Escrevendo as palavras de um sermão que ninguém ouvirá
Ninguém se aproxima, vejam ele trabalhando
[...]
E com o que ele se importa?
Eleanor Rigby, The BeatlesO barulho insuportável do despertador ecoou por todo o cômodo, me tirando do meu descanso. Estendo meu braço por cima dos travesseiros na tentativa de cessar o som que esse pequeno aparelho emite, desisto assim que o quarto é tomado por um silêncio absoluto, que não dura mais de cinco segundos. Solto um grunhido e rolo na cama até alcançar o aparelho e finalmente desliga-lo. Sento e encaro o papel de parede, enquanto meu cérebro tenta assimilar onde estou e tudo que preciso fazer antes de sair.
Pulo da cama e caminho até o banheiro, observo meu reflexo no espelho, minhas pálpebras pesadas insistem em se fechar, abro a torneira e jogo a água fria contra meu rosto, escovo meus dentes e penteio meu cabelo o prendendo, como de costume. Vou até o closet vestindo primeiro a segunda pele térmica, pegando em sequência uma calça jeans escura e a visto com pressa, coloco uma camiseta preta de gola alta e puxo uma jaqueta de couro preto da arara de roupas, calço meu coturno, indo até a cozinha, colocando água para ferver.
Arrumo minha bolsa com todos os meus equipamentos de trabalho, ao mesmo tempo em que passava o café, abri um pacote de cookies para comer, debrucei sobre o balcão com a xícara em minhas mãos, degustando o café amargo, sem açúcar, que tomava toda manhã antes de ir trabalhar. É o melhor método para despertar.
Faltando dez minutos para o horário combinado, desci ao hall do prédio, cumprimentei o porteiro, que descobri ontem mesmo que se chama Alfred, o homem é muito gentil, me desejou um "bom dia" assim que atravessei as grandes portas do edifício. A brisa fria da manhã me alcançou, e já pude sentir que estou me habituando ao clima, pois o frio já não me incomoda tanto quanto no momento em que pisei meus pés na pista de pouso do aeroporto.
Tábata parou o carro ao lado da calçada que eu estava a esperando, entrei no carro rapidamente.
— Bom dia, soube que sua chegada já gerou entretenimento aos blogs de fofoca, Mavis. — A moça falou quando afivelei o cinto de segurança.
— Bom dia. — Ri da situação. — Só mais uma situação comum quando se trata de ser amiga do Matt.
— Amiga? — Arqueou a sobrancelha em questionamento.
— Apenas isso e nada além. Matt é como um irmão mais velho para mim.
— Se você diz. — Tábata saiu com o carro pelas ruas cinzas de Londres.
Sabia bem que o ocorrido geraria falácias e não gostava nada disso, mas resolvi seguir o conselho de Matt e ignorar, era boa em fingir que não me importava com as coisas, sempre fui.
Tomo a liberdade de ligar o rádio, a rádio regional toca Eleanor Rigby – The Beatles, Tábata cantarola o refrão enquanto bate com os polegares contra o volante, me junto a ela cantando e batendo a palma da minha mão contra minha perna, a boca dela se curva em um sorriso de lado. Tocam mais duas músicas aleatórias até estarmos atravessando o estacionamento do prédio da Rolling Stone atrás de uma vaga.
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First Impressions - Ewan Mitchell
FanfictionDizem que os melhores acontecimentos de nossas vidas são os que não foram planejados, mas será ela se permitirá aproveitar o que o universo tem lhe reservado? Mal sabia Mavis Verlac, que ao desembarcar em solo Britânico, toda sua percepção de vida m...