𝙲𝙰𝙿𝙸́𝚃𝚄𝙻𝙾 8 - 𝙲𝚒𝚗𝚌𝚘

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(A pedidos...)

CAPÍTULO 8.

Cinco.

Ela passou o resto da noite brava. Depois que saímos da delegacia pensei em provocá-la, e foi a pior coisa que fiz. Ela ameaçou colocar a pistola na minha boca e me esforcei para não rir. Ela fica bonita quando está brava. E ela tá sempre bonita.

Ela.

Não queria me aproximar dela, mas preciso. Preciso encontrar o caso do fim do mundo e voltar para minha casa, e infelizmente ela está no meio. Depois de mim, ela deve ser a melhor da Comissão, e consegue ser tão boa mesmo sem superpoderes. Numa luta justa, acho que empatamos.

Não quero me aproximar dela, mas eu tenho que acabar com esse clima chato em que ela me odeia. Eu não quero que ela me odeie.

Eu arrasto ela até a parede e pergunto o que ela quer, mas além da minha morte, ela não quer nada. Ofereci muitas coisas que posso fazer agora que sou diretor, e ela não quis.

Eleanor é complicada.

Ou então eu não consigo entendê-la.

Agora pouco ela estava andando até a linha do trem com um drama absurdo de tirar a própria vida, só porque perdemos a maleta. Não vou deixar ela fazer isso. Seguro os braços dela por bastante tempo até ela ver a brincadeira idiota que estava fazendo.

- Não faça besteira, garota. Vamos procurar um hotel, estamos cansados - eu digo.

Ela abaixa os olhos e olha para o relógio em meu pulso. Eu abaixo os olhos e olho para a boca dela. Foi rápido demais para que eu tivesse uma memória fotográfica dela, mas precisei desviar para ela não me achar estranho. Já está muito estressada, é capaz de me torturar por ter olhado para a sua boca. Aparentemente ela não percebeu, o que me garante mais alguns minutos de vida.

Algumas pessoas da festa estavam na rua e eu precisei manter os personagens porque Eleanor parece estar em outro mundo. Peço a mão dela e ela reage como se eu tivesse xingado a sua mãe. No fim das contas, ela confiou em mim.

Às vezes gosto de estar com ela. Às vezes gosto de segurar a mão dela, mesmo que só podemos fazer isso dentro de um personagem e na verdade ela odeia.

Desde que vi ela eu afasto a vontade de me aproximar, porque não posso. Daqui a alguns meses eu vou estar bem longe, em outra linha do tempo, e não posso trazer ela comigo. Não posso trazê-la para o caos da minha vida, não seria justo com ela.

Eleanor ficou ainda mais brava quando viu que só havia um quarto disponível, e só com uma cama. Mesmo que eu não me importe muito, ela ficou histérica dizendo que ficaria com a cama e eu com o sofá.

Entramos no quarto e ela foi sarcástica com o estado que estava. Agora em um ambiente mais calmo, sinto meu braço queimar e preciso arrumar curativos o quanto antes.

- Eu vou comprar álcool. Quer alguma coisa para dormir melhor? - eu pergunto, enquanto tiro a minha gravata e meu terno. Perguntei porque percebi o incômodo dela com o vestido, que aliás fica lindo nela.

- Qualquer roupa é melhor do que isso - ela dá um olhar irritado para o próprio corpo.

Saio do quarto e procuro lojas ou farmácias. Nenhuma estava aberta e eu preciso do álcool, meu braço não para de sangrar. E a culpa é da Eleanor. Ela não sabe, mas se fosse qualquer outra pessoa, eu pagaria na mesma moeda.

Vejo uma loja, que assim como o resto da rua, está trancada. Olho em volta e aperto minhas mãos, surgindo uma luz rápida e no segundo seguinte eu estou dentro da loja. Não tem álcool e nem roupas femininas, então peguei algumas peças das que tinha e uma garrafa de vodca. Eu adoraria beber ela inteira, mas preciso usar no meu braço e não posso ficar bêbado quando minha companheira de quarto também é assassina.

𝙼𝚎𝚗𝚝𝚒𝚛𝚊𝚜 𝚊̀  𝙿𝚊𝚛𝚝𝚎 - Cinco HargreevesWo Geschichten leben. Entdecke jetzt