𝙲𝙰𝙿𝙸́𝚃𝚄𝙻𝙾 26

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CAPÍTULO 26:
Indecisão?

⊰◎⊱

Fiquei horas no meu quarto provisório, gastando rolos métricos de lenços para secar minhas lágrimas.

Estou completamente sozinha.

É isso que acontece quando mentimos por um longo tempo para pessoas importantes das nossas vidas. Uma hora eu iria colher o que plantei.

Eu imaginava que seria muito difícil para Cinco aceitar, mas não imaginava que seria tanto. Ele já teve problemas de confiança uma vez e eu sou a pessoa que o traiu de novo? Não sei. O que sei é que nunca se deve mentir para ele.

Tudo o que mais queria era que Cinco magicamente esquecesse tudo o que eu fiz, e voltasse a ser aquele cara apaixonante no qual larguei minha vida toda para me juntar. Mas para Cinco é diferente. Ele desapaixonou de mim. E pela forma como age, acho que nunca terei uma segunda chance.

Eu gostaria de me afundar ainda mais no arrependimento ácido que sinto, porém não posso deixar minha vida rolar enquanto fico parada. Sou treinada a resolver problemas.

Sem contar que não vou suportar ficar na mesma casa em que o cara que eu gosto me ignora bruscamente, de vez em quando, soltando suspiros incomodados. Todas as vezes que nos encontramos nos corredores ou cozinha, ele me olha como se eu fosse um monstro.

Talvez eu seja e nunca percebi.

Nesses três dias que estou aqui, sei o caminho para o meu quarto e a saída. Já é o suficiente. Saio dessa mansão e vou atrás de algo que ocupe minha mente mais do que Cinco.

É meio impossível. Cinco ocupa toda a minha mente.

Eu vou a um bar, convertendo o "resolver problemas" em "encher a cara". Acho que preciso de um choque de realidade antes de lidar com esses conflitos. Fora que quero um tempo curtinho sem pensar em problemas.

Eu bebo tudo o que consigo nesse bar. Até gastar toda a parcela de dinheiro que trouxe no bolso. Até parecer uma alcoólatra sem futuro. Até ter vergonha de mim mesma por não conseguir ficar de pé.

Eu fraquejei. Errei no momento em que decidi colocar aquele álcool para dentro. Quando é que vou começar a tomar as decisões certas?

— Opa, opa, eu te levo pra casa — alguém me segura. É Klaus, se eu enxerguei certo. Eu encontrei ele aqui, e passamos horas bebendo, expondo relatos de nossas vidas fodidas.

Klaus não está tão bêbado quanto eu. Todas as vezes que o vi desde que cheguei na mansão, ele estava chapado. Acho que essa altura o álcool virou parte da sua dieta alimentar.

Depois que Klaus me levou para a mansão, tenho leves lembranças do que aconteceu. Alguns flashbacks. Eu lembrava de precisar me segurar nas paredes para não cair, porque tudo estava meio turvo e duplicado e girando. O que eu não consegui me lembrar, Klaus me fez o favor de contar.

Segundo ele, eu subi as escadas e fui até o quarto de Cinco. Bati várias vezes em sua porta e a abri depois de não ter resposta. Consigo me lembrar de ver Cinco se levantar da cama depressa, quase como se precisasse se defender da pessoa que sou.

Eu ainda enxergava esquisito. Eu via dois Cincos. Que paraíso. Andei até ele, cambaleando, ao ponto de ele precisar me segurar. Na hora eu não percebi, mas agora morro de vergonha.

— Eu não… Eu não queria me apaixonar por você, tá bom? — eu confesso, pois sinto uma vontade absurda de fazer isso. — Porque você era muito bonito e arrogante.

Ele fica calado. Isso me corta por dentro.

— Me desculpe… — começo a chorar, e nem eu mesma entendi minha pronúncia. Eu não aguento mais essa sombra que está dentro de mim e grita o vazio de Cinco.

Ele continua calado, imóvel.

— Mesmo se não ficar comigo, algum dia vai pelo menos me desculpar?

Ele tira os olhos de mim e encara o chão. Quieto.

— Eu não tenho mais nada — nunca ouvi minha voz desse jeito, tão sofrida. Eu sentia um milhão de emoções, e todas doíam.

Como as minhas lágrimas não paravam de cair, e mesmo bêbada eu tinha vergonha do que estava fazendo, eu quis urgentemente esconder o meu rosto. A opção mais rápida era deitar minha cabeça no peito de Cinco, que não estava tão longe porque acabou de me segurar.

Me lembro de sentir conforto, e gostaria de estar mais sóbria para me lembrar de outras sensações. Cinco ficou parado em todo o momento, e a essa altura, eu estava com medo de estar falando com uma estátua e não com meu ex namorado. Olhei para cima, senti seu perfume e o seu calor. Estátuas não têm isso.

Queria saber o que ele estava pensando e sentindo.

Totalmente impulsiva e controlada somente pela embriaguez, eu segurei o rosto de Cinco e aproximei minha boca de sua mandíbula. Lentamente fui movida a chegar em sua boca. Eu não podia beijá-lo, eu não me sentia no direito. Nós terminamos, né? Mas eu queria, e muito. Então eu não o beijei de fato, eu encostei nossas bocas por um tempo. Não pressionei. Eram apenas nossos lábios juntos.

Ele continuava parado.

Não consegui me controlar, e eu estava longe da sobriedade para usar o lado racional. Era uma enorme e vaga parte de mim ansiando pelo beijo dele. Eu me rendi a pressionar nossas bocas. Duas vezes. Mas eu beijei sozinha. Isso acabou ainda mais comigo. Eu, definitivamente, não tive o que esperava. Cinco deixou seus lábios completamente imóveis enquanto eu sentia uma vontade maior do que consigo controlar.

Eu me afasto. Mais devastada do que quando entrei.

Ele não me deu uma palavra desde que eu entrei em seu quarto. Às vezes, não dar uma resposta também é resposta.

— Vá embora, Elle. — Ele não disse rude, disse com gentileza e um pouco de sofrimento.

Magoada e envergonhada do que fiz, sai de seu quarto, onde além da embriaguez as lágrimas também atrapalhavam minha visão.

Senti meu estômago dar quinhentos nós pelo o que acabou de acontecer. Cinco não me impediu de beijá-lo, mas também não me beijou. Significa que está indeciso? No dia em que descobriu a verdade, ele dizia querer me encher de socos. Ele estava apenas nervoso e abalado com o recente descobrimento ou ainda acha isso?

Eu quero respostas.

Mas vou deixar elas para depois porque preciso segurar o meu cabelo e colocar para fora tudo o que bebi, direto no vaso. Termino e escovo meus dentes, sentindo dor de cabeça, dor no peito, dor em todos os lugares que eu podia.

Volto para o meu quarto e me jogo na cama. Klaus está aqui comigo e acabou dormindo no chão, completamente largado. Eu poderia chamá-lo para sair, mas meu estado é semelhante, então acabo apagando na cama.

⊰◎⊱

1.140 palavras

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capítulo curtinho só pra mostrar a depressão da Eleanor

e sem meme também pq é um momento delicado

beijinhos 💚

𝙼𝚎𝚗𝚝𝚒𝚛𝚊𝚜 𝚊̀  𝙿𝚊𝚛𝚝𝚎 - Cinco HargreevesDonde viven las historias. Descúbrelo ahora