A Primeira Loba - Seth Clearwater

Presa em uma cela

Fazia horas, senão dias dentro deste lugar horroroso em que estou presa, sem comida, sem água ou qualquer sinal de vida humana. Não sei o que os Volturi estão planejando, mas não deve ser coisa boa. Algumas vezes vejo Demitri me observando, mas não passa disso, nem sequer uma palavra ele pronuncia e quando vê que vou falar algo ele recua, não suporto mas olhar para sua cara. A alguns dias atrás comecei a ter um mal estar, com minhas vistas escurecendo e uma dor muito forte em meus músculos, sinto que a cada dia estou mais fraca e sem forças para absolutamente nada.

_ Trouxemos companhia para você. - Disse um soldado que ficava na porta vigiando. Ele abriu a cela e nem tentei sair, só fiquei ali, do mesmo jeito em que estava. A porta foi aberta e entraram dois guardas, um trazia alguém em seu colo e o outro arrastava a perna de alguém para a cela do outro lado.
_ Aproveite a companhia. - Disse o soldado voltando a seu posto.

Com dificuldade consegui ir até o corpo que colocaram no chão, era uma mulher muito familiar, me ajoelhei ao seu lado e virei seu corpo me deparando com a pessoa que nunca imaginaria ver aqui, Leah!

_ Meu Deus, Leah! Leah, Leah, acorda. - Disse segurando em seu rosto, mas ela nem se movia, a única coisa que escutava era seus batimentos cardíacos fracos e sua respiração falha. Me escorei na parede e apoiei sua cabeça em meu colo, colocando seus cabelos para trás. Forcei minha visão para o corpo na outra cela e não consegui reconhecer, levando em consideração que minha vista estava embaçada pela falta de nutrientes em meu corpo, já a alguns dias.

Depois de um tempo, ouvi a porta sendo aberta e a pessoa parar na grade nos observando. Pela rotina que aquilo havia se tornado, suspeitei que se tratava de Demitri.

_ Por favor Demitri, eu não aguento mais... O que eu tenho que fazer para que parem com isso! O que vocês ganham fazendo isso?

_ Poder meu amor.

_ Não me chame de amor, você não sabe o que é isso.

_ E você por acaso, sabe?

_ Sim, eu tenho pessoas que me amam e que não fariam isso que você está fazendo. Ao menos me diga o porquê?

_ Você não tem que saber, tem que esperar. Seria tudo mais fácil, se você se juntasse a nós.

_ Não farei isso, eu nunca faria isso. Se esse é o plano de vocês, não vai adiantar, passarei a eternidade nessa cela se for preciso, mas não me juntarei a vocês.

_ Por que você não pode me amar? Por que torna tudo tão difícil? Poderíamos ter tudo.

_ Não é assim que funciona, eu tenho uma família, pessoas que se importam comigo. O que te faz pensar que eu ficaria aqui, depois de tudo que você está fazendo, matando pessoas inocentes... tudo por diversão, não é isso que eu quero para mim Demitri, eu quero ter uma família, eu quero comemorar mais uma jornada com as pessoas que eu amo e que fazem diferença na minha vida. Eu não quero servir pessoas ou ter um cargo de destaque na guarda Volturi, monstros que não se importam em tirar a vida de pessoas que não tem nenhuma noção, do quão cruel é esse mundo. Eu só quero viver a minha vida.

_ Você não sabe o que diz.

_ Eu sei...

_ Não, você não sabe !! Eu passei um milênio da minha vida, esperando por você! Um milênio esperando a minha companheira, para quê? Para ela me dizer que preferi cachorros como essa em seu colo e uma família de vegetarianos do que a mim, que posso dar tudo o que me pedir. A única que não entendi tudo o que está jogo aqui, é você. Você é a culpada! Não é fácil ouvir que você escolhe outras pessoas, enquanto eu dou tudo para você. Se você não quer ser minha por vontade própria, eu não me importo, mas eu vou ter o que eu quero, eu vou ter você ao meu lado de qualquer maneira, nem que para isso, eu tenha que matar todos aqueles que você ama. - Suas palavras foram como flechas em meu coração, cada palavra que saía de sua boca, todas em tom de ameaça, me fizeram pensar em minha família.