𝙲𝙰𝙿𝙸́𝚃𝚄𝙻𝙾 2

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CAPÍTULO 2:
Uma mão lava a outra.


⊰◎⊱

𝙽𝚘𝚛𝚖𝚊𝚜 𝚍𝚊 𝙲𝚘𝚖𝚒𝚜𝚜𝚊̃𝚘.
𝙰𝚛𝚝𝚒𝚐𝚘 27, 𝙿𝚊𝚛𝚊́𝚐𝚛𝚊𝚏𝚘 3.
𝙽𝚊̃𝚘 𝚎𝚜𝚝𝚊𝚋𝚎𝚕𝚎𝚌𝚎𝚛 𝚌𝚘𝚗𝚝𝚊𝚝𝚘 𝚊𝚏𝚎𝚝𝚒𝚟𝚘 𝚎/𝚘𝚞 𝚊𝚖𝚘𝚛𝚘𝚜𝚘 𝚌𝚘𝚖 𝚘𝚞𝚝𝚛𝚘𝚜 𝚏𝚞𝚗𝚌𝚒𝚘𝚗𝚊́𝚛𝚒𝚘𝚜.

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Essa é fácil. Ninguém aqui tem saco ou funcionamento cerebral para gostar de outra pessoa. E se gosta, acaba muito rápido. Não conseguem imaginar que aquela pessoa sente dores, desejos, tem sonhos. Isso acabaria com todo o treinamento pelo qual passamos meses até não sentir nada. Até virarmos máquinas. Sem sentimentos.

E o que eu me pergunto é por que caralhos deixaram esse trecho das normas da Comissão na minha mesa. O indivíduo anônimo não deixou nada para eu identificá-lo. Prefiro pensar que é mais um trote de mau gosto. Sempre surgem boatos de que eu estou ficando com alguém da Comissão, coisa que nem morta eu faria.

Hoje não é dia para estresse. Eu ganhei um caso muito importante e tenho que dedicar um grande tempo para resolvê-lo. Por enquanto não pude dar uma boa olhada para saber exatamente o resultado, quero ter um dia exclusivo para esse arquivo.

Eu posso começar esse caso amanhã, afinal de contas, preciso de um descanso.

Organizo toda a papelada da minha mesa e guardo a pasta com o caso confidencial na gaveta. Queria poder trancá-la à sete chaves. No momento só tenho uma.

Saio do meu escritório e vou em direção ao vestiário. Como toda semana, a porcaria do armário vagabundo emperrou. Essa empresa domina o continuum espaço-tempo mas não tem coragem ou verba para investir em materiais melhores. É inacreditável.

Xingo tanto esse armário que acabo chamando a atenção de quem eu menos queria agora.

- Quer ajuda? - pergunta o cara nada pretensioso, e sem mesmo esperar minha resposta, ele puxa o armário algumas vezes, fazendo-o abrir. Eu conseguiria fazer isso.

Só encontro ele aqui no vestiário. Somos de alas diferentes, se me lembro bem, ele é da ala sul. Felizmente não preciso me preocupar em esbarrar com ele nos corredores, isso arruinaria cada um dos meus dias.

Todos o chamam de Número Cinco, não sei se é uma espécie de codinome. Não acho que alguém teria esse nome de verdade. Pode ser que a missão número cinco dele tenha sido muito bem sucedida e ficou conhecido assim.

- Bom, o nosso café ainda está de pé? - diz ele, apoiando desleixadamente seu ombro nos armários ao lado do meu. Ele cruza os braços e me assiste retirar minhas roupas do armário.

Um café seria bom, mas não com ele. Apenas pelo fato de eu ter passado nove horas no meu escritório, consigo considerar o convite. E também porque sei que ele não vai me deixar em paz enquanto não tomarmos o maldito café.

- Meu expediente acabou agora.

- Ótimo - Número Cinco assente com a cabeça, mas nem um fraco sorriso ele dá. Ele é como uma estátua. - Vou adiantar o tema da nossa conversa e dizer que essa vaga é minha.

Agora sim ele sorriu, mas sorriu com deboche e desprezo. Ainda deu uma jogada de sobrancelha como se estivesse certo de que é melhor que eu. Eu não acho.

𝙼𝚎𝚗𝚝𝚒𝚛𝚊𝚜 𝚊̀  𝙿𝚊𝚛𝚝𝚎 - Cinco HargreevesWhere stories live. Discover now