Capítulo 02

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Sábado. Era sábado, era meu casamento, meu Deus.

Assim que acordei, tomei banho, não sabia se ficava ansiosa ou desesperada. Só tinha visto Dom por fotos, ele nunca quis ter contato comigo, apenas mandava presentes em datas comemorativas.

Dona acordou e tratou de tomar seu banho, quando sai Lúcia já estava entrando com três garotas. Uma segurava o vestido empacotado, e as outras duas maletas com maquiagens e cosméticos.

- Elas vão lhe arrumar querida. - acenei. Lúcia me deixou com as garotas, me sentei e elas começaram a me arrumar.

Uma delas, uma ruiva começou a fazer meu cabelo, preso, e a outra a maquiagem, enquanto eu escolhia os sapatos com a loira.

- Esse é lindo, Thess...- disse Dona me mostrando um branco papel, mais tinha um brilho a mais.

- É sim.

- Mas não combina com o vestido e toda a decoração da festa. - a mulher disse. - Que tal esse? - indagou me mostrando o Rose, um pouco fosco, ainda assim muito lindo.

Assim que terminaram a maquiagem, me vesti com o vestido, e não me olhei no espelho, a tradição italiana não permite, dizem que se queremos olhar temos que tirar algo, mas eu não estava com paciência para isso.

- Seu noivo deve está ansioso para lhe ver não é? - a maquiadora perguntou. Sorri mínimo mínimo e Dona reparou.

- Deve sim...- enquanto fechei o vestido com ajuda ouvi alguém bater na porta, Dona foi até lá e logo vi a mãe de Dom, Marietta Bokosvik, a viúva Bokosvik.

Ela estava linda no vestido cinza, os cabelos preso, os olhos cinzas escuros, e com um boquetet na mão, e uma caixa aveludada.

- Senhora Bokosvik...- murmurei, ela me ofereceu um sorriso minimo. As garotas saíram, ficaram apenas eu, minha irmã e minha futura sogra.

- Como Dom não sabia quais eram suas flores favorita, lhe indiquei que escolhesse as da estação. Um arranjo de Centáurea Azul, com pequenos lírios brancos. - entregou para mim. Aspirei o aroma delas, lindas, perfeitas eu diria.

- São lindas. - murmurei sorrindo para ela.

- Aqui, um presente meu. - disse abrindo a caixa. Olhei vendo que era uma tiara de pedraria, fina e pequena. - Deve combinar com seu vestido e véu.

- É linda, muito obrigada. - ela sorriu e acentiu, Marietta saiu logo depois. - Me ajuda a colocar. - Pedi para Dona.

Me abaixei e ela colocou no meu cabelo, arrumando o véu. Mesmo que eu quisesse me olhar no espelho, eu resistiria.

- Estou linda...?

- Sim, muito linda. Pena que você não está feliz, ficaria mais ainda linda com um sorriso verdadeiro. - murmurou sorrindo mínimo. Suspirei fundo, eu não tinha escolha.

Mais uma vez a porta se abriu, e Lúcia passou, linda vestida com seu vestido azul escuro, cabelos presos, ela era realmente linda.

- Falta poucos minutos. Senta logo. - murmurou, sentei na cama e vi ela andar até mim, eu e Dona a encaramos confusas. - Tenho dois presentes para você, o primeiro são esses brincos, emprestados. - falou. - E o objeto azul. - diz com um sorriso mínimo, os brincos eram de diamante, e o objeto azul... era uma cinta liga com fitinha azul, era linda, porém só de pensar no que ela representava...

- Obrigada. - murmurei baixinho.

Lúcia colocou os brincos, com minha ajuda, suspendi o vestido e ela ajudou-me colocando a cinta liga na minha coxa desnuda.

- Vamos, você tem que entrar.

Antes de sair suspirei fundo, pensando no que estava prestes a acontecer.

Sai do quarto indo para o primeiro andar, pela janelas dava para ver os convidados sentados, a decoração perfeita, tudo colaborando para um dia especial.

Tentei não tremer enquanto dava passos, desci as escadas e vi meu pai ele estava de costa, olhando pela janela assim que se virou focou seus olhos em mim. Eu era como seu diamante precioso, mas não como algo bom.

- Está linda. Verdadeiro diamante da Ndrangheta. - ele abaixou o véu e tomou meu braço, na porta que dava para o jardim, fiquei parada, até que a mesma se abriu, e pude ver muitas pessoas.

Caminhei devagar com meu pai enquanto a música classica começou a tocar. O solo do piano era leve, até núncio demais para o que estava prestes a acontecer, minha pequena sentença de morte.

Os convidados, eram difícil de enxergar quem eram, mas jurava que todos estavam sorrindo, ou fingindo.
Meus passos eram lentos, eu estava lutando até chegar nele, que me esperava no altar, totalmente de preto, com uma flor branca no bolso do terno, seu rosto, eu nem conseguia enxergar, assim como ele não podia enxergar o meu atrás do véu.

Assim que cheguei, minha mão tremeu levemente quando Dom pegou a mesma, meu coração latejou, quase pude sentir ele doer, era ansiedade pura, se eu ao menos pudesse...

Fiquei ao seu lado, o padre mandou todos se sentarem, eu e Dom Geovanni ficamos em pé, ouvindo suas palavras de graças, suas palavras de patrimônios, toda minha vida escutei metade daquilo, era o que eu mais ouvia. Mas de um jeito diferente, eu devo ser submissa, entregue a ele, fazer o que ele pedir, o que ele ordenar, aceitar tudo calada, tudo como se eu não fosse nada.

Suas palavras foram tocantes, mais não me tocaram, duvido que tenham tocado meu " noivo ".

- Dom Geovanni, repita comigo. - murmurou o padre, ele se virou para mim, só podia ver seu rosto petrificado através do véu, impenetrável, nem um sentimento, ele não me amava, não podia. - Eu, Dom Geovanni...

- Eu, Dom Geovanni Bokosvik...- murmurou colocando a aliança no meu dedo anelar, o mesmo entrou em contato com minha pele, o metal frio, mas ainda assim lindo. - aceito você, Theresa Marizzi, como minha legítima esposa e prometo amar-te e respeitar-te na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, por todos os dias da minha vida, até que a morte nos separe. - diz, na Máfia, era literalmente até a morte. Nada poderia nos separar depois que eu falasse meus votos, depois de sermos declarados um do outro, seríamos marido e esposa até o fim das nossas vidas.

- Theresa Marizzi, repita as palavras...- disse, peguei a aliança e comecei a deslizar pelo seu dedo.

- Eu, Theresa Marizzi, aceito você, Dom Geovanni Bokosvik, como meu legítimo esposo e prometo amar-te e respeitar-te na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, por todos os dias da minha vida, até que a morte nos separe...- suspirei fundo.

- Com poder concedido a mim, os declaro, marido e mulher. O noivo pode beijar a noiva. - falou por fim.

Meus ossos rangeram de medo quando ele começou a subir meu véu, meu coração palpitou, doeu por fim, e finalmente ele tirou o véu do meu rosto, podendo me ver, para ele poderia ser um alívio ver que eu não era tão linda quanto as outras mulheres que ele deve ter tido, talvez assim ele não precisasse...

Meu raciocínio foi por água abaixo quando Dom aproximou seu rosto do meu, e por fim tocou seus lábios aos meus, meu corpo ficou em alerta, eu estava confusa, minha mente inebriada, quase como uma névoa, nem conseguia pensar, apenas podia sentir os arrepios, ouvimos gritos, mais ele não parou, senti sua língua passar pelos meus lábios, tocando a minha língua, segurei seus pulsos apertando. Ele precisava me soltar.

- Agora você é minha, Theresa. Só minha...- falou assim que se afastou, seus olhos me atacando, me colocando algum tipo de medo, e funcionou, por mais que o beijo tivesse sido bom, ele ainda era ele. Ainda era o Dom.

Ofegante suspirei fundo, me preparando para uma festa que duraria a tarde toda, até a anoitecer.

Marcas Esmeralda. - Saga Marcas 1. Where stories live. Discover now