Eu não estou gravida.

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[ ... ]

O caminho de volta para casa foi silencioso, pelo que parei para refletir já não tinha muito o que conversar, já que eu sentia que eles me escondiam algo.

Ao chegar em casa, Seth se despediu já que falei que não tinha a necessidade dele entrar, meio burocroxo ele foi embora. Enquanto eu ainda analisava as chances de ir para um lugar onde não havia ninguém.

_ Está fazendo o que aí fora, filha? - O homem do qual descobri ser meu pai perguntava ao abrir a porta e vir em minha direção.

_ Estou apenas pensando. - O homem abriu um sorriso enquanto me dava um abraço, ficando maior do que eu.

_ Então não pensa, pensar nunca é um bom sinal para você. - Falou meio que rindo e balancei a cabeça em negação. Entramos para dentro e aproveitei que todos estavam na cozinha para passar reto e subir para o meu quarto.

_ Oii Bruna. - O menino me comprimentou entrando logo atrás. _ Passou voando pela sala, o que aconteceu? - Perguntou ao me ver sentar na cama.

_ Nada de mais, só conheci gente nova.

_ Entendi, você está com fome? Precisa se alimentar. - Falou se sentando ao meu lado.

_ Obrigada, mas não estou com fome. Então? Alguma novidade?

_ Não, eles só estavam discutindo sobre como seria daqui para frente.

_ Mas já? Faz poucas horas que saí, eu acho...

_ Mas já fizeram toda a sua vida lá embaixo.

_ Isso não é certo, eu mal os conheço.

_ Te entendo, mas eles são gente boa. - Falou batendo seus pés um no outro.

_ Algo te incomoda? - Perguntei, ele me parecia um tanto quanto inquieto.

_ Não, eu só fiquei pensando. Passei tantos anos naquele castelo, tanto tempo esperando alguma ajuda, e você veio e mudou minha vida por completo, eu serei eternamente grato a você, Bruna. - Enquanto ele falava, consegui sentir suas emoções como se fossem minhas, não sei como, mas naquele momento eu senti vontade de chorar.

_ Não sei nem metade da sua história, mas fico feliz em ter ajudado. Agora você faz parte da família. - Falei enquanto ele apoiava sua cabeça em meu ombro.

_ Se importa se eu dormir aqui com você hoje? - Perguntou e achei estranho, até porque ele não dormia.

_ Mas você dorme? - Perguntei e ele balançou a cabeça negando.

_ Não, mas eu não quero ficar sozinho, é legal ver as pessoas dormirem e aqui na casa, você é a única. Eu posso?

_ Claro. - Assenti, pegando uma coberta e colocando na cama, me deitando em baixo. Ele deitou ao meu lado e ficou me olhando me deixando super desconfortável, até porque eu fechei os olhos e abri duas vezes e em todas elas ele me encarava. _ Poderia não ficar me encarando? Assim eu não vou conseguir. - Pedi e ele todo sem graça assentiu, me fazendo achar fofinho sua vergonha.

Não sei exatamente quando adormeci, mas sei que eu estava plena, até alguma coisa me acordar.

_ Acorda Bruna, preciso te avisar. - Ouvi a voz de uma mulher enquanto alguém me chacoalhava da cama.

_ Quem é você? - Perguntei ao ver uma mulher que nunca havia visto antes.

_ Eu sou uma velha amiga, vim te alertar sobre algo, na verdade uma conversa da qual tivemos antes de perder sua memória.

_ Que conversa? - Perguntei e ela se sentou a minha frente, ganhando toda a minha atenção.

_ Primeiro, conforme eu prometi. - Falou pegando minhas mãos e fechando os seus olhos enquanto falava algo mais para si, do que para mim.

_ O que é isso? - Perguntei quando ela soltou minhas mãos.

_ Devolvi seus poderes, foi uma parte do acordo. Mas me diga, como você se sente?

_ Me sinto bem, por que? - Por que eu estava conversando com uma desconhecida? Aliás cadê o menino?

_ Sei que está estranhando, mas vou direto ao ponto, sua eu mais... esperta. Me fez prometer que te contaria, caso ninguém contasse, e aqui estou eu.

_ Contar o que? - Perguntei, não entendo aonde ela queria chegar.

_ Querida, você é muito poderosa e isso é algo muito raro de se acontecer, na verdade nunca aconteceu, é um milagre.

_ Do que você está falando? - Perguntei, mais confusa do que antes.

_ Estou falando que você e seu noivo fizeram um filho, aliás um não, dois. - Que mulher louca.

_ Que? Acho que a senhora está me confundindo com outra pessoa. Primeiro eu não tenho noivo, e muito menos um, imagina dois filhos.

_ Você não está me entendendo, no seu ventre duas crianças estão sendo geradas, você já está a algum tempo assim, mas não sabia, o Seth descobriu e agora sabe, mas ele não te contou.

_ Não é possível, se isso fosse verdade, ele me contaria.

_ Supera meu amor, ele não contou e deve ter seus motivos.

_ Eu não acredito que ele faria isso comigo.

_ Mas fez. Na vida devemos entender que todo mundo tem segredos.

_ Se isso for verdade não deveria ser um segredo para mim.

_ Bom.. Eu já fiz a minha parte, cabe a você decidir o que fazer de agora em diante.

_ Como vou saber se posso confiar em você? - Perguntei.

_ Não pode, você só deve confiar em si mesma. - Falou com um sorriso no rosto. _ Tenha um bom dia criança. - Falou saindo pela porta e comecei a sentir um sono, mais parecido como um desmaio.

_Bruna.. Bruna... - Novamente alguém me chacoalhava e não era aquela mulher, mas sim o menino que dormiu ao meu lado. _ Tudo bem? Você estava murmurando algo. - Falou me olhando, enquanto eu olhava para todos os lados, será que isso é um sonho?

_ Tem alguém em casa? - Perguntei.

_ Sim, acho que a Alice e mais alguém não tenho certeza.

_ Ok, preciso que me faça um favor.

_ Qual? - Perguntou.

_ Que me conte a verdade, sabe de algo sobre uma criança no meu ventre? - Perguntei e ele pareceu ficar surpreso, talvez aquela mulher não estivesse tão errada, como pensei.

_ Como você sabe? Ela contou? - Perguntou, então ele conhecia ela?

_ Você também sabia? Quem mais sabe? - Perguntei me levantando e pegando um moletom. Eu estava com frio, por que eu estava com frio?

_ Ninguém, apenas eu, Seth, aquela mulher e agora você.

_ Agora eu? Não acha que eu deveria saber primeiro?

_ Eu acho, mas não tinha como eu te contar, era pra ele fazer isso.

_ Tanto faz, você não tem culpa. - Falei saindo do quarto.

_ Vai para onde? - Perguntou parado na porta do quarto.

_ Vou espairecer. - Falei descendo as escadas. Ainda era de manhã, então torci para não encontrar ninguém nos andares a baixo, eu não queria ver ninguém para ser sincera.

[ ... ]

A Primeira Loba - Seth Clearwater Where stories live. Discover now