Dizem que os melhores acontecimentos de nossas vidas são os que não foram planejados, mas será ela se permitirá aproveitar o que o universo tem lhe reservado?
Mal sabia Mavis Verlac, que ao desembarcar em solo Britânico, toda sua percepção de vida m...
Você está derramando como uma pia transbordando Você está rasgado em cada ponta, mas você é uma obra-prima Colors, Halsey
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Ela estava encantada com o que via, estamos no Museu de Arte Contemporânea Helga de Alvear, foi o lugar escolhido por ela, para visitarmos. Antes de entrarmos quase iniciamos uma discussão, Mavis insistiu que pagaria, ela só não sabia que o passeio era gratuito. Agora ela caminhava cautelosa, observando cada obra com atenção extrema, os únicos sons que ouvia era o de nossos passos e sua respiração, ela trouxe a câmera fotográfica em sua bolsa, mas não se deu ao trabalho de fotografar nada, apenas apreciava o que via.
Não sei qual pensamento leviano me induziu a querer passar uma tarde com a mulher, mas a noite de ontem foi tão boa ao lado dela, que precisava de mais tempo em sua presença, e até o atual momento, tem sido inegavelmente satisfatório.
Mavis tem o hábito de ser completamente aleatória e ao mesmo tempo previsível, um belo quebra-cabeça, eu diria. É essa singularidade dela, que a torna tão interessante, a vejo como um desafio, desvenda-la seria perigoso e prazeroso. Perigoso porque sei que essa proximidade entre nós, requer que eu desarme muitas das minhas defesas, aquelas que mantém em segurança tudo que eu sou e tudo que me tornei com o passar dos anos.
Recluso, receoso, desconfiado...
Olha-la agora, tão livre de preocupações, imersa em seu mundo particular, admirando a arte, enquanto sua cabeça trabalha em seus pensamentos, eu o pagaria qualquer valor para saber o que ela está pensando.
— No que está pensando? — Ela me pergunta curiosa.
— Nada. Estava dissociando.
— Eu percebi. — Sorriu gentilmente para mim. — Já se cansou da minha companhia, por isso está com a cabeça longe.
— Não. Se não quisesse sua companhia, não teria te convidado. Foi eu que te chamei. — Pontuei.
— Venha. — Pegou minha mão, puxando para segui-la.
Um toque tão singelo, que me causou sensações que a muito não sentia. O ato simples mexeu em um lugar que não gostaria de lembrar que existe. Afastei aquele pensamento, tentando me convencer que aquilo não foi nada, que não me causou nada.
Continuamos o passeio, ainda em silêncio, ela não falava quando estava interessada em algo, toda sua atenção era dedicada às obras que víamos. Eu apenas mantinha uma distância da qual conseguia apreciar as artes e observar cada movimento dela.
Saímos de lá após algumas horas, ela demorava ao observar, não sei o que roubava tanto sua atenção. Caminhávamos pela rua, Mavis tagarelava sobre o lugar, dizendo que era lindo e que havia gostado de conhecer, eu permanecia calado, ouvindo a garota, poderia fazer isso por horas, ouvi-la.
— Posso te perguntar uma coisa? — Falou quando sentamos em um banco do parque em que havíamos entrado.
— Sim. — Falei colocando na boca uma colher do sorvete que ela insistiu em comprar para mim.
