𝙲𝙰𝙿𝙸́𝚃𝚄𝙻𝙾 52 - 𝙲𝚒𝚗𝚌𝚘

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CAPÍTULO 52

⊰◎⊱

Cinco

Meses depois.

Eleanor tira a minha camisa e eu tiro a dela. Me sento na cama e ela vem por cima de mim, com alguns beijos apaixonados. Eu estou apaixonado. Como posso não estar quando minha vida está melhor do que eu jamais poderia imaginar, preso no apocalipse.

— Eles devem estar chegando — Elle diz, sem fôlego, quando conseguiu uma brecha dos meus beijos.

— Eu sei.

Então continuamos, sem se importar. Porque agora, se for preciso, temos uma desculpa.

Louis é nossa desculpa.

A mão dela desliza pela minha nuca. Ela sabe o quanto isso me enfraquece. Com a outra, ela me empurra para deitar na cama.

— Nossa, que saudade — ela sussurra.

À medida que minha mão desce pela sua cintura, a boca dela desce pelo meu pescoço. Também sinto saudades de ter meu corpo queimando junto ao dela. Convenhamos que não tivemos tanto tempo para isso.

Seguro o rosto dela para voltar a beijar sua boca. Anseio tanto pelos seus lábios quanto na primeira vez, num hotel vagabundo há anos atrás.

Eleanor agora tem a idade que eu tinha, e para ser sincero, ela não mudou nada. Só está menos arrogante. E bem mais gata.

— A torta ainda está no forno? — pergunto baixo, pressionando minha boca em sua mandíbula. Não me importo com a resposta, mas temos que manter um certo diálogo para não avançar demais.

— Porra!

Eleanor sai de cima de mim tão rápido quanto subiu. Ela corre para a cozinha, ainda vestindo a camisa. Caminho lento e desapontado pelo corredor, e apoio meu ombro na parede, só para assistir ela retirar a torta do forno com luvas de cozinha.

— Tá salva.

— Ainda bem. Podemos voltar — adentro a cozinha. Assim que chego perto dela e seguro seu queixo para beijá-la, a campainha toca.

Deve ser algum tipo de conspiração, ou um evento fora da normalidade do espaço-tempo, onde toda vez que tenho um momento com minha esposa, algo interrompe. Vou investigar na Comissão.

— Deixa que eu atendo. Você ainda está sem roupa — Elle atravessa a sala para abrir a porta. — Por que você não trás ele enquanto seus irmãos entram?

— Sim, senhora.

A porta se abre e vou apressadamente para o quarto buscar minha camisa. Gosto de como vou estar ocupado com meu filho nos braços para não ter que abraçar ninguém.

Entro no quarto de Louis. Às vezes ainda tem cheiro de tinta, mas é só porque Eleanor me fez pintar as paredes de verde claro de última hora.

O bebê está dormindo, igual ele fez o mês inteiro, deve acordar só para comer. Não vejo a hora de ele ter altura suficiente para eu poder ensiná-lo a andar de bicicleta.

— E aí, moleque — dou uns toques leves na bochecha dele com o dedo, mas não acorda. Nem quando eu o chamei mais alto. — Pelo amor de Deus, não faz isso.

Tento segurá-lo pela barriga, mas eu nem sei como é que se faz isso. Seguro a cabeça dele, e é aí que ele começa a chorar. Talvez por eu tê-lo acordado de seu sono profundo, ou só porque não levo jeito.

Deito ele com a cabeça em meu ombro, balançando um pouco e dando tapinhas nas costas. Não sei se estou fazendo certo, mas estou fazendo igual a Elle.

𝙼𝚎𝚗𝚝𝚒𝚛𝚊𝚜 𝚊̀  𝙿𝚊𝚛𝚝𝚎 - Cinco HargreevesOnde histórias criam vida. Descubra agora