Capítulo 9.( Fim do Mundo )

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" Me desenha nessas tardes sem ter o que fazer. As ruas tão vazias, agora somos só eu e você. Pega tudo e vamo embora tem tanta coisa pra ver lá fora. Respira bem fundo, eu vou te levar pro fim do mundo"

- Fim do Mundo. By: Jão

Sentir a respiração de outra pessoa próxima é uma sensação estranha, mas estranhamente boa. Porque não é a respiração de qualquer pessoa, é a respiração de Kauã. Ele me abraça carinhosamente, adormecendo com o rosto em meu peito. Os pássaros entoam canções ao lado de fora e pela primeira vez depois de uma semana de calor infernal, o sol resolveu nos dar uma trégua. Volto meu olhar para ele e me pergunto há quanto tempo ele está nessa posição e se talvez não esteja começando a sentir câimbra no braço. No entanto, ele dorme tão fofo que jamais poderia acordá-lo. Passo meus dedos devagarinho em seu cabelo, sentindo os fios macios entre meus dedos. Seu cabelo tem cheirinho de johnson e johnson, que sempre me faz sorrir, porque ele tem cheirinho de bebê pós banho. " Que esquisito, ele olha os outros dormindo. Seu stalker" a voz rouca surgiu rasgando o silêncio do quarto. Meu corpo pulou um pouco de susto e sinto sua caixa torácica tremer ao rir de mim.

Hugo: Meu Deus... Kauã!!⎯ Aperto seu corpo ao meu, o comprimindo entre minha pele, e ao soltá-lo seus olhos encontram os meus e ele pergunta:

Kauã: Como foi a noite?

Hugo: Acho que nunca dormi tão bem em toda minha vida⎯  Ele me olha e sinto vontade de apertar aquela carinha amassada. O quarto está em uma completa paz. E por incrível que pareça, ele está arrumado. Seus dedos deslizaram do meu braço para meu peito repousando delicadamente.

Kauã: Fico feliz por isso. Se for preciso para que você sempre tenha noites tranquilas, minha cama está à sua disposição. E claro, comigo incluso⎯ Faz um esforço e me beija no canto da boca e volta a deitar. Deixo um sorriso de canto de boca sair.

Às vezes, questiono a realidade do que estou vivendo, se Kauã é mesmo real e se mereço alguém assim. Tenho o costume de desacreditar nas coisas, uma defesa pessoal que adotei para evitar decepções. Parece que, se mantiver expectativas baixas, talvez a frustração seja menor, dada a complexidade das coisas e da minha mente. Sinto a ponta dos seus dedos em meu peito e penso: E se a gente nunca conseguir ficar juntos. Realmente juntos. Como namorados. Eu sei que é cedo para pensar nisso, mas, sei lá. Apresentá-lo como meu namorado seria como diluir a essência de meu pai aos poucos, ou extinguir de uma vez por todas. Odiaria a mim mesmo por isso. Já me odeio por ter um pai assim. Não acho justo nutrir um sentimento tão corrosivo por algo tão natural. O amor é natural. A maioria dos casais héteros não precisa preparar o terreno. Então, por que eu deveria?

Kauã: E lá está ele⎯ Me deu um beliscão de leve⎯ Se perdendo nos próprios pensamentos. Acho que seus divertidamente não tem um minuto de paz. O que você tanto pensa?

Hugo: Já disse. Penso em várias coisas.⎯ Retruco.⎯ Penso em como tudo isso não parece real.

Kauã: Eu sei, eu sei. Sou um sonho!⎯ Abre um sorrisão ao terminar à fala. Eu explodo em uma gargalhada⎯ Um novo lado de Hugo. Que risada gostosa.

Hugo: E como não ter!? Você é muito egocêntrico, Kauã. Acho que os seus divertidamente são todos pra frente.

Kauã: Sim, eles são. Eles travam uma disputa infinita para saber quem irá dominar meu corpo todos os dias.

Abro um sorriso e o abraço. Me pergunto quando foi a última vez em que tive um começo de manhã tão calmo como esse. E minha mente faz questão de me lembrar que nunca tive. Obrigado pensamentos autodestrutivos.
Lembro-me de uma das minhas músicas favoritas. Fim do mundo, do Jão. Poderia entrar à dez mil pez de profundidade aqui nos braços dele. Me perder dentro do seu colchão. Sem ter vontade nenhuma de me encontrar. Gostaria de ter o conhecido antes. Mudaria tantas coisas. 

Kauã & Hugo ( Romance Gay )Where stories live. Discover now