para mainha e sigo meu caminho pela cidade em direção ao colégio.

Bom, pelo menos essa era a ideia, mas, no meio do caminho, na virada de uma esquina, deparei-me com uma feira de livros acompanhada de música ao vivo. Seria quase impossível resistir. Era tentador! Sem mencionar que estavam tocando AnaVitória, eu não pude resistir. Quando dei por mim estava dentro, meus olhos, inquietos, absorviam tudo ao redor. A feira era um verdadeiro espetáculo, tanto pelos livros quanto pelas pessoas. Os estilos e roupas exibidos eram magníficos. Nunca havia visto algo parecido na minha cidade e está sendo tudo tão encantador.

Transformei-me de um não leitor em um apaixonado por livros em questão de meses. Tudo graças ao Sr. Marino e Kauã. E falando nele, havia planejado dedicar toda a tarde a Kauã. Sua viagem seria o primeiro período prolongado em que ficaríamos sem nos ver. E essa feira parece ser um encontro perfeito para uma despedida memorável. Poderíamos passar a tarde explorando livros e trocando ideias. E nós beijando entre bequinhos escondidos.

Fui até os clássicos na esperança de encontrar algo cativante para ele. Quero que ele se lembre de mim a viagem inteira. Ao passar por uma pilha de livros, me deparei com uma garota loira agachada. Fiquei ali, alternando entre observar os livros e observá-la. Não sabia quanto tempo ela estava lá, mas desde minha chegada, permanecia imóvel. Sentindo um certo desconforto e preocupação. Aproximei-me e toquei em seu ombro. Foi como se uma reação química instantânea nos conectasse. Ela levantou num pulo de susto, e eu quase tive a mesma reação.

Hugo: Caralhooo!!!..⎯ Deixo escapar, encostando-me nas estantes. Ela coloca uma das mãos no peito, cobrindo a boca com a outra.⎯ Desculpa, desculpa mesmo. Não era minha intenção te assustar!⎯ Ela tenta disfarçar as lágrimas, mas é perceptível.⎯ Desculpa pela pergunta... tá tudo bem?.

⎯ Sim, sim... está tudo ótimo.⎯ Não me soa verdadeiro.⎯ Tá tudo bem, não precisa pedir desculpas. Quem deveria pedir desculpas sou eu. Perdi a noção entre os livros e... bom, você quer ajuda para escolher alguma coisa?⎯ Observo o crachá torto em sua blusa, revelando seu nome.

Hugo: Sophia!?.

Sophia: Que?⎯ Aponto para seu crachá, e ela faz uma cara de "meu Deus, como eu sou tonta. Eu trabalho aqui." ⎯ Aaaaa... sim, sim. Sou eu. Então... posso ajudá-lo?.

Kauã & Hugo ( Romance Gay )Where stories live. Discover now