𝙲𝙰𝙿𝙸́𝚃𝚄𝙻𝙾 24

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CAPÍTULO 24:
Bem vindo, estranhos.

⊰◎⊱


Não sei como ele não me matou.

Me bateu várias vezes, enquanto eu estava nauseada e indefesa. Mas não me matou. Me deu água e me ajudou a levantar, falando de Cinco com raiva, posso dizer que tive um tratamento de princesa. Escolheu me deixar viva, mas teve sentimento nessa decisão ou foi só por negócios?

De toda forma, estou viva por enquanto.

E estar viva quando a culpa se alastra como uma doença na minha cabeça, parece tão ruim quanto a morte. Vou viver sabendo que perdi ele por ser covarde demais para falar a verdade. Vou viver sabendo que deixei seu coração em pedaços.

Acho que vou implorar para ele me matar.

Depois de tirar o rastreador do meu braço, ele nos levou até o estacionamento. Onde devíamos estar desde o começo do dia. Por poucos minutos, nossa história seria diferente: estaríamos começando uma vida nova numa linha do tempo nova. Agora é bem provável que nossas vidas sigam para lados diferentes depois dessa viagem temporal.

— Tá pronta? — ele pergunta, olhando para o chão e não para mim.

— Sim — respondo meio cansada. — Onde está a maleta?

— Não vamos usar uma maleta.

Fico prestes a perguntar, quando ele se vira de costas para não me ouvir. Ele faz uma preparação, como se começasse uma luta, mas então eu vejo luzes azuladas sair das mãos dele. Luzes. Azuladas. Nas mãos. Dele.

Eu estou vendo certo ou é efeito dos choques que levei? Estou alucinando?

— Cinco…? — tento formular uma pergunta, mas meu vocabulário é sucumbido pela surpresa.

— As maletas tem rastreadores. Lembra de Londres? Não quero que eles saibam para onde vou — Cinco explica. E sim, a Comissão sabe para qual ano a maleta viaja, é assim que eles descobrem quando a gente a perde. Mas Cinco não explicou que porra ele tá fazendo.

Bom, se ele é irmão de Viktor e Viktor tem poderes… Cinco tem poderes? Por que nunca me falou? O que exatamente ele consegue fazer?

Tenho muitas perguntas, porém tenho que deixá-las de lado pois, as mesmas luzes que haviam nas mãos dele, apareceram no ar. Uns dois metros do chão, no meio do nada. Estou vendo com clareza uma fenda no espaço-tempo, é impressionante. As luzes piscavam conforme Cinco apertava seus punhos, ficando cada vez mais fortes e assustadoras.

É muito parecido com o que eu vejo nas maletas, mas ele faz isso sozinho. E em grande escala.

Aos poucos, as luzes vão tomando formas e percebo que é um vórtex, como um portal para 2019. Consigo ver rostos distorcidos do outro lado, todos com curiosidade e aflição. De repente, um extintor de incêndio salta de dentro daquele vórtex e Cinco e eu desviamos do objeto. Por pouco ele não bateu na minha cabeça.

— Vamos entrar no 3! — Cinco grita para mim, por conta dos sons de trovão que não faço ideia de onde vieram.

Eu balanço a cabeça, apertando a alça da minha bolsa, e espero a contagem dele. 1, 2, e 3.

Ando até o vórtex e Cinco também, vejo ele esticar os braços para se adentrar ao portal e faço o mesmo. Eu sinto meus pés saírem do chão enquanto a ponta dos meus dedos formigam como nunca senti antes. Fico mais longe do chão, e o formigamento desce para os meus braços. Cada vez que sou mais inserida no portal, sinto mais as mudanças em meu corpo.

𝙼𝚎𝚗𝚝𝚒𝚛𝚊𝚜 𝚊̀  𝙿𝚊𝚛𝚝𝚎 - Cinco HargreevesWhere stories live. Discover now